Soluções baseadas na Natureza

O mundo unido em objetivos comuns

Fim de ano é época de análises e de projetar a possibilidade de firmar novos compromissos para o ano que se aproxima. Em se tratando de ambiente, também existem metas a serem cumpridas, todas já traçadas em nível Brasil e apresentadas na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, realizada há pouco tempo, na Escócia.
Em termos gerais, nosso país, com a segunda maior área de florestas do mundo, se comprometeu novamente a investir para reverter o desmatamento e a degradação ambiental até 2030.
Comprometeram-se também com a meta países como Austrália, China, Estados Unidos, Guatemala, Rússia, Turquia e União Europeia. Essas nações ficam obrigadas a realizar investimentos públicos e aplicar fundos de iniciativa privada para atingi-la. Alguns desses fundos foram levantados para aumentar os investimentos em bioeconomia e Soluções baseadas na Natureza (SbN), que simulam o funcionamento da natureza em iniciativas que buscam diminuir a vulnerabilidade dos espaços a eventos como enchentes e erosão do solo.
Segundo a Aliança Brasil em Soluções Baseadas na Natureza, elas são essenciais para que o Brasil consiga cumprir outra meta com a qual se comprometeu: o Acordo de Paris, um tratado internacional contra as mudanças climáticas causadas pelo ser humano. As SbN são um conceito que se baseia em processos naturais para impactar de forma positiva a sociedade, o meio ambiente e a economia.

Exemplos:
1 – Jardins de chuva

Altamente impermeabilizado, o solo nos espaços urbanos faz com que a água das chuvas escoe com maior velocidade e tenha menor infiltração no solo, o que contribui para a ocorrência de enchentes e a menor recarga das águas subterrâneas.
Os jardins de chuva são projetados para tratar, reter e absorver essa água que escoa de ruas, telhados e gramados, permitindo que mais dela penetre no solo e seja reincorporada ao ciclo hidrológico. Compostos de arbustos, flores e demais espécies de vegetação, esses jardins são plantados em áreas de encostas naturais ou depressões do terreno em espaços urbanos. Para compô-los, é ideal escolher espécies de plantas nativas e resistentes, que possam receber bastante água em um curto período de tempo e pouca nos períodos de seca.

2 – Parques lineares
Os parques lineares são construídos no entorno de corpos d’água como rios e córregos, formando uma linha verde ao longo de seus trajetos. Assim como os jardins de chuva, quando associados ao planejamento da cidade, esses parques multifuncionais podem se tornar uma alternativa aos problemas de drenagem urbana e a regularização do ciclo da água.

3 – Recuperação de áreas verdes degradadas
No caminho que faz pela superfície terrestre até voltar aos corpos de água, superficiais ou subterrâneos, as águas pluviais podem arrastar consigo solo, folhas, galhos e, inclusive, poluentes. Atividades de conservação ambiental como a recomposição de mata ciliar e demais áreas verdes degradadas e o uso de plantas de cobertura na agricultura — que protegem o solo de erosão e auxiliam na infiltração da água — podem reduzir essa poluição nas bacias hidrográficas, além de contribuir para a recarga de aquíferos.

4 – Estações de tratamento de esgoto baseadas na natureza
Também conhecidos como alagados construídos, são sistemas de tratamento de esgoto domésticos ou industriais baseados em processos biológicos como a fitorremediação. Esse processo utiliza plantas para remover diferentes tipos de poluentes da água com baixo custo de energia. A água que passa por este tratamento pode, então, ser reutilizada para os mais diversos fins, de acordo com a qualidade atingida pelo processo — o que diminui a pressão sobre os recursos hídricos.
Problemas ambientais podem ser amenizados com ações que se inspiram na própria natureza. Porque ela é sábia e nós dependemos dela, daí a importância de cumprirmos os objetivos não apenas em 2022, mas em todos os anos para garantirmos a vida neste planeta.