Retomada da produção de kiwi no município em discussão

Assunto foi tema do evento Dia de Campo, realizado no dia 28/10, e teve como pauta o estímulo do cultivo e o manejo correto da fruta, através do compartilhamento de informações entre técnicos, agricultores e entidades

Ação abordou ainda boas práticas agrícolas, ponto de maturação e manejo pós-colheita, tolerância genética e combate às pragas como estratégias para a retomada da cultura do kiwi.
Promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural de Farroupilha e Emater/RS – Ascar, o encontro realizado no Salão da Comunidade de Santo André, em Linha Jacinto, reuniu um público de aproximadamente 140 pessoas, entre palestrantes e produtores tanto de Farroupilha como de outros municípios, como Flores da Cunha, Garibaldi, Caxias do Sul, São Marcos e São José do Ouro.
A manhã foi destinada para palestras e na parte da tarde, os participantes puderam conferir junto a propriedade do agricultor Celito Contini, práticas como condução de poda, fertilidade de solo, manejo da polinização e produção de mudas, entre outras práticas.
Farroupilha já foi considerada a capital nacional do kiwi. A produção iniciou há mais de 30 anos. No entanto, estimativas apontam que em 2010, o município tinha 130 hectares cultivados por 70 produtores rurais e uma produção de cerca de 2.350 toneladas. Atualmente, o cenário compreende 45 produtores, que produzem em uma área de 60 hectares e, conforme dados de 2020, a produção foi de 450 toneladas.
Esse declínio da produção foi provocado pela Ceratocystis fimbriata, uma doença que apareceu no Brasil há cerca de 10 anos provocando a morte de plantas. O fungo causou muitos prejuízos aos produtores, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Conforme o engenheiro agrônomo Gervásio Silvestrin, a doença apareceu de maneira discreta e rapidamente avançou sobre a área plantada. Ele aponta fatores como desconhecimento sobre a doença e a não existência de defensivos liberados na época, como fortes complicadores para que o fungo se alastrasse e muitos produtores acabassem perdendo sua produção. “Não se tinha conhecimento sobre o que estava causando essa doença e isso acabou prejudicando muito a cultura. As perdas foram enormes. A partir daí, através de pesquisas e estudos de diversos profissionais e entidades, como a Embrapa e a Universidade Federal do RGS, avanços importantes foram feitos e hoje, com o resultado desses estudos e a liberação de defensivos podemos ver um novo cenário surgindo”, destacou Silvestrin.
Gervásio acredita que acontecerá a retomada do cultivo com as mudas de ponta que estão sendo bem adaptadas ao clima, ao contrário dos anos anteriores. Exemplo disso é a variedade Soreli que vem se adaptando muito bem ao clima da região, tem valor de mercado e é muito consumida. “Esse evento teve uma importância muito grande, pois mostrou que estamos no caminho certo. As pesquisas trouxeram novas variedades e ferramentas para enfrentar as dificuldades e tenho certeza que teremos uma cultura renovada”, complementou.
Conforme o secretário de Desenvolvimento Rural de Farroupilha, Fernando Silvestrin, o evento foi um pontapé inicial para a volta do desenvolvimento da cultura do kiwi. “Muito já se avançou, como o surgimento de novas mudas, a partir de pesquisas realizadas, inclusive pela Embrapa. Com isso, é possível um retomo da produção com variedades mais resistentes, aliadas ao conhecimento no manejo. Isso representará maior diversificação da cultura e melhorias aos nossos produtores”, salienta o secretário.
Ele ressaltou ainda o trabalho dos envolvidos para que o resultado do encontro fosse positivo. “A participação de produtores que têm o interesse em voltar ao cultivo da fruta, as informações compartilhadas e técnicas apresentadas mostraram que o evento superou a expectativa”, acrescentou o secretário.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Farroupilha, Sintrafar, Márcio Ferrari, concorda que o evento foi fundamental para o compartilhamento de informações sobre o kiwi. “Tivemos a oportunidade de conferir desde tecnologias que podem ser empregadas, até novas variedades mais resistentes e o manejo da fruta. Sem dúvida, um encontro extremamente positivo, mostrando que a atividade é rentável, viável e pode representar uma forma de diversificação de cultura. Isso tudo traz um respaldo para nossos produtores”, comentou Ferrari.

Expectativa é que a fruta volte a ser a protagonista

Com a retomada da produção de kiwi, espera-se que o município volte a ocupar destaque no cenário nacional no cultivo e, ocupe novamente o posto de capital nacional do kiwi.
De acordo com o secretário Fernando Silvestrin, já no próximo ano, será novamente realizada a Festa Nacional do Kiwi – Fenakiwi, que teve sua última edição em 2017, em meio às dificuldades enfrentadas pelos produtores de kiwi em Farroupilha, onde foi reorganizada como feira multissetorial.
E a Fenakiwi já tem data definida. Ela vai acontecer no período de 7 a 24 de julho de 2022, aos finais de semana, onde o kiwi volta a ser a estrela da festa.

FOTO: Ari Júnior
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