Ricardo Felício: “Aquecimento global é uma fraude”
É o que afirma o professor Ricardo Augusto Felício, que destaca ainda “não são os fenômenos que têm aumentado, mas sim a nossa capacidade de detectá-los”
Entrevista: Renato Dalzochio Jr.
Jornal O Farroupilha – Qual é a sua formação e há quanto tempo você estuda o clima?
Ricardo Augusto Felício – Minha formação é em Meteorologia, pela USP. Mestrado em Meteorologia Antártica e Satélites, INPE e Doutorado em Climatologia Antártica, pela Geografia, USP. Se for contar desde a graduação, 26 anos. Se for contar trabalho e estudos sistemáticos, por volta de 20 anos.
JF – Na imprensa, sempre que o assunto aquecimento global vem à tona, veicula-se aquelas imagens das calotas polares derretendo e as pessoas ficam desesperadas. Como avalia isso?
Felício – Ao meu ver, as imagens da TV dos desmoronamentos das frentes de geleiras são as mesmas há pelo menos uns 15 anos. Há uma enorme confusão realizada nesta difusão. Por exemplo, tsunamis são fenômenos geológicos, atrelados a terremotos submarinos, maremotos, não são fenômenos climáticos. Quanto às calotas polares, temos uma enorme diferença entre os hemisférios da Terra. A Antártida tem cerca de 14 milhões de quilômetros quadrados (uma vez e meia a área do Brasil), com a sua ampla maioria composta de geleiras continentais. Durante o inverno, o mar ainda entra no cômputo, pois congela, chegando a cerca de 22 milhões de quilômetros quadrados. As plataformas de Ross, Amundsen, Bellingshausen, dificilmente descongelam. Quanto ao Ártico, a banquisa é de mar congelado. Esta banquisa passa por diversos fatores que podem influenciar a sua estabilidade, aumento, diminuição, entre eles, a sazonalidade, correntes oceânicas, sistemas de alta pressão, com maior quantidade de insolação no verão, marés, ciclos decadais e multivariados dos oceanos ao seu redor, ciclo nodal da Lua, etc. Já para a Groenlândia, que é uma mini-Antártida, a situação é mais estável, tendo variações sazonais e de ciclos maiores, precisamente mais na parte ao Sul e costeira, não descartando algum degelo sazonal de verão por outras áreas costeiras também, informação essa sabida há muito tempo.
JF – Você fala muito das diferenças entre fenômenos locais e fenômenos globais e as pessoas tomam muitas vezes como globais certos fenômenos que são locais, como a temperatura por exemplo. Até que ponto certas coisas acerca do assunto são verdadeiras?
Felício – Isto gera uma ampla discussão. Há fenômenos atmosféricos de todas as escalas. Fenômenos locais não podem ser interpretados e projetados como tendo o mesmo padrão para todas as áreas do globo. Os alarmistas gostam de profetizar todos os tipos de fenômenos, que de fato já ocorrem naturalmente, portanto, não estão acertando sobre isto. A única coisa que tem mudado é o nosso melhor monitoramento sobre estes fenômenos. Hoje temos mais instrumentos e comunicação mais rápida das informações. Ao mesmo tempo, temos mais testemunhas oculares com equipamentos de registro. Então, não são os fenômenos que têm aumentado, mas sim a nossa capacidade de detectá-los. Quanto ao quesito temperatura do ar, diga-se de passagem, é o pior parâmetro do clima para ser usado. Ela representa o estado final de todos os processos termodinâmicos e sua variabilidade, adicionada das interferências ambientais, vão torná-la ainda mais questionável.
JF – Em entrevistas você parece ser a única voz neste debate público a desmentir teses e hipóteses sobre o aquecimento global…
Felício – Na verdade, existem vários cientistas aqui no Brasil. Molion, Conti, Suguio, Onça, Castro, dos Santos, de Biase, Baptista, Parente, Santos Filho, só para citar alguns, além dos saudosos, Ab'Saber e Azevedo. Todos são categóricos em dizer que aquecimento global, ou seja lá de que forma denominem a tal mudança climática, é causada por efeitos naturais, fazendo parte do ciclo natural do planeta. Os geólogos, em geral, são mais críticos desses cenários alarmistas, porque estão acostumados a avaliar a dinâmica das mudanças geofísicas em escala de milhares e milhões de anos, inclusive as oscilações do clima. Sim, há um cerceamento na divulgação da verdade, porque há interesses de uma agenda internacional sobre o tema. Só assim, uma hipótese que não se corrobora em uma tese, porque não tem evidências físicas que a sustentem, pode sobreviver por tanto tempo no mundo científico. Os alardes pelo mundo estão aí para todos verem. Só em 2008 e em 2010, o Minority Report do Senado Estadunidense coletou os depoimentos dos cientistas que disseram adeus ao IPCC e a defesa de seus interesses. Dissidências semelhantes são observadas no Reino Unido, Japão, Austrália, Rússia. A informação é pública, pode-se consultar.
