Com o tema “Fonte viva e copiosa, rogai por nós”, Romaria Votiva reúne milhares

Na quinta-feira, dia 02 de fevereiro, após a Missa solene presidida pelo bispo diocesano de Caxias do Sul, Dom José Gislon, aconteceu a tradicional procissão e bênção das mais de 300 tratores e máquinas agrícolas

Um dia de safra dedicado à devoção a Nossa Senhora de Caravaggio. Assim pode ser definida a Romaria Votiva em honra à Padroeira da Diocese de Caxias do Sul, que acontece todos os anos em 02 de fevereiro, no Santuário, em Farroupilha. Neste ano, não foi diferente: milhares de pessoas, sobretudo agricultores que vivem da vitivinicultura deixaram suas terras, seus parreirais para se dirigir à Casa da Mãe com suas famílias, na 123ª edição da Romaria Votiva.
No final do século XIX, Farroupilha e região enfrentou uma grande estiagem. Já eram cerca de seis meses que não chovia. No dia 02 de fevereiro de 1899, realizou-se uma procissão para implorar a graça da chuva. Agricultores de várias comunidades vizinhas se dirigiram à Caravaggio a pé em uma caminhada de oração e penitência para suplicar a intercessão de Nossa Senhora. No mesmo dia, ocorreu uma chuva torrencial, que marcou profundamente o povo de toda a região. A chuva foi recebida como uma graça extraordinária. O padre e os paroquianos emitiram o voto de ser feita todos os anos, em fevereiro, uma festa de agradecimento a Nossa Senhora pela graça da chuva. É assim denominada a Romaria Votiva, que ocorre anualmente no dia 02 de fevereiro.
“Fonte viva e copiosa, rogai por nós” é o lema desta edição, que recorda a aparição na Itália e está representada em um dos novos vitrais do Santuário. O dia 02 fevereiro de 2023 iniciou com a Missa às 08h, com o Santuário lotado de fiéis. Não demorou muito e a esplanada foi ficando repleta de tratores e máquinas agrícolas que traziam os agricultores e suas famílias. E assim se perfilaram, em filas no pátio da Casa da Mãe. Da mesma forma, muitos automóveis e motocicletas também chegaram aos estacionamentos do complexo do Santuário.

FOTO: Leandro Ávila


Às 10h, com a igreja igualmente repleta e centenas de pessoas no pátio do Santuário, foi celebrada a Missa solene da 123ª Romaria Votiva de Nossa Senhora de Caravaggio, presidida pelo bispo diocesano de Caxias do Sul, Dom José Gislon e concelebrada pelo bispo emérito, Dom Alessandro Ruffinoni, pelo reitor padre Ricardo Fontana, além de diversos padres diocesanos e religiosos. No início da celebração, ainda na porta do templo, o bispo realizou o rito da bênção das velas, porque a Igreja celebra, em 02 de fevereiro, 40 dias depois do Natal, a festa da Apresentação do Senhor, isto é, do Cristo Luz do Mundo, e o Dia Mundial da Vida Consagrada.

FOTO: Leandro Ávila


Em sua homilia, Dom Gislon salientou a necessidade de cuidar do meio ambiente, porque é a casa comum de todos os seres vivos. Ele também enalteceu a esperança e a perseverança dos agricultores. Em sinal de oração, pediu cuidado especial com as nascentes de água. “Santíssima Mãe de Caravaggio, ensina-nos a servir ao Senhor com a alegria, mas também a sermos solidários com os irmãos que padecem com a seca que atinge as plantações, acima de tudo com as realidades que ferem a vida, dom de Deus. Que saibamos render graças ao Senhor e cuidarmos da casa comum, de modo especial das nascentes de água, da qual dependem a vida de todas as criaturas e das plantações”, salientou.

FOTO: Leandro Ávila


A Eucaristia também reuniu diversos seminaristas, noviços e também religiosas, a comunidade do Santuário e da Paróquia Nossa Senhora de Caravaggio, além de diversas autoridades do município de Farroupilha. A 123ª Romaria Votiva abre as atividades alusivas aos 60 anos do novo Santuário, inaugurado no dia 03 de fevereiro de 1963. Dom Gislon também recordou os benfeitores vivos e falecidos, que colaboraram com a construção do templo e com o seu embelezamento seja por meio da conservação feita ao longo das seis décadas e da colocação dos vitrais decorativos, realizada ao longo de 2022. Em virtude da data, diversas entidades foram homenageadas com um troféu onde está representada a fachada do templo, entre elas a Diocese de Caxias do Sul, a Rádio Miriam Caravaggio e a prefeitura de Farroupilha.

FOTO: Leandro Ávila


Ao final da Missa, teve início a tradicional procissão com os mais de 300 tratores e máquinas agrícolas pela avenida Dom José Baréa. À frente, a réplica do primeiro capitel construído em honra a Nossa Senhora de Caravaggio, o carro andor com a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio e a Kombi 1974do Santuário, com os benfeitores que ajudaram na construção do Santuário há 60 anos. Ao retornarem ao Santuário, foram abençoados os implementos e os agricultores.
Diante da imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, o reitor do Santuário de Caravaggio, padre Ricardo Fontana, saudou a todos os presentes e recordou a história da chegada do pequeno quadro de Maria Santíssima que apareceu em Caravaggio, em 1879 e o início da devoção. “Aqui, diante da milagrosa imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, que nosso povo alcançou copiosas graças. Em 1899, a estiagem, a terra estava árida e as fontes secaram. Em 02 de fevereiro daquele ano, nossos agricultores se reuniram aqui, neste lugar sagrado, para pedir a chuva. Um dia de vento seco terminou com abundantes chuvas. Aqui estamos nós, 123 anos depois, oferecendo as primícias de nossa colheita ao Senhor, por Maria”, salientou.

FOTO: Leandro Ávila

Preparação à 123ª Romaria Votiva
A programação iniciou-se no dia 24 de janeiro com celebrações que envolveram diversas comunidades de Pinto Bandeira, Nova Roma do Sul, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Farroupilha. Participaram da novena as paróquias de Nossa Senhora de Caravaggio (Farroupilha/ Flores da Cunha), São Pedro e São Paulo (Nova Roma do Sul), Santo Antônio (Forqueta – Caxias do Sul), São Marcos (Farroupilha), Santa Cruz (Nova Milano – Farroupilha), Jesus Ressuscitado (Farroupilha), Nossa Senhora do Rosário de Pompéia (Pinto Bandeira), Jesus Bom Pastor (Farroupilha) e Sagrado Coração (Farroupilha).
Em cada celebração, as paróquias demonstraram emoção, entrega e devoção. Os líderes de cada comunidade levaram até o altar símbolos representando suas localidades, juntamente com cestas de frutas, resultado do trabalho árduo dos agricultores de cada paróquia.