No alto do Vale Trentino

Comunidade surgiu quando chegaram os primeiros italianos no século XIX

Quem visita o Vale Trentino, na divisa entre os municípios de Farroupilha e Caxias do Sul, percebe que os usos, costumes e tradições italianas continuam de geração em geração. O amor à terra e seu fruto – a uva – transformou o Vale Trentino num passeio emocionante: belas paisagens e muitos parreirais.

Ao visitar a região pode-se visitar cantinas e conhecer o que acontece desde o plantio da videira até o descanso do vinho. Ouvirá muitas histórias do tempo da nona, com sotaque do dialeto vêneto, como a trajetória da primeira cooperativa vinícola da América Latina fundada em 1929 (Forqueta), ou a instalação da Estação Férrea em 1910. Tanto a cooperativa, para onde se direcionava toda a produção antigamente, como o trem, eram os pontos de referência para todo este vale e que aos pouco leva progresso aos vitivinicultores.

A comunidade de Santos Anjos faz parte deste contexto e é mais uma amostra do que se pode encontrar no interior de Farroupilha em termos de receptividade, belas paisagens e um amor eterno dedicado ao cultivo da uva e à elaboração de vinhos. Mas, como é comum entre as comunidades rurais colonizadas pelos descendentes de imigrantes italianos, nada foi conquistado por acaso. O progresso – hoje visível nas casas modernas e confortáveis, (algumas até são mais antigas e caprichosamente restauradas), todas dotadas de energia elétrica, telefone, internet, e até no asfalto que liga a capela aos centros urbanos da região – é fruto do trabalho intenso e do dinamismo de seus moradores.

Os descendentes herdaram dos pioneiros o gosto pelo cultivo da terra. Já não se planta o milho, o trigo, o feijão e o arroz para a subsistência. Em compensação, imensos parreirais cobrem os vales férteis e as encostas dos morros. A economia das famílias de Santos Anjos depende quase exclusivamente do cultivo das parreiras. E graças à elas, a qualidade de vida é marcante.


Texto: Diomar Esteves