Cala-se a voz de Ricardo Ló

O radialista de voz inconfundível, dedicado aos programas esportivos, de cultura italiana e gaúcha, foi atropelado no centro da cidade, por onde sempre caminhava

Na manhã deste 12 de junho, o radialista Ricardo Ló faleceu em decorrência de um atropelamento na Rua 13 de Maio, no bairro São Luís, em Farroupilha. O motorista fugiu do local.

Em 2016, o Jornal O Farroupilha fez uma reportagem com ele, quando estava prestes a receber, na Câmara de Vereadores, o título de Mérito Esportivo de 2016, por sua atuação como repórter esportivo.

Na ocasião, o radialista compartilhou um pouco de sua história, cujos trechos relembramos agora, em homenagem a ele e aos seus ouvintes.

 “Em 1975 comecei com as reportagens dos jogos do Brasil de Farroupilha. Minha estreia foi no estádio Baixada Rubra, que havia na Rua Barão do Rio Branco. De lá para cá não parei mais”, disse o radialista.

O fascínio pelo rádio começou cedo para ele, que estudou dos 10 aos 20 anos em seminário, já que o desejo era ser padre. Aliás, foi exatamente por causa de um religioso, que mexia com radio difusão, que Ló conheceu o mundo do qual faria parte. A boa leitura cooperou para que ganhasse espaço naquela época. “Fui para São Paulo, onde fiquei por três anos, no final dos anos 60, início dos 70, justamente quando a Rádio América de lá foi assumida pelos padres paulinos e eu então, ficava com a apresentação das festas”.

De volta a Farroupilha, passou a dar aulas de Religião e de Música até que passou em um concurso para locutor, em 1974. Não saiu mais das rádios. Passou por várias como repórter esportivo e em 1993 retornou à Rádio Miriam, na qual estava.

“Trabalhar em rádio requer quesitos fundamentais: vontade e esquecer de olhar no relógio, sem se preocupar com o tempo, com os finais de semana. Eu passei, como ainda passo os finais de semana da mesma forma: trabalhando”.

O fato de não ter se casado e nem de ter tido filhos contribuiu para a dedicação que Ricardo Ló dispensou à profissão. “Preferi casar com a rádio”, brincou na entrevista.

Lembranças

 “Estava cobrindo um Grenal, com microfone de fio na época. Chovia muito em campo e fui atingido por um raio, que pegou no microfone e me derrubou desmaiado. Caí em cima dos painéis do Beira Rio e fiz 13 pontos na cabeça. Foi um susto e tanto! ”.

Raio foi um. Mas quedas de árvores para instalar o equipamento com o qual trabalhava, dizia que havia perdido a conta.

O radialista, que também já havia sido patrão de CTG, contou que recebeu o apelido Xirú de “um vivente do Guaraí”, que declamava poesia na rádio. O apelido pegou, mas ele preferia ser chamado pelo nome.

Na manhã do ensolarado dia 12 de junho, a voz de Ricardo Ló calou-se para sempre.