Uma educadora diferente

Claudia Maggioni conquistou seu lugar em Farroupilha por fornecer um modelo educacional único na região, o método Montessori. A diretora da escola Dei Bambini explica mais sobre ele e fala sobre si mesma. Com a história de vida da psicóloga, parabenizamos os profissionais da categoria pelo Dia 27!

Claudia Iembo
Especial

Há pessoas que conseguem passar por grandes mudanças simultaneamente. Talvez venham com um chip de fábrica que as diferencia das demais e lhes confere uma capacidade de realização maior. A psicóloga e diretora da escola Dei Bambini é uma delas. Claudia Bassanesi Maggioni.

Uma das vezes em que foi testada pela vida para a prática da capacidade de enfrentar diferentes acontecimentos ao mesmo tempo, foi em 2007, quando o marido, o juiz Mário Maggioni foi transferido para o Fórum da cidade.

Moravam em Capão da Canoa, onde os filhos Juliana e Murilo já estudavam em escola Montessoriana (inspirada no método pedagógico criado por Maria Montessori). Chegou a Farroupilha e logo procurou uma escola para eles. Quando a gente conhece outro método, olha para uma escola tradicional e não gosta do que vê. Como eu já tinha trabalhado como professora na educação infantil, montei minha própria escola. Foi tudo ao mesmo tempo, recorda-se.

A Dei Bambini abriu as portas em 2008 com apenas sete alunos. Uma escola Montessoriana é como um supermercado para um adulto: está tudo exposto, ao alcance das mãos porque a autoeducação é o princípio. A criança escolhe o material que vai trabalhar e o professor é um observador, que não interfere na vontade dela. Este é o grande diferencial. Eu acredito nele e desde então venho plantando sementes, analisa a diretora pedagógica e administrativa.

Sementes que têm evoluído. No começo do mês a mudança para uma casa maior e a abertura do turno integral para as crianças. Quatorze funcionários e aproximadamente 70 alunos. A reforma do endereço no qual a escola está hoje aconteceu junto ao nascimento da terceira filha, Mariana. Sou muito criança por dentro, gosto de brincar, de me divertir. Acho que é por isso que consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo enxerga Claudia.

Com tantos afazeres, a Psicologia perdeu espaço na vida da profissional. Abri mão do consultório depois do nascimento da Mariana, que já vai fazer um aninho. Preferi me focar na escola, onde acredito que ajudo mais, defende.

Está sempre pela Dei Bambini, menos às terças-feiras quando participa de reuniões como representante das escolas particulares no Conselho de Educação Infantil. A atenção de Claudia está na Dei Bambini. Sou muito metida com a família dos alunos, conheço o dindo, a avó, o tio, a tia… Gosto disso, de uma instituição aberta. Quem quiser pode visitar, afinal a escola não é minha, é dos alunos e não há nada que não possa ser visto, enfatiza, com naturalidade.

Com o crescimento da escola, as expectativas também mudam de grau. Ela diz que busca o reconhecimento para o método de ensino que abraçou porque as pessoas sabem pouco sobre ele. Não quero trabalhar com um número grande de crianças porque esta característica de proximidade com as famílias não pode ser perdida, acredita.

Crianças fazem parte do universo da psicóloga, dentro e fora de casa. Como o marido Mário é juiz especializado na vara infantil, ela os define como um casal muito envolvido com as questões da infância. Trocamos muitas experiências. Dou opiniões como psicóloga no trabalho dele e estamos sempre conversando. Somos parceiros e ele é um pai muito presente, revela.

Infância dela

Claudia foi direta nas repostas, sem deixar de prestar atenção ao que acontecia ao seu redor. Quando, no meio da conversa, notou que sua presença era necessária em outra sala, me chamou. Vem comigo, vamos ver o que aconteceu, assim você já conhece as dependências. Deixa a pessoa à vontade. Foi assim comigo, deve ser assim com os pais dos seus alunos.

Aos 39 anos tornou-se alguém de quem gosta. Diz que lá na infância, não imaginava que conseguiria o que conseguiu. Eu e o Mário viemos de famílias humildes. Minha mãe era doméstica e trabalhou muito para cuidar de mim e do meu irmão Danilo. A gente se virava. Eu comecei a trabalhar aos 15 anos em uma escolinha porque ela não tinha como pagar minhas despesas. A gente andava de ônibus lá em Caxias, onde nasci e cresci. Os tempos eram outros e eu lembro que iogurte na minha casa era uma vez por mês e ainda tínhamos que comer aos poucos para durar mais, recorda-se, sem vergonha de contar as dificuldades que enfrentou.

A mãe Aldila ainda mora em Caxias do Sul e Claudia a visita aos sábados porque aos domingos, o almoço é sagrado com a família do marido. Ele tem seis irmãos, que têm filhos, então são 26 pessoas para almoçar na casa da nona, todo domingo, diverte-se.

Quando não está em família, está em compromissos sociais ao lado do esposo. Estamos sempre circulando e as pessoas reparam muito em nós, mas esta exposição não nos incomoda. Damos bons exemplos e pronto, conclui.
A caxiense que estudou Magistério e Psicologia definitivamente conquistou seu espaço como empresária no universo infantil.