Descobertas valiosas e conexão com a natureza sobre duas rodas

No girar das rodas da bicicleta,
a descoberta de si mesmo, de paisagens incríveis e de toda
a força para vencer os desafios dos percursos. Com a história de Leandro Tosetto exaltamos o Dia Mundial da Bicicleta e do Meio Ambiente

Como bons caçadores de histórias que somos – e admiradores do planeta que nos serve de casa – descobrimos a paixão por pedalar do farroupilhense Leandro Tosetto e a juntamos à celebração do 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, afinal, a bicicleta entra no calendário da Organização das Nações Unidas como um significativo apoio a um ar mais limpo, à promoção de mais saúde, entre outros objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. E hoje, 3/6, é Dia Mundial da bicicleta! Mais motivos? Temos também. Acompanhe…
O surgimento de uma opção prazerosa de lazer aconteceu na vida do Leandro em 2011. “Como trabalhava em escritório e não fazia nenhum tipo de exercício físico, o objetivo no início era sair do sedentarismo. Com o passar do tempo fui aumentando a quilometragem a cada pedal e se tornou um hobby”, conta o analista de negócios TI.
Na maioria das vezes, Leandro sai para pedalar sozinho ou com a esposa Letícia Molon, mas sempre que tem oportunidade junta-se aos amigos. “Meus percursos sempre foram por estradas com pouco fluxo de carros e caminhões, evito ao máximo estradas movimentadas por não terem uma estrutura ideal para ciclistas. A grande maioria das rotas são pelos interiores de Farroupilha e pelas cidades no entorno como: Nova Roma do Sul, Pinto Bandeiro, Nova Pádua e Fores da Cunha. Já fui três vezes até o litoral e uma vez subi a Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina”, divide o moço que confessa não gostar de pedalar à noite.
Pelas rotas sobre a bicicleta, um acidente no caminho. “Em 11/04/2021, me reuni com um grupo de manhã cedo, íamos até Pinto Bandeira, ponte de ferro e retornar pela Jensen. O acidente aconteceu em um morro logo depois da linha 47, no interior de Farroupilha. Eu não lembro o que aconteceu no momento, pelo que me falaram eu estava rápido e me distrai saindo da pista, quando caí e bati a cabeça várias vezes. As outras pessoas do grupo me ajudaram e conseguiram chamar o resgate. Fui levado para a UPA em Bento Gonçalves, fui sedado e entubado, porém sem exames, pois o local não dispunha de equipamentos. Logo consegui transferência para um hospital de grande porte: fiquei nove dias na UTI, sete deles entubado e mais 11 dias no quarto para completar o tratamento. Em casa tive que usar um colar cervical, pois além do trauma na cabeça, lesionei a vértebra C3, luxei o quadril e tive inúmeras escoriações. Não fiquei com nenhuma sequela e hoje as cicatrizes são só histórias para contar’, resume.
Sete meses depois, sem medo algum, mas mais atento à velocidade e morros, Leandro voltou a pedalar, o que tem um significado eficaz para ele. “Pedalar é o momento que consigo desconectar da correria do dia a dia, o corpo cansa, mas a mente relaxa. A bicicleta proporciona momentos bons de conexão com a natureza, ver paisagens naturais e visitar lugares que dificilmente iria de carro. A adrenalina proporcionada em determinados momentos deve ser dosada com a segurança necessária”, adverte ainda lembrando da necessidade do uso do capacete e de óculos para a proteção contra insetos e sujeiras.
Os ganhos com o hábito de pedalar ultrapassam tudo o que pode ser medido. “Acredito que o autoconhecimento é um grande ganho do pedal, ir a lugares novos com maior distância ou maior dificuldade no percurso faz com que o ciclista precise se conhecer, saber o seu limite e planejar como fazer para superá-lo”.
Descobertas desta natureza – em meio à natureza – são ótimas formas de celebrar a Terra e tudo que estiver contida nela.

Sempre que tem oportunidade, Leandro junta-se aos amigos para os percursos. FOTO: Arquivo Pessoal
Com a esposa Letícia pedalando até o Santuário de Caravaggio. FOTO: Arquivo Pessoal

Você sabia?
A partir dos anos 2000, os governos de vários centros urbanos do Brasil começaram a projetar investimentos em ciclovias, visando a redução da poluição atmosférica, o que fez aumentar o uso de bicicletas e consequentemente o número de acidentes de trânsito envolvendo ciclistas. Entre as causas de acidentes com ciclistas, as mais listadas, segundo pesquisas são:

• Falta de infraestrutura das cidades para receber os ciclistas.
• Falta de conscientização dos motoristas para dividir a via com os ciclistas.
• Falta de campanhas de conscientização.
• Falhas do ciclista (perda de controle, inexperiência, realização de acrobacias e alta velocidade).
• Problemas mecânicos na bicicleta.
• Alta velocidade dos veículos.

REPORTAGEM: Claudia Iembo