“O queijo apareceu por acaso e mudou tudo”, diz Marcelo Somacal, o Agricultor Destaque 2025

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Claudia Iembo
claudia@ofarroupilha.com.br

Além do paladar dos clientes, os prêmios da Queijaria Somacal atestam a qualidade dos produtos e por isso, seu fundador Marcelo Somacal vai receber, neste dia 14 de julho, às 18h, na Câmara Municipal de Vereadores, o Título de Agricultor Destaque 2025.

Fundada em 2007, com foco na produção de queijos artesanais, a empresa é a primeira do ramo em Farroupilha a ter o Selo Queijo Artesanal no queijo colonial, o que significa que o produto pode ser comercializado em território nacional, como de fato é. A marca está presente nas regiões sul, centro-oeste e nordeste, além do varejo localizado na avenida principal do Santuário de Caravaggio, aqui em Farroupilha.

São cerca de 23 variedades de queijos como o de vinho e a ricota fresca – ambos medalha de prata no International Cheese Awards, em Araxá, Minas Gerais – o parmesão, o maturado no azeite de oliva, suíços, minas, entre outros.

Por trás de todo o processo que resulta em produtos premiados, como também o queijo Colonial Extra e o Queijo Temperado com Cebola, Salsa e Alho (ambos medalha de ouro no Concurso de Queijos Artesanais do RS) e o Queijo Colonial Temperado com Orégano (medalha de prata no mesmo concurso), existe dedicação e persistência, como diz o próprio Somacal, que ainda está na final do Prêmio CNA Brasil Artesanal 2025 – Queijos, que acontece em 22 de julho em Brasília.

JF – Fale um pouco de você para que os leitores possam conhecê-lo melhor.
MS – Sou filho de Lúcia Sartor Somacal e Florindo Somacal. Meus pais sempre viveram da agricultura e desde pequeno cresci acompanhando essa rotina no campo. Nunca imaginei que trabalharia com queijos, meu plano era empreender dentro do universo rural, mas o queijo apareceu por acaso e mudou tudo. Fui fazer um curso de geleias pela EMATER e, durante as aulas, percebi que meu verdadeiro interesse estava nos queijos. Foi aí que tudo começou.

JF – Como começou, em 2007, sua produção de queijos?
MS – Tínhamos um pequeno tambo de leite, com algumas vacas, e resolvemos aproveitar o leite para tentar produzir nossos próprios queijos. Depois do curso básico de queijos artesanais, fizemos o primeiro teste com o queijo colonial — e, a partir dali, não paramos mais. Foi um início modesto, com muito aprendizado, mas cheio de paixão e dedicação. A cada nova receita, fomos nos aperfeiçoando, aprendendo com os erros e comemorando cada acerto. A produção cresceu naturalmente, sempre focada na qualidade.

JF – Seus produtos são premiados e agora você alcança o título de Agricultor Destaque. O que isso representa para você e para sua empresa?
MS – É uma grande honra e uma enorme responsabilidade. Receber esse reconhecimento como Agricultor Destaque é a prova de que todo o esforço, estudo e comprometimento valeram a pena. Para mim, pessoalmente, representa a realização de um sonho que começou de forma simples. Para a nossa empresa, é um impulso para seguir inovando, aprimorando os processos e valorizando ainda mais o que produzimos. É também uma forma de dar visibilidade à importância do produtor rural e do queijo artesanal na economia local e na cultura da nossa região.

JF – Sirlei, sua sócia, e sua filha Júlia, de 15 anos, também estão inseridas no negócio e comprometidas com a qualidade alcançada. O que é trabalhar em família?
MS – Trabalhar em família é desafiador, mas muito gratificante. A Sirlei, minha sócia e parceira de vida há 15 anos, sempre acreditou comigo nesse projeto. Ela esteve presente em todas as fases: desde a primeira produção até os momentos mais decisivos da queijaria. Já a Júlia, nossa filha, cresceu nesse ambiente e hoje, mesmo tão jovem, já entende a importância do que fazemos. Ela participa, aprende e contribui com o olhar da nova geração. Isso fortalece o negócio e dá continuidade à nossa história.

JF – Como vocês mantêm o padrão alcançado pela queijaria?
MS – Somos muito rigorosos com os processos. Desde a alimentação das vacas até a cura dos queijos, cada etapa é feita com atenção e carinho. Buscamos constantemente capacitação — participamos de cursos, eventos e trocamos experiências com outros produtores. Além disso, realizamos testes frequentes e controle de qualidade para garantir que cada queijo que sai da nossa queijaria mantenha o padrão que conquistamos. A inovação também faz parte: estamos sempre em busca de novas técnicas e sabores, sem perder nossa essência.

JF – Qual é o campeão de vendas da marca Somacal?
MS – Nosso campeão de vendas é o queijo colonial, que foi o primeiro que produzimos e segue sendo o preferido de muitos clientes. Logo em seguida vem o queijo Caravaggio, um queijo autoral que desenvolvemos com muito carinho e identidade própria. Ele tem conquistado cada vez mais admiradores.

JF – E seu queijo preferido?
MS – O meu preferido é o queijo Oliva. Gosto muito do sabor marcante da oliva combinado com a textura única que conseguimos alcançar nesse queijo. Ele tem personalidade e representa bem nossa proposta de unir tradição com inovação.

JF -Como está sendo a participação na Fenakiwi?
MS – A Fenakiwi tem sido uma oportunidade incrível de mostrar o nosso trabalho para um público mais amplo. O evento valoriza os produtos locais e nos coloca em contato direto com os consumidores, o que é muito enriquecedor. As trocas, os feedbacks e o reconhecimento nos motivam ainda mais. É um espaço de celebração e também de aprendizado.

JF – O que é preciso para alcançar o destaque naquilo que se faz?
MS – Acredito que o segredo está em unir paixão, dedicação e persistência. Estar disposto a aprender sempre, não ter medo de errar e colocar verdade no que se faz. Além disso, é fundamental valorizar as origens, respeitar o tempo das coisas e trabalhar com responsabilidade. O reconhecimento é consequência de um trabalho feito com amor e constância.

Alguns dos prêmios dos produtos consagrados emoldurados pelo Santuário de Caravaggio ao fundo