Esperança

Já ouviu dizer que se está ruim, ainda pode piorar? Sempre classifiquei a ideia como discurso de pessimistas, mas não

Já ouviu dizer que se está ruim, ainda pode piorar? Sempre classifiquei a ideia como discurso de pessimistas, mas não é que faz algum sentido! Infelizmente ando sentindo na pele a veracidade do argumento.

Algo que não tem a resposta esperada acaba dando as mãos para as peças do carro que resolvem findar suas missões, atrasando-me para compromissos importantes. Acrescente diversos contratempos domésticos às pitadas de frustração por elevadas expectativas e pronto: está feita a receita que vai gerar indigestão.

Como reagir? Não sei. Tento resolver, sem reclamar muito, mas confesso que me cansa. Visito rapidamente meus refúgios mentais em busca de serenidade – serenidade e não superpoderes – e volto sem grandes repostas. Melhor agir, o relógio não para.

Ainda bem que no caminho existem pessoas dispostas ao auxílio. Se não podem fazer por nós, às vezes podem nos indicar por onde seguir. A quantidade destas pessoas nem chega a preencher os dedos de uma mão, mas tudo bem! Uma eficaz vale por dez.

Sempre haverá desafios para cada um de nós, trilhas de aperfeiçoamento que escolhemos, de alguma forma. 

Amanhã temos ao nosso dispor outro recomeço e com ele mais tranquilidade para enxergar as situações sob outros ângulos. Caso não consigamos respostas, ainda assim haverá outras possibilidades. O nevoeiro sempre se dissipa, ainda que leve um tempo maior.

Nem sei se isso é otimismo. Gosto de pensar que é esperança. Sem ela tudo que está ruim pode realmente piorar. 

A minha esperança vem disfarçada com olhos azuis e cabelos lisos e também com olhos castanhos e cabelos cacheados. São estas meninas vestidas de esperança que me ensinam quase tudo aquilo que preciso aprender.

Desta forma sigo tentando não sentir muito os efeitos dos argumentos pessimistas. Já é uma reação. “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”.

Este texto foi publicado originalmente em março de 2017