Procurar emprego ou trabalho?

Muitas pessoas acreditam que esta é a época ideal para se procurar emprego. A qualificação facilita a busca por uma melhor vaga, mas pode não ser tudo. Enquanto isso, sobram vagas no Balcão do Trabalhador e no SINE

Tatiane De Bastiani

Muitas pessoas que estão desempregadas buscam empregos nesta época do ano. Alguns acreditam que a oferta por empresas de todos os ramos, indústrias, comércios ou serviços, tende a aumentar neste período. Conversando com profissionais do ramo, descobrimos opiniões contrárias e diversas quanto a esta informação.

Procurar emprego pode parecer fácil, ainda mais que hoje em dia quase não mais se entregam currículos pessoalmente, mas na verdade não é. Não basta ter um papel bem preenchido, é preciso estar bem preparado. No nosso município, o Balcão do Trabalhador, junto a Secretaria de Assistência Social e Cidadania, oferece vagas para as pessoas interessadas além de cursos de qualificação, isso tudo sem custos.

Segundo Claudiomiro de Souza, diretor de departamento do Balcão do Trabalhador, esta época do ano realmente tem mais procura, mas normalmente é por parte de pessoas que vêm de outros municípios. Ele também explica que as ofertas de emprego tem se mantido alta, devido ao crescente número de novas empresas e o aumento de produção de muitas outras. 

Sobram vagas no Sine
Na mesma secretaria também há atendimento do Sistema Nacional de Empregos (SINE) que no final do ano passado criou o projeto intermediação da mão de obra para tentar diminuir o número de pessoas com seguro desemprego e consequentemente, aumentar a empregabilidade. Foram feitas visitas as empresas até a primeira quinzena de dezembro de 2011, buscando parcerias. Estas visitas retornam em fevereiro, tendo em vista o período de férias.

Segundo o coordenador da agência SINE do município, Kuka Anghinoni, nesta época de férias escolares e funcionais, a oferta de empregos costumam não aumentar para o SINE e a procura, continua pequena. Hoje o município tem cerca de 3.000 segurados.Apesar das vagas oferecidas no SINE não exigirem qualificações, Kuka comenta que muitos empregadores exigem sim qualificação, e pagam por isso o valor considerado no mercado, enquanto outros preferem não exigir por considerar que não conseguem a devida mão-de-obra qualificada que buscariam.

Para Kuka as dificuldades para a procura do emprego são várias. “Entre muitas conhecidas podemos citar a própria má vontade do trabalhador, a excessiva procura pelo benefício temporário (seguro-desemprego), a pouca remuneração oferecida, a baixa qualificação profissional, principalmente no setor de construção civil, ou a dualidade: exigência de alta qualificação, sem profissionais preparados”, argumenta.

Vale lembrar que a agência da Fundação Gaúcha do Trabalho e Assistência Social (FGTAS) que administra o SINE, é um órgão estadual qualificado para intermediar mão-de-obra, sem jamais assumir o compromisso formal da indicação. 

Em busca de uma oportunidade

Patrícia Somacal Formagini, 24 anos, busca uma vaga na área de Marketing desde outubro do ano passado. Ela acredita que esta época facilite a busca pelo emprego, principalmente se a vaga for para o comércio. A jovem começou a fazer mais entrevistas somente neste mês, sendo que busca oportunidades desde outubro.

A estudante de Marketing salienta que esta sua área de estudo não oferece muitas oportunidades de trabalho no nosso município, pois ainda são poucas as empresas que tem esse departamento. Quando você foca em uma determinada área, a dificuldade parece ser maior, pois nem sempre é logo que a vaga aparece, mas se a especificação curricular for para uma área mais ampla, como administrativo, o leque de oportunidades pode ser maior, analisa Patrícia.

A futura analista de Marketing ainda ressalta que o quesito salário e benefícios, nem sempre é o que se espera, e que um candidato qualificado e com conhecimento deve saber se valorizar, mas tudo com cautela e em seu devido momento. Patrícia se considera qualificada para a vaga que busca, pois está concluindo a faculdade e sempre busca fazer outros cursos, para demais conhecimentos.

Recursos Humanos

O vice-presidente de operações e finanças da Associação Brasileira de Recursos Humanos do estado (ABRH-RS), Orian Kubaski, disse não ter a convicção de que nesta época a procura e oferta por empregos aumente.

“Provavelmente, a velha máxima “ano novo, vida nova”, leve profissionais e empresas a uma revisão e criação de objetivos e metas pessoais ou empresariais, a buscarem novas oportunidades, talentos e desafios, para o início de um novo ciclo, transmitindo a sensação de que há um número maior de ofertas e procura de empregos, sem às vezes, realmente haver”, considera Kubaski.

Segundo o representante da ABRH-RS, o mercado em geral, continua valorizando experiência e formação educacional e profissional, mas devido as próprias mudanças mercadológicas, como a velocidade com que se apresentam novas tecnologias, as mudanças de comportamento dos consumidores, o grande número de novos produtos e serviços lançados anualmente e a insuficiência de profissionais qualificados para as demandas presentes e futuras, levam as empresas a buscarem novos profissionais, mesmo sem experiência ou formação desejada.

Como dica de diferencial curricular, Kubaski considera a capacidade de entrega de resultados e agregação de valor, vontade permanente de aprender, disponibilidade, prazer em servir e a auto – motivação. Mas Kubaski também ressalta que independentemente da profissão exercida, nenhum profissional pode abrir mão da formação continuada, da apropriação de novas habilidades e competências e da atualização tecnológica.