JF – Hoje em dia fala-se muito em mudanças climáticas num tom alarmante. Qual sua opinião sobre isso?
Felício – Faço a resposta com as palavras do Dr. Edward Lorenz, considerado Pai da Meteorologia moderna, que afirma que, note bem, a definição mais básica de clima deve ser entendida como algo essencialmente dinâmico, desta forma, seria impossível falar em mudanças climáticas, pois a mudança estaria implícita na própria ideia de clima.
JF – Para os defensores da tese de aquecimento global o gás carbônico é um grande vilão. Já você é defensor do gás carbônico. Por quê?
Felício – Como se sabe, o dióxido de carbono (gás carbônico) é o gás da vida. Sem ele, não haveria vida na Terra como a conhecemos. Achar que ele é um poluente é o maior absurdo já visto. Quem combate esse gás, combate a vida. Para o clima, ele não tem influência alguma. Nunca condicionou o clima do passado, não faz isto hoje e não fará no futuro. Em todas as escalas, da geológica à de anos, não se verifica esse gás controlando absolutamente nada. No tempo recente, o que se observou é que as temperaturas sobem primeiro e o dióxido de carbono vai atrás, e não ao contrário. Ademais, se essas medições da elevação de sua concentração na atmosfera nas últimas décadas estiverem corretas, isto foi benéfico, pois os mesmos satélites ambientais têm mostrado o esverdeamento do planeta, ou seja, a vegetação tem crescido. Isto é ótimo, pois o dióxido de carbono serve como fertilizante para as plantas. Na verdade, estamos em uma das concentrações desse gás mais baixas da história do planeta, em torno de 400 partes por milhão (ppm). Espero muito que ela ainda suba para 500 ppm. As plantas e a produção agrícola agradecem.
JF – Quem são hoje os maiores defensores do aquecimento global?
Felício – A questão do aquecimento global ou das mudanças climáticas é completamente geopolítica. Para aqueles que ainda acham que isto é teoria da conspiração, nunca leram nada dos documentos da ONU, das reuniões Rio-92 e por aí vai. O presidente Trump colocou as cartas na mesa e deixou bem claro quais são estas posições geopolíticas, terminando o status conspiratório que rondava o discurso dos cientistas que questionam as medidas impostas goela abaixo dos países. Painéis político-científicos estão a dominar todas as discussões internacionais, em todas as esferas. São pessoas que querem decidir todo o futuro da humanidade, países, recursos naturais, políticas públicas. Chamam-se a si mesmos de defensores do planeta e a conversa vai passando tranquilamente. As pessoas não estão percebendo que estão a perder seus direitos civis, que terão que pagar mais impostos e preços mais altos por tudo, além do que serão submetidas a cada vez maiores procedimentos de controle. Só lembrando que a ONU não promove o debate, ela promove as suas ações, previamente decididas.
JF – Sobre a declaração do presidente Michel Temer ao assinar o decreto que regulamenta o Acordo de Paris sobre a mudança do clima: Planeta tem um só e não haverá segunda chance. Por isso o esforço para protegê-lo deve ser global. Assumimos metas ambiciosas e vamos cumpri-las. Estaremos à altura da responsabilidade que assumimos diante do acordo. O que se pode comentar?
Felício – Ele, assim como os outros presidentes que o antecederam, só cumprem a agenda determinada de fora para dentro. Nós nos orgulhamos de bater no peito como os protagonistas desta história. Um país arrasado, com péssimas condições de saúde, educação, transporte e por aí vai, quer gastar fábulas com medidas inócuas para combater as mudanças climáticas. O discurso de um só planeta já é velho conhecido. A pergunta que fica é até quando, um país vasto e extremamente rico como o Brasil vai querer teimar em ser pobre?
JF – O que você acha da ampliação de reservas ambientais no Brasil?
Felício – Eu acho que já está demais. Se somarmos todas essas áreas, teremos já quase um terço do Brasil congelado, já que áreas de conservação ficam para depois, as de preservação, o depois é mais longe, ainda temos terras indígenas e quilombolas. É muita coisa. Creio que todas as áreas deveriam ser ocupadas, claro, pode ser um contingente menor de pessoas, como vilas, pequenas cidades, mas deixar tudo vazio, não! Se não tem dono, se não tem a presença do Estado, fica mais fácil, em um hipotético cenário de infiltração de forças estrangeiras, de qualquer espécie, estabelecerem-se. Ademais, essas áreas são protegidas com que propósito especificamente? Plantinhas e bichos? Por que não divulgam o cruzamento de tais áreas com as áreas mapeadas das diversas riquezas do Brasil?
