Psicologia no processo de cura

Quase um ano e meio de enfrentamento da Covid-19. Com quantas emoções fomos obrigados a lidar pelos momentos vividos? Inúmeras. Neste combate, uma classe profissional aliada é a dos psicólogos, que também entregam seus conhecimentos em benefício daqueles que sofrem. Dentro do Hospital Beneficente São Carlos, a psicóloga Michelle Balzan realiza um serviço essencial da instituição à recuperação dos pacientes Covid: vídeochamadas com as famílias.
A iniciativa acontece duas vezes por semana, desde o ano passado, e ameniza os efeitos da separação causada pela necessidade de isolamento que a doença traz.
Segundo a psicóloga, a contribuição para a recuperação do paciente é efetiva, já que mente e corpo não dissociam. “Quando o paciente é internado para cuidados intensivos, o pavor, a insegurança e o sofrimento tomam conta da família. O medo da morte e a dor por não poder estar perto de quem ama era, no começo da pandemia, e ainda é muito forte. O paciente é o amor de alguém e a gente cuida dele dessa forma. Desde o início o hospital tem o diferencial de permitir visitações na UTI Covid – tudo muito bem estruturado e cumprindo todos os protocolos de segurança – e as vídeochamadas aproximam ainda mais a família e o paciente porque através delas é possível participar pessoas que não podem vir às visitas presenciais”, explica Michelle.
Tudo acontece mediante a vontade do paciente, quando ele está lúcido. A psicóloga planeja e organiza o momento com as famílias, sempre analisando as possibilidades para que as atividades da equipe médica e enfermagem não sofram interferência. “Quando os pacientes estão entubados, há familiares que preferem não os ver dessa forma, então enviam áudios, orações com palavras de amor, de ânimo, de fé, de força. Mas a grande maioria quer participar porque se sente acolhida, menos angustiada e o benefício psicológico é imenso”, ressalta.
Segundo ela, os resultados positivos são notórios tanto para os pacientes quanto para suas famílias. “É nítida a renovação que o contato das vídeochamadas proporciona para que continuem no processo de vencer um dia de cada vez.
Aos 29 anos, Michelle está no São Carlos desde 2019. Atualmente é a única psicóloga da instituição e realiza todo o processo de psicologia organizacional e clínica hospitalar. “Sigo minha missão com todo carinho e respeito, buscando promover e preservar a saúde e fortalecendo constantemente o emocional de quem cuida e de quem é cuidado”, acrescenta.
Para ela, o serviço das vídeochamadas traz ricos momentos não apenas aos pacientes e suas famílias, que conseguem unir corações à distância, mas para ela como pessoa e profissional. “No momento que realizo as vídeochamadas estou servindo de ponte para o amor se revelar e por isso para mim nunca será um trabalho e sim uma honra poder estar ali sendo cúmplice de tantos sentimentos e emoções sinceras. Muitas vezes fica até difícil conter as lágrimas! ”, confessa sem esconder a humanização como parte do tratamento dos pacientes.
Para alívio de quem tem a vida modificada pela Covid-19, muita evolução foi alcançada na maneira de lidar com a doença. Muito se aprendeu de ambos os lados e ações como esta do hospital amenizam os indescritíveis sofrimentos dos momentos difíceis.
Um tripé, um tablet e uma ligação feita por um psicólogo mostram o quanto são úteis no processo da cura das pessoas.
Mais do que remédios e procedimentos eficazes, a fragilidade de quem enfrenta a doença quer encontrar conforto em palavras e atitudes mais humanas porque também é disso que nasce a esperança, tão essencial à vida.
Com a divulgação deste importante serviço do Hospital Beneficente São Carlos, executado pela psicóloga Michelle Balzan, homenageamos os psicólogos pela passagem da celebração da profissão, em 27 de agosto.
Parabéns a todos, especialmente a nossa entrevistada que está de coração na missão de aproximar paciente e família em momentos difíceis.