Secretaria da Saúde lança campanha para prevenção ao suicídio no Rio Grande do Sul
A procura por ajuda nos serviços de saúde é considerado um fator essencial para a prevenção e redução dos indicadores no estado
No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, a Secretaria da Saúde (SES) lança a campanha “Juntos na torcida pela vida – pedir ajuda faz bem”, com vídeos que serão veiculados nas redes sociais durante o mês de setembro, dedicado à prevenção ao suicídio. A campanha conta com a participação de atletas do Grêmio e do Internacional falando sobre a importância de as pessoas procurarem ajuda nos serviços de saúde.
A campanha “Juntos na torcida pela vida” é desenvolvida pelo Comitê Estadual de Prevenção ao Suicídio. Faz parte de uma programação que inclui ações que reafirmam a promoção à vida, com foco na prática de escuta, acolhimento, atenção e cuidado com as pessoas que apresentam sinais de sofrimento. Em 18 de setembro, será realizado o 8º Seminário Estadual de Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio, em Rio Grande. O evento acontecerá das 9h às 16h, no Teatro Municipal, localizado na rua Major Carlos Pinto, 312.
As inscrições estão abertas e só restam 50 vagas. Esta será a primeira edição descentralizada do evento, que a partir deste ano será realizado em regiões prioritárias do Rio Grande do Sul, que apresentam altos índices por causa multifatoriais. As inscrições podem ser realizadas pelo link. Também serão desenvolvidas diversas atividades em escolas, universidades e serviços municipais de saúde da capital e do interior. Em 4 de outubro, finalizando a programação, haverá uma live sobre saúde mental no pré-natal da Atenção Primária de Saúde (APS). Haverá transmissão on-line.
Iluminação especial
O Palácio Piratini receberá iluminação cênica com luzes amarelas na noite de 10 de setembro para demarcar o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Também estão iluminados outros prédios públicos e privados de Porto Alegre com luzes amarelas, entre 1º e 15 de setembro. São eles: Assembleia Legislativa, na Praça da Matriz, Prefeitura de Porto Alegre, Pinacoteca Rubem Berta, Chalé da Praça XV, Mercado Público, Museu da Brigada Militar e Museu do Trabalho.
Dados sobre suicídio
Ainda no mês de setembro, será publicado o Informe Epidemiológico dos casos no Rio Grande do Sul em 2023. Elaborado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), o documento busca discutir essa temática, incentivando gestores e profissionais a planejarem ações de enfrentamento para esse problema de saúde pública.
O Rio Grande do Sul, historicamente, apresenta as maiores taxas de mortalidade por suicídio do país. Entre 2015 e 2023, as taxas de mortalidade por suicídio no país subiram 38,37%. O Estado seguiu a tendência nacional, com 32,17% de aumento. Em 2023, ainda que os dados sejam preliminares, foram registradas 1.548 mortes por esse agravo no Rio Grande do Sul. Dos casos registrados, 80,04% são de pessoas do sexo masculino.
A taxa de mortalidade dos homens aumenta conforme avança a faixa etária, crescendo também a diferença em relação ao sexo feminino. A partir do ano de 2022, também houve um aumento na mortalidade por suicídio da população indígena no Estado. No ano de 2023, atingiu seus maiores números (29,29%).
“Adotar um recorte de equidade na análise epidemiológica do comportamento suicida não só melhora a eficácia das intervenções, mas também promove um sistema mais justo e inclusivo que reconhece e enfrenta as desigualdades existentes. Isso contribui para uma abordagem mais eficaz na promoção da saúde mental e na redução das taxas de suicídio”, ressaltou o coordenador do Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, Bruno Moraes.
Tentativa de suicídio
A notificação do comportamento autolesivo (arranhões, queimaduras, perfurações, mordeduras e cortes) e da tentativa de suicídio é compulsória e deve ser feita em até 24 horas, conforme Portaria do Ministério da Saúde 1.271, de 6 de junho de 2014, com o propósito de garantir a intervenção oportuna nos casos.
De 2015 a 2023, foram realizadas 227.111 notificações de violência interpessoal/autoprovocada no Rio Grande do Sul. Destas, 69.689 foram classificadas como comportamento autolesivo e tentativa de suicídio, o que representa 30,68% do total das notificações.
Pode-se observar aumentos mais acentuados nas taxas de notificação das lesões autoprovocadas, nas faixas etárias de 15 a 19 anos e de 20 a 29 anos no período de 2016 a 2019. A faixa etária de 10 a 14 anos apresenta expressivo aumento das taxas a partir de 2020, no contexto pós-pandemia.
A notificação é um elemento-chave na atenção integral às pessoas vítimas de violência e tem como um dos objetivos principais subsidiar as políticas públicas para prevenção e atenção às situações de violência, indicando prioridades e permitindo a avaliação das intervenções.
A SES, por meio do Cevs, desenvolve ações de qualificação das notificações do comportamento autolesivo junto às Coordenadorias Regionais de Saúde e aos municípios. São promovidas capacitações mensais para os profissionais da saúde e da rede intersetorial para a identificação/notificação no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e encaminhamento dos casos.
Há um esforço conjunto com a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde da População LGBT para ampliar em todo território estadual as notificações dos casos de violência. Atualmente, a pasta dialoga com os ambulatórios trans para intensificação dos registros.
A Vigilância Epidemiológica e o Observatório de Análise de Situação do Comportamento Suicida do RS estão trabalhando para constituir a investigação dos óbitos por suicídio no Estado, visando ampliar o olhar sobre o fenômeno e identificar ações que possam contribuir para o enfrentamento do suicídio.
“Ainda existe uma subnotificação dos casos de violências, principalmente da violência autoprovocada. Precisamos avançar nas notificações em serviços de atenção primária e secundária, bem como qualificar a completitude dos campos da ficha de notificação, especialmente quanto à orientação sexual e à identidade de gênero”, destacou a especialista em saúde do Cevs, Marcia Fell.
Comitê Estadual
Para enfrentar esse problema de saúde pública, o Estado conta, desde 2016, com um Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, coordenado pela SES e com composição intersetorial. Este ano, o Comitê está organizando eventos descentralizados nas regiões com maiores índices de mortalidade por suicídio. Além disso, apoia a pasta em palestras sobre promoção de saúde mental com os profissionais que atuam diretamente com os jovens nas instituições de ensino.
Por meio do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde (DAPPS), a SES vem fortalecendo ações de valorização da vida, com foco especial na pessoa idosa através da Rede Bem Cuidar RS, e qualificando o cuidado em saúde mental na Atenção Primária.
Por conta da complexidade do tema, a diretora do DAPPS, Marilise Fraga, ressaltou que é importante efetivar ações de promoção da vida durante todo o ano. “A continuidade nas ações de prevenção do suicídio é essencial para garantir uma abordagem eficaz e integrada que oferece o suporte e os recursos necessários ao longo do tempo, ajudando a salvar vidas e a promover o bem-estar mental.”
Busque ajuda
- Se você estiver se sentindo deprimido(a) e/ou sem motivação para viver, busque ajuda.
- Compareça à unidade de saúde mais próxima da sua residência e converse com um profissional.