“Tão tristes,são lágrimas na inundação”

A frase do título podia apenas
ser poesia cantada em música. Infelizmente, não é.

Lágrimas se juntam às tantas águas que destruíram vidas e sonhos. A realidade virou sinônimo de pesadelo para um número estrondoso de gaúchos atingidos pelo percurso devastador do rio Taquari.
Esta edição do Jornal O Farroupilha começou com o triste registro da queda da ponte de ferro de Nova Roma do Sul. Com ela outras pontes sucumbiram, todas levadas pelas águas, águas que encharcaram histórias.
O vale virou pântano. As cidades devastadas nunca mais serão as mesmas, ainda que reconstruídas com a valentia da união e a solidariedade das pessoas.
Vai levar tempo e muito trabalho para o renascer. O choque ainda é grande e aumenta com o crescimento do número de mortos com o baixar das águas.
Quem sobreviveu, depois de correr ou passar horas em telhados aguardando resgate, está abrigado em ginásios sem ter uma casa para onde voltar.
O sofrimento vai muito além das preocupações econômicas e ambientais e tinge de dor também os laços mais sagrados que existem entre os seres. Muitos não sabem onde estão seus parentes, outros choram suas perdas. Pessoas de Farroupilha têm famílias, amigos, clientes, fornecedores e conhecidos nas cidades atingidas!
A assustadora enchente do rio Taquari deixou resultados que nos fazem lembrar dos tsunamis na Ásia e do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, em 2015.
Entenda, nesta edição, como se formou a inundação que devastou as cidades do Vale do Taquari. Catástrofe que marca e modifica a história do nosso Estado.
A frase do título podia apenas ser poesia cantada em música. Infelizmente, não é.

Conteúdo cedido pelo Jornal A Hora, de Lajeado

TEXTO: Claudia Iembo

Ponte de Ferro sucumbe à corrente do Rio das Antas

As fortes chuvas fizeram subir o nível das águas do Rio das Antas e a força da correnteza derrubou a estrutura – construída no governo de Getúlio Vargas – que ligava Farroupilha a Nova Roma do Sul

A primeira semana de setembro, o mais festivo dos meses para o povo gaúcho, trouxe as consequências do excesso de chuvas para o Estado e inevitavelmente tristeza: na segunda-feira, 04/09, a força da correnteza do Rio das Antas derrubou a ponte de ferro que ligava Farroupilha a Nova Roma do Sul. O nível do rio subiu devido aos temporais e atingiu a altura da ponte, que sucumbiu em dois momentos distintos.
Um dos cartões postais da serra gaúcha, a ponte de ferro foi ícone representativo da determinação humana, pois foi construída por cerca de 200 operários liderados pelo engenheiro Heitor Mazzini, em novembro de 1928, no governo de Getúlio Vargas.
Conta a história que Angelo Venzon e Angelo Antonello, dois proprietários de serrarias em lados opostos do rio, forneceram materiais para a construção da ponte, que avançou com duas pedreiras operando em cada margem do rio, o que possibilitou a elevação de um pilar imponente de 22 metros de altura no meio do rio.
Durante a construção da ponte não houve registro de acidentes e a inauguração estava marcada para acontecer em 12 de outubro de 1930, mas a revolução daquele ano interrompeu o planejamento, fazendo com que no dia 3 de outubro, soldados do exército arrebentassem as correntes que haviam na ponte e dessem tiros por ali, “inaugurando” a ponte Getúlio Vargas, sempre conhecida como Ponte de Ferro, uma construção importante para a economia local e um atrativo turístico até sua queda.
Sem a ponte, resta a dificuldade para o acesso à Nova Roma do Sul. A única forma de chegar ou sair do local é pela ERS- 448, sentido a Antônio Prado, já que a balsa que liga o município a Nova Pádua também está inoperante devido às chuvas.
A ponte caiu, mas sua história permanecerá viva na memória dos gaúchos e dos turistas que passaram sobre ela.

*Fonte: Rádio Nova Roma FM