História de coragem e fé

Atual comunidade foi fundada em 1949, construindo nova capela

O povoamento da região de Santi Angeli, como era denominada na época Santos Anjos, iniciou poucos anos depois da chegada dos primeiros imigrantes a Nova Milano, berço da colonização italiana, em 1875. A primeira capela foi construída por volta de 1889 e estava localizada nas terras de Vitório Cervelin. Era constituída de moradores que ocupavam uma extensa área no Vale Trentino. Por isso, anos depois, ela se desmembrou formando duas comunidades: São Roque e Nossa Senhora da Salete. A pequena capelinha acabou sendo desativada.

Moradores de Santos Anjos resolveram construir uma nova capela em terras de Olivo Cappelletti, a cerca de 200 metros da atual. Na década de 40, a comunidade dos Santos Anjos seria novamente dividida em duas. Na região norte, ficou a atual comunidade de Salete, que construiu sua própria capela. Definida a nova área de Santos Anjos, os moradores decidiram construir a capela, mais ampla e moderna, próximo à antiga.

Porém, por sugestão do vigário padre José Casanova, que atendia aquela vasta região, foi escolhido o terreno doado por João Perini. O local foi abençoado em janeiro de 1946, bem como a olaria onde seriam feitos os tijolos para a nova igreja. Em 1947, o bispo diocesano Dom José Baréa dava a bênção à pedra fundamental e o ato solene contou inclusive com a presença do prefeito de Farroupilha, Raul Cauduro.

Para construtores da capela, foram contratados os irmãos Aldo e Aleixo Piazza. Durante a construção, todos os sócios deram exemplo de trabalho comunitário, colaborando com entusiasmo. Os mais abnegados eram os fundadores: Ovídio Bridi, Aristides Broilo, Dante Cappelletti, Amábile Cervelin, Francisco Colombo, Primo De Gasperi, Secondo De Gasperi, Terço De Gasperi, Otávio De Gasperi, Bortolo Milesi, José Milesi, João Perini, Paulo Radaelli e suas respectivas famílias.

Finalmente, no dia 6 de fevereiro de 1949, a comunidade recebeu o bispo Dom José Baréa, autoridades e demais convidados da região para a inauguração da nova capela. Após a bênção solene, Dom José rezou missa festiva, concelebrada pelos padres José Casanova, Albino Agazzi, Plínio Bartelle e pelos padres passionistas Gregório e Marcos.

No dia 3 de outubro de 1999, a comunidade celebrou os 50 anos da atual igreja. A festa foi marcada por missa solene, almoço e teve organização dos festeiros Erni e Gilda Pietrobelli, Jadir e Marilene Sgarabotto e Horácio e Otilia Balbinot.

Uma comunidade festeira

Ao longo dos anos, a comunidade de Santos Anjos sempre procurou preservar os valores culturais, religiosos e artísticos. Como o nicho que abriga imagens de santos, feita por Ângelo Milesi (nono Leto) e guarda as flores, confeccionadas por Luiza Radaelli, ambos imigrantes vindos da Itália. Os mais antigos lamentam apenas a demolição do velho campanário, logo depois da inauguração da nova igreja. Construído todo em pedra no início do século passado, foi derrubado e o material serviu para ser usado nos alicerces do salão e da escola.

Atualmente, a comunidade tem como presidente Valter Bampi e como vice Clóvis Bridi. Cecília Silvestrin Bridi, esposa do vice Clóvis, destaca que são realizadas duas festas por ano: uma em abril, consagrada à Santa Gema e outra em outubro, para Santo Anjo da Guarda. Além disso, são também promovidos bailes. E o mais apreciado em toda a região, é o Baile dos Monarcas. Ele acontece este ano dia 5 de novembro, animado pelo Grupo Os Monarcas, de Erechim. A tradição começou quando o grupo animou um baile alguns anos atrás e desde então já tem contrato fixo todos os anos.

A comunidade de Santos Anjos tem uma característica diferenciada. É feito um rodízio de diretorias e cada componente sabe antecipadamente em que ano vai comandar a programação da igreja. Fazem parte do complexo comunitário a Sociedade Cultural e Recreativa Trentino e o time do Grêmio Trentino.
 

Texto Diomar Esteves