Testemunha ocular da história

Clóvis Tartarotti (hoje com 90 anos) era um garoto de 13 anos em 1934 e acompanhou de perto o movimento emancipacionista na cidade

A Câmara de Vereadores de Farroupilha está completando 75 anos de história em 2011. Para comemorar a data, foi realizada uma programação especial no Plenário com a outorga da Medalha Ulysses João Castagna. A distinção, que leva o nome do primeiro presidente do Legislativo, foi entregue aos 39 ex-presidentes da Câmara. Em nome de todos os ex-vereadores, Clovis Tartarotti, que é o mais experiente e mais velho representante do Legislativo ainda vivo, usou a tribuna para fazer um discurso representando todos os homenageados.

Tartarotti foi presidente da Câmara de Vereadores nos períodos 1956/1957/1958/1964 e prefeito de 1973 a 1977.Hoje ele tem 90 anos de idade e destaca que de 1956 pra cá muita coisa mudou e evoluiu, tanto na Câmara de Vereadores quanto no município de Farroupilha. Mas, muito antes, em 1934, quando o Distrito de Nova Vicenza se emancipava de Caxias do Sul, ele já acompanhava a evolução da política e da economia.

O ex-prefeito e ex-vereador tinha 13 anos quando surgiu o movimento pró-emancipação. Ele estudava no 4º livro (como se classificava o estágio naquela época), frequentando o Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Seu pai, Guerino Tartarotti e mais os tios Vitório Tartarotti e Paulo Tartarotti eram membros da comissão. Menciona que ouvia as conversas, mas como toda criança daquela época, se preocupava mais em estudar, ir ao cinema e brincar. Mas, com uma memória invejável que possui hoje, lembra a euforia dos tios e os demais membros da comissão com a possibilidade da conquista. Um fato relevante, segundo Tartarotti, é que o General Flores da Cunha estava em campanha no período que antecedeu a emancipação, buscando sua eleição para governador. E uma das promessas de campanha era conceder a emancipação de Nova Vicenza e outros distritos do Estado.

Tanto que o nome de Farroupilha era para ser Getulio Vargas, em homenagem ao presidente da época. Entretanto, os emancipacionista fizeram questão que o nome fosse Farroupilha. Por influência do empresário Angelo Antonello, líder da comissão, o nome Getulio Vargas acabou sendo adotado por um distrito de Erechim.
Para comemorar a emancipação foi realizada uma missa campal em um terreno onde hoje é o Banco Sicredi.

Após, teve um grande churrasco em uma mata nativa nas proximidades da Estação Férrea. Tartarotti conta que participava de tudo, acompanhando a família.Mais tarde, Tartarotti foi estudar em Garibaldi e depois em Porto Alegre. Nunca imaginava que fosse chegar a veredor e prefeito um dia.

Ele trouxe à cidade o curso de Técnico em Contabilidade, juntamente com a Associação de Farroupilhenses e o Colégio dos Irmãos Maristas. Coordenou e foi professor da instituição por mais de cinco anos. As aulas eram à noite e facilitava para os estudantes que tinham outras ocupações durante o dia.

Tartarotti entrou para a política na redemocratização, em 1945, no partido UniãoDemocrática Nocional (UDN). Atuou como vereador durante 17 anos e, em seguida, de 1973 a 1977, assumiu a prefeitura de Farroupilha. Também ocupou a presidência local da Frente Agrária Gaúcha e, na década de 70 e da Companhia Estadual de Estradas Alimentadoras (CINTEA).

Mesmo aposentado, não parou de trabalhar. Ajudou a fundar a Associação dos Aposentados e Pensionistas de Farroupilha (Apopenfar) e foi várias vezes presidente da entidade. Hoje sua função é de simples auxiliar administrativo. Mas cumpre expediente diariamente e sempre recebendo a todos com muito otimismo e demonstrando uma memória invejável. Até brinca, mencionando que estaria disposto a concorrer novamente a vereador. Mas imporia uma condição: a Câmara teria que contar com um elevador, disse Tartarotti, ao lembrar a escadaria do prédio que é um tormento para os mais idosos.