Farroupilha também produz cerveja

Cervejarias artesanais começam a conquistar espaço no mercado e no paladar farroupilhense. A Favorita é exemplo disso

Claudia Iembo
Especial

Os italianos e seus preciosos vinhos! Esta poderia ser outra bela história com estes protagonistas, já que estamos em uma região com fortes influências deste povo. Mas desta vez a ascendência e o produto, fruto do trabalho e do conhecimento, são outros: o polonês e suas surpreendentes cervejas! Flávio Boakosky, que tem se destacado como cervejeiro artesanal e suas cervejas agradado a paladares exigentes de quem aprecia a bebida.

Estudante de Engenharia Química, o microempresário, que começou misturando os ingredientes de suas receitas para consumo próprio, expandiu os negócios, com investimentos em equipamentos e informações. Em 26 de abril de 2014 deixamos de ser paneleiros e abrimos a Cervejaria Favorita, comenta Flávio referindo-se ao utensílio usado inicialmente para a fabricação de cerveja.

Das panelas para os equipamentos profissionais e do curso de iniciantes para o avançado em Tecnologia Cervejeira.

Segundo Flávio, todo o interesse nasceu depois de uma viagem a trabalho para a Alemanha, pela empresa de processos químicos da qual faz parte do quadro de funcionários na área comercial. Foi lá que me encantei pela cerveja! Voltei e vi que era possível crescer neste mercado, conta, voltando a 2010.

Em 2012, outra viagem a trabalho aos Estados Unidos foi crucial para suas decisões de ingresso no mundo da cerveja artesanal. Nos Estados Unidos a cerveja artesanal é forte e existe uma valorização à inovação nas receitas, ou seja, há apelo da harmonização, acréscimo de especiarias, enfim, são cervejas mais incrementadas que as alemãs, que prezam pela tradição da pureza. Fiquei fascinado e criei a minha primeira cerveja Weiss, explica.

Flávio ressalta que existem vários tipos de cerveja, de acordo com a quantidade de ingredientes que as receitas levam. Os comercializados pela Favorita são: Pilsen, Weiss, Stout e APA (American Pale Ale). Os campeões de vendas são as Pilsen e Weiss. Vale mencionar que o nosso chopp consegue ser mais competitivo que o industrial, com grande mercado inclusive no inverno, quando as grandes cervejarias não mantém suas produções e nos fazem ganhar espaço, diz.

As diferenças entre a bebida artesanal e a industrial, segundo Flávio, são grandes, mas é uma questão de paladar, já que as primeiras são produzidas com puro malte, sem demais adições como as industriais. O público da artesanal tem se criado. O paladar vai sofrendo alterações e o gosto das pessoas também, analisa dizendo que não lembra quanto tempo faz que não toma uma cerveja industrial.

Flávio demonstra realização nesta carreira escolhida por ele. Diz estar cercado de pessoas com interesses em comum e não encontra empecilhos para alimentar sua natureza colaboradora neste universo da cerveja artesanal. Cervejeiros não são concorrentes um do outro, são parceiros! Veja que o mercado artesanal representa 0,5% do mercado brasileiro e há cinco anos este índice era o mesmo, sendo que o consumo per capita da bebida aumenta sempre. Em Farroupilha existem quatro cervejarias como a Favorita, nos mesmos padrões documentais, revela.

Produzir cerveja não é algo simples. Conforme as explicações, é um processo com etapas que necessitam ser obedecidas e detalhes a serem respeitados para que tudo esteja de acordo com a legislação. A Favorita possui uma estação de tratamento para os resíduos orgânicos e o bagaço que sobra depois da produção é destinado a um criador de vaca leiteira.

Na história recente da cervejaria de Flávio há dificuldades e conquistas. Hoje a Favorita possui 20 chopeiras para aluguel, além dos barris com a bebida. Quem quiser experimentar uma garrafa da marca pode ir até o local, no bairro Medianeira, que será atendido pelo próprio Flávio ou por alguém da família, já que o pai Tadeu e o primo Rudinei também são cervejeiros por lá.

Em 10 galpões das comemorações do 20 de setembro será servido o chopp da Favorita, que também pode ser degustado nos clientes-parceiros da marca: Choperia Arenhardt e O Casarão, além da Veterana (Bier Truck), em Porto Alegre.

Aos 35 anos, Flávio Boakosky sabe que é um formador de opinião no universo em que atua. Casado há 18 anos com Dejanira, é pai de Flávia, 16 anos e Gustavo, cinco. Vive uma vida repleta de afazeres e diz que prefere assim. Eu faço o que gosto, gosto de cerveja. Sou um apreciador e por isso pretendo ser um empreendedor no ramo das cervejas artesanais, declara.

Não está longe disso. Breve sua empresa vai lançar um equipamento que será a novidade em se tratando de chopp na região e em outubro participará da Primeira Mostra de Cervejas Artesanais em Farroupilha, na Casa de Cultura.