Uma Vida no Rádio

No Dia Mundial do Rádio, 13 de fevereiro, ninguém melhor que ele para contar
experiências, expressar opiniões e ainda dar algumas dicas para quem quer ingressar neste veículo de comunicação.

A voz dele é mais familiar às pessoas que muitos conhecidos ou até mesmo parentes. Quem escuta rádio e passa pela Spaço FM tem, em diversos momentos do dia, a companhia do farroupilhense de 53 anos, cuja vida está intensamente ligada à história da rádio criada pelo pai, Sezínio. Dono de uma audiência fantástica, Rogério Portolan dispensa grandes apresentações.
O fato de pertencer a uma família conhecida tanto no meio empresarial quanto na política, uma vez que o senhor Sezínio sempre esteve ligado a ela, gerou certos facilitadores, mas Rogério teve que mostrar vontade e trabalho para chegar onde está hoje. Comecei na rádio como operador, por um convite do pai. No começo fazia um pouco de tudo e o fato de ser filho do dono me dava a responsabilidade de estar envolvido. Comecei a gostar, mas eu queria mesmo era fazer reportagens. Fui para rua gravar as pessoas pedindo músicas, recorda Rogério, voltando ao ano de 1980.
Deste início, que incluiu entrevistas das transmissões das noites de gala do carnaval dos clubes Santa Rita, Primeiro de Maio e Clube do Comércio, ele passou pelo plantão policial, pelos boletins dos hospitais e pela política. Em 1982 comecei a me envolver nas reportagens políticas porque sempre gostei do tema e conhecia as pessoas. Passei a fazer eventos da região inteira e eu ia por conta, pegava ônibus e corria atrás, comenta.
Nestas recordações, a entrevista com o presidente João Figueiredo, na primeira Fenachamp realizada em Garibaldi. Daí uma sequência responsável pela projeção muito além dos limites do município. José Sarney foi outro presidente entrevistado por Rogério, em uma Festa da Uva. Perguntas polêmicas que outros repórteres não faziam, eu fazia, o que repercutia, acrescenta, ainda se afirmando uma pessoa tímida.
Na trajetória, o peso no currículo das três participações no Rock in Rio, dos 10 anos de Festival de Gramado e nas eliminatórias da Copa do Mundo, eventos que renderam entrevistas com muita gente famosa. As personalidades que marcaram o comunicador são prontamente comentadas. Brizola, em uma Fenavinho, e o Pelé, em duas ocasiões: uma na eliminatória na copa de 86 e outra em Caxias do Sul. Em quase 40 anos de entrevistas, estes dois foram marcantes porque era impressionante como as pessoas queriam tocar neles!, conta.
No mundo da música, as entrevistas na região com os Paralamas do Sucesso, Lobão e Titãs e em nível nacional ele não esquece do contato com o Axl Rose, do Guns N´ Roses e com Renato Russo. Não faltam entrevistas memoráveis a Rogério Portolan.

Estilo

Às vezes a gente começa a puxar o freio de mão, a se perguntar se vale a pena ou não ir mais a fundo nas entrevistas, mesmo que depois surja o arrependimento. Mas é a questão do respeito. Com uma pergunta você pode perder o entrevistado para sempre. Já fui mais afoito, hoje seguro mais a onda, ainda que perca o furo, analisa.
Segundo ele, de uns 20 anos para cá está mais difícil trabalhar como repórter, apresentador e locutor por causa da questão do politicamente correto. Qualquer coisa que tu fala é motivo para te incomodar. Tínhamos mais liberdade de expressão! Hoje a gente evita certos temas e quem sai perdendo é o ouvinte, o leitor. Os políticos e lideranças omitem informações que seriam valiosas para a população, pontua.
Dono de um estilo peculiar de expressão, o experiente comunicador dá dicas sobre o que é preciso ter para ser um bom profissional de rádio. É preciso ter vontade, gostar, saber ouvir as pessoas. Ouvir rádio é fundamental, aconselha o radialista que afirma ser a mistura de vários ídolos do rádio, como Júlio Fürst, Dedé Barros e Gilson Ricardo.
Antagonicamente ao que notamos, Rogério Portolan assume que é uma pessoa tímida e segundo ele, por este motivo, já perdeu oportunidades significativas, como o contato com Gilberto Braga e Denis Carvalho, em uma churrascaria no Rio de Janeiro. Eu tive vergonha de incomodar. Perdi e hoje me arrependo.
Solteiro convicto, lida bem com isso por ter a consciência de ter focado esforços na vida profissional. Não tenho problema algum com a solteirice e não me vejo de outra forma, sei que não me adaptaria à vida familiar. É mais fácil ser tio que pai. Não teria talento para isso. O ritmo que tenho não combina com compromissos, afirma.
Apreciador de restaurantes, o radialista adora viajar, mas confessa sua admiração pela cidade natal. Não tem cidade na região que repercuta tanto quanto a nossa. As pessoas daqui não param, são admiráveis.
Próximo a completar 40 anos de rádio, ninguém melhor que Rogério Portolan para falar deste meio de comunicação, afinal o sentimento que nutre é de pura paixão. É o meu ganha pão, é o que eu sei e gosto de fazer. É paixão. O rádio continua um veículo importantíssimo, que ganhou com as facilidades trazidas pela internet, pelas ferramentas como o whatsapp. Alguma adaptação ainda se faz necessária, como envolver mais a gurizada, pois talvez seja um veículo um pouco fora da realidade deste público, conclui o dono da voz que estamos acostumados a escutar.