Viviane Feltrin, do consultório à participação nos palcos
Ela deixou uma carreira promissora de dentista para descobrir as intempéries da vida empresarial. Arriscou e hoje projeta o nome da cidade no mundo da dança, dentro e fora do país

| Claudia Iembo
| Especial
Mudança requer coragem, atitude. Esteja no âmbito que estiver, sempre é preciso vencer os receios para buscar o que se procura. Viviane Feltrin fez isso. Vinda de uma família tradicional da cidade seguiu os passos do pai Nestor. Tornou-se dentista, especialista em Periodontia. Não satisfeita, deixou a carreira para descobrir-se empresária. Hoje ela é uma das proprietárias da Ballare Malhas para Danças.
Eu estava em um ritmo bem intenso com a Odontologia, mas a rotina do consultório me consumia. Eu tinha um professor diariamente ao meu lado que me dizia que eu tinha o dom para a profissão, mas mesmo assim optei por outro caminho, conta Viviane.
A mãe Elaine já possuía malharia, a Rabony, que havia iniciado para auxiliar o marido na formação acadêmica dos filhos: Viviane em Odonto e o irmão Luiz Gustavo em Farmácia.
Exercendo a profissão, Viviane chegou a abrir uma loja de roupas de academia no shopping Omar Valentini, junto a uma sócia. Colocamos algumas roupas de ballet também, mas aí eu comecei a sentir a carência no mercado em relação ao casaquinho de aquecimento em tricot. Foi quando minha mãe o criou para nós e teve a ideia de trabalharmos com isso. Nascia a Ballare, em 2002, resume.
A empresa começou a crescer e a participar de feiras. Em 2005, a primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Claudia Mota, assinou a marca e naquele mesmo ano Viviane viajou a Nova York para aprimorar o inglês, o que desenharia novos rumos à empresa.
Exportação
Em Nova York trabalhava em restaurantes, como recepcionista, e minha mãe mandava os casaquinhos para eu vender nas academias. Os produtos de tricot fizeram tanto sucesso que aconteceu a oportunidade de exportarmos para o Japão. Voltei de viagem e fui fazer uma extensão universitária em Comércio Exterior para internacionalizar a marca, explica.
A esta altura, a Odontologia havia perdido espaço em sua vida. Foi a Odonto que me deu asas para voar! Considero-me melhor dentista que administradora de empresas, porque para uma função o dom está em mim, para a outra o aprendizado vem a cada dia, confessa.
Confecção
Em 2009 Viviane casou-se com o veterinário Fernando e teve Maria Fernanda. A maternidade deu uma parada nas exportações, foi quando entrou meu sócio Enio Suszek e aí optamos por focar de vez em artigos para ballet com a confecção, além do tricot. Hoje, tudo o que vendemos é feito por nós, comenta.
Viviane acaba de voltar de uma feira na Itália, a Danza In Fiera, em Firenze, de onde trouxe bons contatos. Nesta feira encontrei bailarinas que já conheciam a marca e isso foi muito gratificante, ter este reconhecimento das pessoas que usam os produtos da Ballare, complementa.
A marca hoje tem clientes nos principais mercados de dança do país e do mundo e a sua proprietária, aos 40 anos de idade, não sente mais o peso da rotina em seu dia a dia. Ao contrário. Hoje lido com excesso de novidades. Não sei o que é rotina e chego a pensar que é uma pena eu não ter gostado de ser dentista porque eu teria uma vida mais tranquila hoje, sendo mãe, supõe.
Como ainda carrega consigo a responsabilidade pelos pacientes que atendia no passado, duas vezes por mês agenda com eles na clínica da família, onde trabalham o pai e o irmão, que também mudou o caminho profissional e tornou-se dentista. Viviane não parou de exercer totalmente a aptidão.
A empresária que foi bailarina até os 13 anos de idade, hoje realiza seus sonhos com a dança pelas peças de vestuário que produz e comercializa e também pela filha, que estuda ballet na mesma escola que ela estudou uma vez.
Pode até conjecturar, mas não se arrepende das escolhas que fez. Bom para ela, bom para Farroupilha, que alcança expressiva participação no mundo da dança graças à valentia de pessoas como ela.