Fernanda Bortoluzzi – O sonho se concretizou

Engravidar era um grande sonho e após muitas tentativas frustradas, Fernanda Bortoluzzi optou pela fertilização in vitro e conseguiu engravidar do Miguel. A psicóloga, ao lado do marido, administra uma atribulada agenda sem rede de apoio

Engravidar era um grande sonho e após muitas tentativas frustradas, Fernanda Bortoluzzi optou pela fertilização in vitro e conseguiu engravidar do Miguel. A psicóloga, ao lado do marido, administra uma atribulada agenda sem rede de apoio

Como é a tua rotina?
Minha rotina de trabalho é bem variável, divido meu tempo entre consultorias, na região, e clínica.  Pego o Miguel na escola e brincamos, jantamos, tomamos banho e dormimos cedo. Aos fins de semana fizemos programas em família, coisas prazerosas, viajamos, curtimos um ao outro. Descansamos, vemos os amigos e a família.

Há quanto tempo vocês estavam tentando engravidar e como foi descobrir que não seria tão fácil gerar um bebê? Quais foram os maiores desafios desta fase? 
Em 2012 iniciamos as tentativas, mas nunca imaginei que poderia ser tão complicado. Nunca havia pensando em ter um filho antes dos 30 anos. Só depois que despertou o desejo muito forte em mim. Juntamente com todas as investigações veio o processo terapêutico, o maior desafio. Iniciei a fazer análise com utilização de técnicas que hoje busquei me especializar para auxiliar outros casais neste processo. 

Qual foi a tua reação quando soubestes que estava grávida? 
Minha mãe não conseguia acessar o resultado no computador e eu não queria ajudá-la, tinha muito medo de ver mais um resultado negativo. Minha médica ligou e disse: “Parabéns, mamãe”. Chorei muito, meus pais e meu marido me abraçaram e choraram comigo. Foi o momento mais feliz da minha vida.

Qual foi a maior lição de tudo isso que vocês passaram antes de conseguir o positivo?
Tudo acontece por uma razão ou emoção. Eu utilizei técnicas como desenhar meu corpo, meu útero, pois fiz várias cirurgias até que pudesse implantar realmente o embrião. Mesmo depois dos embriões estarem prontos tive que esperar…a espera foi longa. Depois que o Miguel chegou às nossas vidas, vendo ele correndo de um lado ao outro, eu entendi que eu podia tudo! E hoje eu me sinto empoderada. 

Como é ser mãe sem rede de apoio? 
Até um ano e quatro meses Miguel ficava comigo. Eu contava com uma babá esporadicamente desde os quatro meses dele, quando comecei a dar umas saidinhas para atender na clínica ou dar uma disciplina na universidade. Mas ficava poucas horas longe. O André, pai do Miguel, foi fazer uma residência médica em Porto Alegre na gestação e terminou quando Miguel estava com quase dois anos, então passei muito tempo sozinha. Quando queria ver minha família, viajávamos só nós dois para Santa Maria ou para a praia. Pra mim era uma rotina normal, o que percebo que muitas mães temem. Não sei como é ser mãe com rede de apoio. Fui construindo minha prática. Hoje tenho um apoio maior do meu marido, que tem mais disponibilidade com o pequeno.

Por que as mães sentem tanta culpa em relação aos filhos?
A culpa vem pelo desejo e o desejo gera ansiedade. O desejo de estar junto. O desejo de estar presente o tempo todo. Assim somos nós, mães. Sinto-me muito culpada, pois antes do Miguel eu tinha mais horas disponíveis do que tenho hoje. Vou tentando lidar com isso. O que tento fazer e o que digo aos meus pacientes é viver o momento presente. Quando olho pra ele, eu penso “como sou feliz”, pois o tenho e tenho meu trabalho, tudo o que eu queria! E nesta lógica vou buscando um equilíbrio para que me sinta bem com o que tenho de tempo disponível para ele. É o dilema da mulher moderna, quer trabalhar e levar a cria debaixo do braço. Mas são escolhas, como diz minha terapeuta, “ainda somos muito primitivos”. O que fazemos é apenas sobreviver…