Vicente Silveira, um artista de coragem
Através de suas imagens,
as pessoas aprenderam
a gostar e admirar a cidade
em que moram
Faleceu na madrugada de domingo (23), Vicente Silveira de Souza, um dos mais renomados fotógrafos da região. Vicente estava internado na UCI do Hospital São Pedro de Garibaldi, tinha 67 anos e foi vítima de parada cardíaca. Vicente, além de fotógrafo, também era escritor, músico, vice-campeão brasileiro de esqui em 1971 e editou a revista Ousadia em Garibaldi. A partir de 1989, e durante toda a década de 90, produziu para o Jornal O Farroupilha vasto material fotográfico e de textos, publicados em projetos especiais, entre os quais Guias Turísticos, Guia Made in Farroupilha, 120 Anos da Imigração Italiana e a primeira edição da Revista Empreendimentos Vencedores em 1999.
Pesquisador, Vicente, foi membro do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Garibaldi e integrante da Associação Nacional dos Pesquisadores de História das Comunidades Ítalo-Brasileiras.
O fotógrafo deixa a mãe Delva Fitarelli Silveira de Sousa, os filhos Roberta e Vicente Augusto, e os irmãos Carmem Lúcia e Jorge. Seu corpo foi velado na funerária Cristo Redentor e seu sepultamento acontece na segunda-feira (24), no Cemitério de Garibaldi.
Vicente poderia ser definido como uma pessoa inteligente, de muita cultura, que transitava pela música, pela poesia, pela literatura, pela fotografia e artes plásticas. Mas é provável que o que tinha de mais importante era a coragem. De pouco vale o talento, a habilidade de se expressar em tantas e diversas linguagens se não se tem coragem e ousadia para mostrar ao outro o que ele não enxerga, o que não compreende. Vicente teve coragem para desafiar, para questionar as regras e padrões que são consideradas certos, únicos e verdadeiros. Questionou até mesmo o que era a verdade… O que define um artista não é sua habilidade técnica. É o que tem a dizer. É o que este diz, provoca e promove. É isso que Vicente conseguia através da fotografia, da música, da poesia. Provocar, questionar, gerar dúvida… Reflexão. A verdade sobre Vicente está na obra dele. O que ele sempre precisou e mereceria é que olhassem sua obra como quem procura a si afirma uma das pessoas que conheceu Vicente e sua disposição em lutar pelas coisas que acreditava.
Vicente Silveira, era do tipo de pessoa que acreditava que tínhamos que deixar uma contribuição para o mundo. Ele avaliava as pessoas pelo que e como elas contribuíam para ajudar o outro. Não tinha apego material. Mais valiam para ele os livros, as ideias, o conhecimento, a cultura.
Outra faceta forte nele foi a disponibilidade: ele sempre estava disposto e disponível para os outros. Para ajudar, fez muitos trabalhos gratuitos como forma de contribuição ou às vezes por valores ínfimos. Realizou inúmeras palestras em escolas e universidades, dividindo seu conhecimento e visão sobre a vida. Para ele, o importante era servir a uma causa. Fazia isso tudo sob os xingamentos de quem a ele estava próximo, porque ele abandonava o trabalho, despreocupado com seu sustento e sobrevivência.
A maioria das pessoas, conhecia apenas a qualidade e a expressividade de seus trabalhos com a fotografia, mas ele escrevia de forma sensível, profunda, tinha uma obsessão na busca pela palavra certa. Isso pode ser comprovado pela poesia Se Fizer Frio, que foi lida no seu velório. Esta poesia estava guardada por sua amiga Alana Bortolini há 10 anos, foi escrita quando na época era sua secretária.