JF – Em suas entrevistas você também “desmente” o efeito estufa.
Felício – Eles confundem o efeito da casa de vidro, estufa de plantas, com os efeitos na atmosfera, mas particularmente eles querem atribuir ao dióxido de carbono um efeito semelhante ao vidro da estufa. Todas as comparações estão erradas. Na casa de vidro, o que não sai é o ar quente que ficou aprisionado, principalmente na parte mais elevada. Se o agricultor não ligar os ventiladores dentro da estufa durante uma noite fria e sem nuvens de inverno, terá geada dentro da estrutura. Na atmosfera, o dióxido de carbono só interceptaria radiação infravermelha muito fria. Em outras faixas, ele não faz absolutamente nada, oscilando entre as moléculas, caso consiga interceptar alguma radiação infravermelha. Se ele conseguir fazer isto, a energia terá que ser emitida isotropicamente, em um nível energético menor e o último alvo que ele deverá acertar será a superfície da Terra. Além disto, o processo ocorre na velocidade da luz, impossibilitando a eficiência do mesmo. Portanto, só por algum ponto de singularidade do mundo da Física, algo mais frio conseguirá esquentar algo mais quente.
JF – Você fala muito dos oceanos como os mandantes do clima na terra…
Felício – Sim, no sistema interno, os oceanos entram como os principais agentes de controle do clima terrestre. Além da atuação regional dos mesmos sobre diversas áreas do planeta, inclusive as continentais, no âmbito planetário, se seu balanço for mais frio ou quente, teremos reflexos no clima, ciclo hidrológico e vegetação.
JF – Você diz também que se acabasse a floresta amazônica depois nasceria tudo de novo…
Felício – A floresta não acaba. Os ciclos de recuperação da vegetação tropical são muito acelerados, de maneira que passados alguns anos, a vegetação vai tomando aspecto secundário e sucessivamente, cresce ao ponto original. O monitoramento da vegetação no Brasil não leva em conta esse fator, dando a ideia que ela só tem um fluxo, de extinguir-se. Para esse ponto, vale um comentário sobre tais taxas, dado o volume da vegetação. Se fosse nesta proporção, a floresta ainda duraria mais de 500 anos. Se em 50 estas áreas já estariam bem recuperadas, verifica-se que há alguma incoerência. Em suma, para a natureza, basta dar tempo. Ademais, nossos sistemas produtivos têm visão estratégica. Não é capitalismo do século XIX.
JF – Chove porque existem florestas ou existem florestas porque chove?
Felício – As florestas são conhecidas por rainforest, portanto, elas se localizam nas áreas do planeta onde a quantidade de precipitação é abundante, desta forma, existem florestas porque chove e não chove porque existem florestas. A umidade que a floresta fornece é de uma a duas ordens de grandeza menores que a umidade da circulação atmosférica nestas localizações geográficas. Nestes termos, se toda a floresta amazônica fosse transplantada para o deserto do Saara, por um passe de mágica, ela simplesmente morreria!
JF – Ao defender o seu ponto de vista você é rotulado como alguém que não gosta do meio-ambiente, que não se preocupa com a natureza. Como você se sente ao ser demonizado pela corrente dominante deste assunto?
Felício – Adoram imputar-me crimes, porque falo com propriedade científica os fatos recorrentes. Ninguém está legitimando derrubada indiscriminada da floresta. Aliás, mesmo que fosse, pergunta-se onde se colocaria tanta madeira? Essas afirmações fazem parte de uma turma que tem a missão de difundir o caos e esconder os fatos, sempre fazendo acusações levianas ao meu respeito.
JF – Qual é a importância de incluir educação ambiental nos currículos escolares? Você acha válida essa ideia de incutir na cabeça das crianças consciência verde e desenvolvimento sustentável?
Felício – Ao meu ver, ela difunde muito mais ideologias, apoiadas pela ONU, do que Ecologia. Em lugar de ocupar o espaço de disciplinas como Português, Matemática, Física, Química, Biologia, essenciais a uma boa formação, os conceitos úteis de Ecologia e cuidados ambientais podem perfeitamente ser inseridos nas ementas curriculares de Ciências e Geografia. Povo que usa a razão, inteligência, sabedoria, de quebra, já resolve as condições do ambiente em que está inserido. Assim, como foi o caso outro dia, passando na porta de uma sala de aula, ouvi aquele discurso Nós temos outro planeta Terra? E as crianças… Não. Então, da criança do primário até o gabinete da Presidência, o discurso é o mesmo da ideologia da ONU. Enquanto pensarmos assim, sem racionalizar o mundo em que vivemos, não pensarmos o nosso país como uma grande nação e deixarmos de buscar a verdade, por gentileza, pare a Terra que eu quero descer, ou, como diria o Leão da Montanha, saída pela direita.