Uma nova forma de detecção de câncer na bexiga pela urina promete inovar o tratamento da doença

Os melhores resultados de tratamento do câncer se dão pelo diagnóstico precoce, ou seja, quanto antes ele for identificado maiores

Os melhores resultados de tratamento do câncer se dão pelo diagnóstico precoce, ou seja, quanto antes ele for identificado maiores são as chances de estar em estágio inicial e maiores são as chances de cura. No caso do câncer de bexiga, de alta prevalência de mortalidade, este fator é ainda mais determinante. Por isso, uma nova descoberta em exame diagnóstico, recém-publicada em uma importante revista cientifica internacional e que contou com a participação de renomado urologista brasileiro, traz horizontes bastante promissores.
A mortalidade por câncer de bexiga é de 1% a 3%, o que em princípio não é muito alta. Entretanto, se a doença avança e atinge a camada muscular do órgão e se espalha (fazendo metástases) nos linfonodos, a taxa de mortalidade salta para cerca de 80%, com a possível morte do paciente dentro de 1 a 3 anos, relata o Dr. Marcelo Bendhack, Urologista Presidente da Sociedade Latino-Americana de Uro-Oncologia, integrante brasileiro do estudo.
O estudo publicado na Nature Scientific Reports tem como base marcadores tumorais presentes na urina, de fácil coleta, que identificam os rastros moleculares deixados por células cancerígenas. E, através deles, ainda pode distinguir se o tumor encontrado é maligno ou benigno. Para análise do tecido sadio e doente (maligno) de amostras de pacientes conhecidos (empregados no estudo), elas foram selecionadas precisamente através de microdissecção, por patologistas especializados.
Até hoje, a forma mais empregada para detectar o câncer de bexiga de forma conclusiva é por meio da cistoscopia, realizada pela introdução de uma câmera no canal da uretra, que causa desconforto. Estudos como este criam mais acessibilidade ao paciente para uma detecção mais precoce da doença e, por consequência, maiores chances de cura, relata o médico.
A saber, o câncer de bexiga atinge três vezes mais homens que mulheres, tendo como fator predominante para o seu desenvolvimento os maus hábitos, como o tabagismo – no topo do fator de risco para este tipo de tumor. Também apresenta percentual de 30 a 70% de recidiva após o tratamento, e por isso requer exames constantes de acompanhamento.
Como é comum em qualquer estudo, é preciso pesquisar mais amostras para a proposta diagnóstica avançar e se tornar acessível num futuro próximo, mas os resultados até aqui apresentados pelo trabalho liderado pelo Dr. Simeon Santourlidis, professor da Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, junto com cientistas da Suíça, Estados Unidos, França, Espanha e Brasil, são muito efetivos, trazendo luz para o diagnóstico do câncer de bexiga inicial ou recidivado, considerado hoje bastante dificultado pela dinâmica de acesso ao principal exame para a sua detecção.