Uma mulher determinada
Seja nos tribunais ou na vida pessoal, Katia Lima Schultz sabe como ganhar causas importantes. O Direito está no sangue, assim como a determinação para alcançar resultados justos
ENTREVISTA: CLAUDIA IEMBO
Adversidades. Todos nós estamos sujeitos a elas. O que faz realmente a diferença é a forma como reagimos. Tem gente que lastima, tem gente que enfrenta. Algumas profissões permitem que o ato de enfrentar algo seja aprimorado, dia a dia. Katia Isabel Campos Lima Schultz, advogada há 29 anos, enfrenta dissabores alheios para fazer com que as pessoas cheguem a um entendimento. Ela é Mediadora Civil, de Família e Conciliadora do Tribunal de Justiça.
Como Mediadora faço as pessoas dialogarem e dou sugestões para que cheguem a um acordo e como Conciliadora escuto com a mesma finalidade, mas sem sugerir nada. É a justiça da paz, trabalho com o qual aprendo muito todos os dias, explica.
Ser a profissional facilitadora do entendimento de um conflito parece ser a luva que encaixa perfeitamente na mão que sempre buscou auxiliar as pessoas.
Nascida em Vacaria, em uma família de advogados, juristas e professores, Katia cresceu cercada de exemplos influenciadores. O avô Nicanor Lima emprestou o nome ao Tribunal do Júri de Lagoa Vermelha (por merecimento à honra pelo Tribunal de Justiça do RS), o pai Jair Lima e o tio Leo Lima (ex-presidente do Tribunal de Justiça do RS) são advogados renomados. A mãe Salete é oficial do Registro de Imóveis da cidade e atua ao lado da irmã Cíntia.
Katia foi professora, assim como a irmã Claudia, antes de entrar para o mundo do Direito. A filha Paola seguiu outro caminho: é Diretora de Comunicação em uma empresa de Design Estratégico em Novo Hamburgo e Porto Alegre.
Desafios
Como advogada geral, especializada em Direito Criminal, encara de forma corajosa situações e pessoas. Não tem medo de embates quando defende alguém. Enfrenta em âmbito profissional – afinal são 29 anos de carreira (dos quais 13 deles atuou como juíza leiga na Comarca de Caxias do Sul) – e em âmbito pessoal.
Em 2010 descobriu, em um acidente de carro no qual o cinto de segurança comprimiu seu peito, um câncer de mama. A doença foi enfrentada com quimio e radioterapia e provocou mudanças avassaladora. Engordei muito, perdi os cabelos, minhas unhas caíram. Foram três anos consecutivos de luta e depois disso passei por pequenas cirurgias. Ainda estou em tratamento, mas aprendi a me amar verdadeiramente, muito além da aparência, e a viver intensamente, valorizando mais a família e as pessoas que estão ao meu lado, confessa.
Casamento
Combateu a doença com a cabeça erguida, enxergando as mudanças decorrentes dela de forma única, sem perder a alegria. Neste processo todo, aconteceu algo muito especial, que faz parte da vida nova que Deus me deu: em junho casei-me de novo com um homem maravilhoso, que me ama como sou, meu marido César, conta, sorrindo.
Até o casamento, Katia enfrentou a estranheza das pessoas em relação à diferença de idade entre o casal. Ele é bem mais jovem que eu! No começo a família estranhou, a minha e a dele, mas hoje está tudo certo. Minha filha até foi madrinha no religioso!, orgulha-se ainda ressaltando o vestido rosê e a festa em estilo vintage, realizada como celebração.
Ela conta que com a união, ela e o marido têm descoberto afinidades e novidades a respeito de si próprios. Ele é muito disposto a aprender sobre tudo o que eu gosto. Gostamos de antiguidades, de filmes românticos e com ele descobri que gosto da cantora Marília Mendonça, diverte-se, admitindo inclusive que adotou o nome dele, Schultz.
Nesta nova fase da vida surgem os planos da mudança de apartamento, onde o casal vive, e de escritório. Ficarei no mesmo prédio onde atuo hoje, mas agora em uma sala própria, a 206. Minha vida é uma mudança constante, analisa.
Resolvendo tantos problemas alheios e superando desafios pessoais, o equilíbrio é mantido com a fé e com as sessões de psiquiatria. São indispensáveis! Aprendo muito com o Dr. Gustavo Bolognesi e também não abro mão de ter fé em Deus. É preciso ter muita fé para vencer todas as adversidades da vida! Minha família sempre esteve comigo, meu pai é uma pessoa que me apoia muito em tudo, mas existem fases difíceis nas quais o nosso comportamento ajuda ou atrapalha, analisa.
No caso dela, a postura adotada parece colecionar bons resultados. Por isso não será difícil vê-la rumo ao título de Desembargadora, pelo quinto Constitucional, seu grande objetivo profissional e pelo qual vai enfrentar o que for preciso. Afinal, a Dra. Katia é uma mulher determinada.