Vinho faz bem, e se for orgânico, faz melhor ainda

Produtor encontrou na produção de sucos e vinhos orgânicos o caminho para continuar no interior, melhorar a saúde e agregar valor

Especial
Adroir da Silva

A agricultura orgânica aparece como experiência emergente da agricultura familiar e uma importante alternativa de renda para os pequenos produtores locais. Além de oferecer numerosas vantagens ambientais, quando comparada com a agricultura convencional, oferece vantagens econômicas e melhora a saúde de quem consome e de quem produz.

No início dos anos 2000, as videiras estavam causando dor de cabeça ao agricultor Paulo de Cezaro, e dois fatores eram os responsáveis pelo sofrimento: o primeiro era psicológico, ocasionado pela falta de perspectiva na elaboração de vinhos, tradição que vinha desde que a família De Cezaro chegou da Itália, no distante ano de 1876.

O segundo, este físico, vinha do contato quase diário com produtos químicos usados no tratamento dos parreirais para a elaboração de vinhos. E como a dor que ensina a gemer, Paulo buscou a cura de suas dores nas próprias videiras, que durante mais de um século colocaram o pão na mesa da família. Assim em 2001, após fazer um curso de capacitação rural no Sindicato dos Produtores Rurais de Farroupilha, surgiu a ideia de criar uma empresa de vinhos e sucos orgânicos. Foi a partir daquele curso que tomamos a decisão de nos tornarmos produtores orgânicos.

E a mudança deu tão certo que hoje o agricultor nem pensa em deixar a propriedade localizada em Linha Caçador, no 3º distrito de Farroupilha. Estamos crescendo aproximadamente 20% ao ano, com produtos diferenciados, que melhoram a vida das pessoas. Já estamos testando espumantes orgânicos e no máximo em três anos vamos colocar no mercado vinhos orgânicos produzidos com variedades de uvas finas.

Sobre a sucessão, tão debatida nos últimos anos, pela saída dos mais jovens do interior, Paulo se diz preocupado, mas dá a receita para amenizar o problema. Hoje o jovem não está mais querendo ficar na roça. Um dos caminhos para que ele fique, é incentivá-los a estudar coisas ligadas à terra, ou ligadas à administração da propriedade. explica.

O produtor ainda diz ter esperança dessa realidade mudar, a partir de uma consciência de que a vida no interior, além de viável financeiramente é mais saudável que na cidade. Espero que essa realidade mude, e que não seja por causa de crises que obriguem as pessoas voltarem da cidade, e sim por opção do jovem querer continuar no interior, levar uma vida mais saudável e ter mais contato com a natureza, finaliza.