De olhono outro, encontrou a si mesma

Quantas pessoas você conhece que tiveram a iniciativa de mudar de vida em nome da busca pelo equilíbrio físico e mental? Largar um trabalho em andamento, começar a trilhar outro caminho, mesmo sem experiência, apenas obedecendo uma vontade, um palpite de que seja a rota certa para a paz almejada? Neste Dia Internacional da Mulher, encontramos uma profissional que teve a coragem de reescrever sua história, acabando por marcar outras ao seu redor. Fernanda Sousa, que deixou o comando de uma pizzaria para se tornar fotógrafa.

Há pouco tempo, em 2017, a mãe do Gabriel e Rafael descobriu o talento do olhar por trás das lentes de uma máquina fotográfica. O que antes era apenas um apreço virou profissão e daquelas que andam por vias sociais, presenteando famílias que têm filhos especiais. A fotógrafa criou e mantém um projeto chamado “Fotografando Anjos”, que retrata e conta a história, nas redes sociais – sem cobranças para a família – de crianças especiais, além de suas especializações em fotografias de gestantes e newborn. Mas antes disso, ela trabalhava ao lado do marido Arnaldo, no comando da Pizzaria Rota 453.

“Eu não estava feliz com o trabalho na pizzaria e minha saúde começou a ser afetada. Foi quando, com a ajuda da terapia, descobri a fotografia. Já tinha em mim a vontade de fazer algo social, mas o ímpeto era trabalhar com os idosos, que eu adoro. Um dia, indo fazer uma oração, descobri uma história comovente da Paula Rabelo e sua filha Vitória, que nasceu com muitas dificuldades devido ao tratamento de câncer da mãe, e foi com ela que nasceu o projeto Fotografando Anjos”, conta Fernanda, sem esconder o quanto o modo de professar sua fé guia os acontecimentos de sua vida.

A mudança aconteceu, impulsionada pela coragem da ação, mas não sem cobrar seu preço. “Não foi um processo fácil, levou tempo para eu desligar a cabeça da pizzaria, mas tive todo o apoio da família e hoje confesso que mudar me proporcionou a paz interior, melhorando até meus relacionamentos. Foi uma virada que me fez entender que o melhor para nós é fazer aquilo que a gente ama fazer”, analisa, feliz com os resultados alcançados em seus 40 anos.

Montou o estúdio ao lado da pizzaria do marido e foca seu trabalho nas gestantes e crianças. O que ganha investe no próprio estúdio e quando se depara com crianças especiais, aborda a mãe e apresenta o projeto. Diz que nem sempre “é fácil conseguir os anjos”. “Sinto que muitas famílias não querem expor os problemas dos filhos, mas explico o quanto eles podem inspirar outras pessoas, como de fato acontece, e o resultado é sempre muito significativo”, diz ainda mencionando que entrega, sem cobrar, as fotos produzidas à família.

Segundo ela, seu trabalho é mais conhecido em Caxias do Sul que em Farroupilha, onde mora. Diz que sente mais dificuldade aqui, mas segue atenta para mudar isso.

Antes da fotografia, Fernanda era das vendas: trabalhou em shopping, abriu loja de roupas, foi corretora de imóveis, teve choperia com o marido Arnaldo em Arroio Teixeira até a criação da Rota 453. “Hoje me pergunto: por que não descobri a fotografia antes? Sinto-me privilegiada por fazer o que eu amo e ainda ganho por isso ”, diz com uma sonora risada.

Fernanda é um raro exemplo de que a coragem determina rotas capazes de levar a um destino mais tranquilo, onde as pazes consigo mesmo – e com o mundo ao redor – atingem níveis que se expressam pelo sorriso no rosto, pela certeza de que a alegria do outro é uma das mais sublimes recompensas que se pode ter.
Por isso tudo, a história dela é inspiradora e com ela, parabenizamos todas as mulheres pelo 8 de março, Dia Internacional da Mulher.