Mães com vida profissional

Profissionais que são mães, mães que são profissionais. A ordem dos fatores não altera o resultado, que nivela as mulheres no compartilhamento do sentimento em comum que carregam consigo, o amor aos filhos. No especial que comemora o Dia das Mães, homenageando a todas, exemplos de mulheres que tiveram seus filhos na empresa que ainda trabalham. Elas dividem as vivências dos papéis escolhidos e mantidos com dedicação e muito, muito amor

Outro domingo especial chegou. O Dia das Mães, data que aquece o comércio, mas que também nos dá um prato cheio para celebrar e dividir histórias de mulheres que realizam o sonho da maternidade, sem abrirem mão da vida profissional e de toda a realização que vem dela.
Com organização, e acima de tudo, vontade, é possível cumprir diferentes papéis com excelência porque quando a dedicação é envolvida, o resultado é sempre positivo.
A afirmação pode ser atestada pelas mulheres retratadas neste especial, profissionais que tiveram seus filhos enquanto trabalhavam na empresa da qual ainda fazem parte. Nesta pauta, eu mesma me encaixo porque quando minha Amanda nasceu, há nove anos, eu já estava no jornal O Farroupilha.
Lembro que a deixei com minha mãe, com poucos meses, e fui em uma noite ao Hospital São Carlos para entrevistar as mães que trabalhavam na maternidade, justamente para um especial do Dia das Mães! O tempo voa.
Crescem os filhos, crescemos nós como profissionais e, principalmente, como seres que experimentam o mais poderoso dos amores da vida, o amor de mãe.
Feliz Dia das Mães a todas que embarcaram nesta viagem deliciosa.

REPORTAGEM: Claudia Iembo


Lia

Nascida em Ponte Preta, interior do estado do Rio Grande do Sul, Liana Salete Saugo Alberton, a Lia, da Lia Colchões, saiu da casa dos pais aos 13 anos para estudar e trabalhar. Chegou a Farroupilha aos 15 anos e pouco antes de completar 18, fundou a Lia Colchões junto ao namorado e sócio – hoje marido – Luciano Alberton.
“Começamos em Farroupilha, pois na época não tinha loja especializada em colchões. Eu havia mudado para Bento Gonçalves e já tinha trabalhado no comércio. Aos poucos, com muito trabalho, dedicação e pouco dinheiro, fomos ganhando a confiança dos farroupilhenses e em 1999 abrimos nossa filial em Bento Gonçalves”, conta relembrando o início da vida de empresária, após ter sido até empregada doméstica.
Em 2000 aconteceu o casamento e em 2007 a chegada do primeiro filho, Gabriel. “Sempre me dediquei inteiramente à loja, para ter uma ideia de quanto sempre foi importante meu trabalho, no dia em que estava marcada minha cesárea trabalhei até às 16 horas, fui para casa, tomei banho e fui para o hospital, onde às 18h50 nasceu o Gabriel. Uma semana depois eu estava voltando ao trabalho junto com meu bebê, amamentando, trocando fraldas e atendendo os clientes”, divide a mãe.
O momento de mandar o fulo à escolinha é inesquecível para toda mãe. Não foi diferente com a Lia. “Ele tinha 11 meses e óbvio que sofri muito para cortar o cordão, pois queria ele perto, mas sabia que ele ficaria melhor na escola”.
Em janeiro de 2013 chegou o Bernardo e em 2016, a Beatriz para completarem a família. “Precisei e preciso ainda eleger prioridades, principalmente em relação ao trabalho e família porque é impossível estar 100% em todos os lugares, mas aprendi a atender à necessidade mais urgente. Hoje, meus filhos estão acostumados à rotina e para eles é normal irem para a loja, o ponto de apoio entre a casa e a escola”, diz Lia, que mora com a família em Bento Gonçalves e cuida da loja de lá, enquanto o marido cuida da loja de Farroupilha.
Segundo ela, Gabriel, por ver a mãe trabalhando sempre, foi motivado a começar a trabalhar cedo, sendo menor aprendiz na Lia Colchões.
“Posso dizer sem dúvidas que meus filhos são o meu tesouro. Passaria por tudo de novo porque sem dúvidas foi um excelente aprendizado, pois a vida não é só trabalho. Dividir o tempo entre ser mãe e empresária é muito gratificante. Hoje posso dizer sou uma pessoa realizada”, conclui aos 43 anos a mãe do Gabriel, do Bernardo e da Beatriz.

O que é ser mãe para você?

“É aprender todos os dias, é me doar constantemente, é amar sem interesse, é ver a vida de um ângulo totalmente diferente, enfim, é o melhor presente que Deus me concedeu”.


Edinara

Edinara Gregolin Balbinotte é natural de Pinhalzinho, em Santa Catarina. Há 21 anos faz parte do Grupo Colombo, onde hoje é Diretora de Operações da Crediare.
Em sua trajetória profissional, a pausa para ser mãe do Davi, há nove anos. “Dividir o tempo entre a maternidade e a vida profissional é bastante desafiador porque as duas exigem muito de nós e é preciso equilibrar essa balança. Eu já me senti bastante culpada por achar que não estava atendendo adequadamente uma ou outra: a maternidade ou a vida profissional. Mas com a maturidade vieram algumas respostas com a certeza de que se nos doarmos de coração para tudo o que fazemos na vida, não há espaço para culpa porque estamos fazendo nosso melhor em ambas as esferas”, analisa.
Com intensa vida profissional, não é raro surgir uma dificuldade aqui ou ali, principalmente quando o filho fica doente, mas nestas horas Edinara conta com uma rica “rede de apoio”. “Desde meu marido Márcio, que é um pai excelente, à mãe, sogra, cunhadas e grandes amigas que me apoiam buscando o Davi na escola ou ajudando, em um sábado de sol, com alguma recreação quando não posso. Essa rede grande facilita muito”, conta Edinara.
A executiva relata que em uma viagem a trabalho, Davi ficou mal de saúde, o que a fez retornar com brevidade. “Eu viajei com ele ruinzinho e já estava fora há uns dois dias quando recebi a ligação para voltar porque o Davi não estava bem. Voltei a estrada toda chorando, arrependida por ter saído e aquilo até hoje me traz uma lembrança bastante dura porque ele precisou ficar internado em casa e levou um tempo para se recuperar. Foi uma situação traumática para mim”, recorda.
Filhos pequenos exigem mais atenção, mas o tempo passa rápido para todos nós. “Olhando para trás, sei que honrei minha maternidade e minha profissão, que recebem o melhor de mim”, poderá a mãe do Davi. Exatamente neste ponto reside a mensagem que fica ao filho por tamanha dedicação: “a maior felicidade do mundo é ter uma família e um trabalho digno! ”, afirma, segura do que viveu até aqui.

O que é ser mãe para você?

“Ser mãe é se doar, doar tempo, doar horas de sono, abrir mão de um bom e demorado banho, até de uma comida quentinha no almoço. Ser mãe é ensinar e aprender. É crescer junto do seu filho. É amar incondicionalmente. Ser mãe é a coisa mais maravilhosa que existe na face da Terra, com todos os tropeços e fraquezas, com esse amor puro e verdadeiro, do jeitinho que é.