Juiz-avô

Escrevo esta crônica no dia 25 de maio. É segunda-feira, Dia Nacional da Adoção. Em setembro de 2015, escrevi: “Agora

Escrevo esta crônica no dia 25 de maio. É segunda-feira, Dia Nacional da Adoção.

Em setembro de 2015, escrevi: “Agora eu sou juiz-avô”. Era o relato de uma menina encaminhada por mim à adoção em torno de 2002. A menina cresceu, se fez adulta, casou e teve uma bebê. Assim eu me fiz juiz-avô.

Num dia desses, em maio de 2020, eu li, nas palavras do seu esposo, que a barriga daquela mulher estava cada vez mais linda e o rosto cada vez mais luminoso.

Alguns dias depois, veio a notícia, nas letras da tia/dinda, que nasceu um menino lindo, um tesouro precioso que fez da dinda a mais babona do mundo, sem palavras para descrever a emoção, só esperando o momento para pegar no colo por horas.

Fiquei, pela segunda vez, juiz-avô.

Estas notícias simples e cheias de carinho fazem o mundo poderoso mais que o ouro.

Uns dias após, em maio de 2020, recebi outra mensagem:

“Boa tarde, Dr.!

Tenho muita gratidão ao Sr que me deu um filho maravilhoso!”

As histórias acima se entrelaçam. Por volta de 2002, encaminhei, na condição de juiz, um grupo de quatro irmãos à adoção. A irmã e o irmão mais velho foram para uma família; a irmã mais nova para outra; e o mais novo para uma terceira família. Não é bom separar os irmãos, mas, às vezes, não se consegue encontrar um lar para quatro.

Passaram 18 anos! Estamos em 2020. Apesar da separação, parece que os quatro continuam próximos e irmãos, cada um com sua família. Eles se tornaram adultos. A irmã mais nova é a mamãe acima.

Em 2002, fui um juiz-pai. Agora, que chegou um menino lindo e precioso, passo, sem jurisdição, a ser juiz-avô pela segunda vez. São as melhores sentenças.
A obrigação de zelar pelos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes é de todos; o que faz cada um (inclusive os juízes) ser pai, mãe, avô, avó, tio, tia, dindo, dinda, … E por aí vai! É direito e dever de todos.

Essas mensagens simples emocionam. É a crônica de cada um sendo escrita. Cuidar bem é o melhor presente que há. São flores esparramadas que crescem e abrem novos jardins.