Um olhar atento sobre a Hotelaria e Gastronomia da nossa região

João Antônio Leidens, um dos proprietários do Baita-Kão e presidente do SEGH, mostra que é bom de papo,
falando mais sobre si mesmo e sobre o momento de mudanças pelo qual passa o sindicato que representa

Claudia Iembo
Especial

O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS) modificou sua identidade e tornou-se Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (SEGH). Mais simples, mais direto. Reflexo dos princípios nos quais a entidade acredita para continuar a proximidade com os associados. Reflexo da personalidade do homem que está na presidência do sindicato, em sua segunda gestão: João Antônio Leidens.

Natural de Sarandi, Leidens chegou a Caxias do Sul aos 17 anos para trabalhar em uma grande empresa, como conta. Entrou no Baita-Kão, na época um trailer de cachorro-quente, e encantado com o lugar, pediu emprego. Está até hoje. Como eu vinha do interior, não estava acostumado a lugares como aquele: bonito, repleto de gente contente, que parecia não ter problemas, e fiquei muito impressionado! Consegui o emprego, dois anos depois estava na gerência e fui traçando uma trajetória até que me tornei sócio do Ivo Posser. Isso faz 37 anos, explica.

A gastronomia entrou em seu sangue. Pegou gosto pelo ofício, pelo setor e acabou participando das reuniões que o sindicato promovia. Das reuniões para o Conselho Fiscal, fui tesoureiro e cheguei à presidência. Não foi algo planejado, mas confesso que sou muito grato com a vida por ter oferecido oportunidades dentro deste setor porque entendo que é uma forma de retribuir, de fazer pelos outros o que fizeram por mim, analisa.

Leidens é comunicativo, atencioso, cordial. Conversamos em uma famosa confeitaria da nossa cidade e não pude deixar de notar a atenção dele ao local, às pessoas, aos detalhes que proporcionavam os requisitos necessários para que o ambiente fosse agradável. Olhar de empresário, de entidade atenta. Olhar que mudou apenas pela curiosidade de algo estacionado do lado de fora, uma moto, cujo nome não guardei porque estava diante de algo inusitado sobre ele: a paixão por motos.

Tenho uma Suzuki V-Strom e costumo viajar com ela. Gosto muito disso. Quanto mais ando de moto, mais quero andar. Sou um motociclista de viagens e sempre que posso planejo os destinos, confessa o admirador da Cordilheira dos Andes, que comprou sua primeira moto aos 20 anos.

Leidens é casado com Dilema e tem dois filhos engenheiros: Nataly, 29 anos, engenheira química e João Felipe, 25 anos, engenheiro de computação. Os filhos estão fora de casa e a esposa não gosta de andar de moto, então, ele viaja em sua Suzuki sozinho, em momentos exclusivos seus. A próxima viagem será para Iquique, na divisa com o Peru.

Das viagens que faz traz aquilo que aprecia e incrementa o Baita-Kão de Caxias. Divide seu tempo desta forma: entre a família, seu estabelecimento, as atividades do Sindicato, suas viagens de moto e também para pescaria, outra paixão. Há três semanas voltou de uma pescaria em Manaus.

Começou vendendo cachorro-quente e tornou-se um empresário respeitado. A experiência adquirida, com seu negócio e com o sindicato, no qual está há 20 anos, rendeu-lhe uma visão ampliada sobre o setor. Acredito que dentro do nosso segmento, os setores precisam acompanhar as tendências do mercado, buscando constantemente as inovações capazes de atrair as pessoas. Veja, por exemplo, a oportunidade a ser explorada em Farroupilha com o turismo religioso! Se as pessoas vão a Santiago de Compostela para rezar, podem vir a Farroupilha também, brinca, fazendo uma interessante comparação.

Sobre o turismo e gastronomia, Leidens também traçou outra análise. Antes as pessoas viajavam mais de ônibus e ficavam mais tempo nos lugares, o que gerava mais lucro para os hotéis e restaurantes. Hoje, o cidadão vem de manhã e volta no final do dia. Então, é preciso sair de trás do balcão e buscar os atrativos! Há crise sim, mas nosso setor registra índices positivos, pois as famílias gastam cerca de 30% dos rendimentos com alimentação fora de casa, além disso, as redes sociais trouxeram dinheiro para os restaurantes. Gasta-se mais fora de casa e este é o nosso objetivo, sintetiza o presidente do SEGH.

Daquele jovem que saiu de Sarandi ao empresário de hoje, um logo caminho de aprendizados, que divide com os demais. Nem tudo é dinheiro! Para ser um bom negociador é preciso construir boas relações e isso eu também aprendi como presidente do sindicato, afinal, somos uma entidade empresarial que abrange 20 municípios e representamos 1,8 mil estabelecimentos! Somos muito atuantes porque trabalhamos para o bem de todo o setor, afirma Leidens.

Apenas como complemento de informação, o SEGH engloba 133 estabelecimentos de hospedagem, 1.645 de gastronomia e 98 de lazer! A política do negócio conheci sendo presidente, incrementa.

O filho da dona Carolina, que aos 86 anos ainda mora em Sarandi, recebe a visita do filho vez ou outra. João Antônio foi o único homem em meio às cinco irmãs. Perdeu o pai, funileiro, quando tinha oito anos. Chegou a Caxias do Sul procurando um trabalho e encontrou muito mais que isso: encontrou sua verdadeira vocação. Nada é por acaso.