O Bonitão de casa nova
Depois de 34 anos no mesmo local, o Kikão vai mudar de endereço. A simpatia do proprietário e a qualidade na receita dos sanduíches estão garantidas na casa nova. Aproveitando
a ocasião, conversamos mais com Oscar Bernardi, o Bonitão

Impossível ser de Farroupilha e não consumir um lanche do Kikão, vez ou outra. Quem acredita que um sanduíche de uma rede de fast food é imbatível na arte de dar água na boca, é porque não experimentou o Xis do local que há 34 anos é administrado por Oscar Bernardi, o Placa ou o Bonitão, como é chamado!
Continua o comando, muda o endereço, conforme divulgado pelo Jornal O Farroupilha na semana passada. Novo espaço na Rua José Dalla Riva, maior e com novidades no cardápio.
Já faz um ano que soube que teria que sair do ponto que estou há mais de 30 anos. Era alugado, tive que entregar. Coração apertado sim, mas também cheio de expectativas pela mudança! Agora vou poder oferecer porções também, mas o xis será o mesmo, com os hambúrgueres sendo temperados e feitos por mim, explica o sorridente Oscar.
Oscar poucos conhecem. Bonitão, apelido mais recente, nasceu da campanha de Marketing sugerida por ele próprio. Sempre teve movimento no Kikão e uma vez havia gente esperando para comer naquela bagunça de cadeira, de mesa e eu falei: não se preocupem que o Bonitão aqui vai dar um jeito. Daí para as propagandas foi rápido e o apelido pegou, embora o pessoal mais antigo me chame de Placa, conta.
Placa é o apelido que nasceu nos anos 70, época em que ele ia com os amigos ao Baile dos Magrinhos, de ônibus. Eu gostava de ficar em pé dentro do ônibus, olhando as placas para ver onde estávamos e aí, os amigos falavam que não dava para ver nada comigo atrapalhando a visão deles, era a placa no meio. Ficou!, diz.
Dono de uma simpatia cativante, o Placa ou Bonitão, acostumou-se à rotina da sua casa Kikão, adquirida com a rescisão de seu trabalho em uma empresa local. Mas antes disso, a aventura falava mais alto dentro dele.
Mochila nas costas e destemido aos 20 e poucos anos, saiu de Farroupilha rumo à Argentina, na copa de 1978. Foi parar em São Paulo, onde trabalhou de borracheiro e garçom em restaurante de beira de estrada. Fui com um amigo, o Anélio, Alemão, de carona porque naquele tempo dava para pedir carona. De São Paulo fomos para Poços de Caldas e depois para Brasília. Trabalhava como passador de carnes, nos restaurantes e depois de um ano e meio, voltei para Farroupilha, relembra o Bonitão.
Voltou, trabalhou em empresa até sair para seu próprio negócio. Em 1982 comprou uma parte do Kikão, junto a um sócio. Gerações passaram pelo Kikão! Eu frequentava o trailer antes de ser dono, menciona.
O sócio ficou por 10 anos e saiu. Hoje, a sociedade é com o filho Maurício, 21 anos. Eles contam ainda com mais seis funcionários.
Apreciadores
A família de Oscar: a esposa Neusa, as filhas Letícia e Alexandra e a neta Isabela consomem regularmente os sanduíches que ele prepara. Ele mesmo diz que pelo menos uma vez por semana, come o seu. Hoje são vendidos, segundo ele, 150 xis por dia, mas já chegou a 240!
O farroupilhense de quase 60 anos construiu seu patrimônio e sua família com o trabalho do Kikão. O filho Maurício já está no negócio, o que lhe rende tranquilidade, mas ele não pensa em parar. Fiz boas amizades com este trabalho. Já quiseram me arrastar para a política, mas não dá para misturar as coisas! Agora estou ansioso para a nossa fase, afirma.
Este é o último final de semana de funcionamento no endereço que está. A partir do dia 12 é na casa nova, adquirida desta vez. No domingo vamos fazer uma despedida do local, antecipa.
O amigo com o qual viajou para Brasília ainda está por lá. A amizade se mantém e Oscar sabe que se não tivesse voltado a Farroupilha no início dos anos 80 com certeza não seria o Bonitão que é hoje. Ah, isso com certeza!, diz, sorrindo e revelando um pouco da timidez pelo tom vermelho da pele com a brincadeira.
Muda o endereço, mas o sanduíche que o consagrou, não. Certamente a cidade vai conferir!