Movimentos: rotação e translação
– E pur si muove! – No entanto, ela se move! – Disse Galileu Galilei. Acusaram-no de heresia, pena de
– E pur si muove! – No entanto, ela se move! – Disse Galileu Galilei. Acusaram-no de heresia, pena de morte. Galileu dizia que a Terra girava ao redor do Sol, mas se retratou perante o tribunal. Por conta da retratação, foi condenado à prisão domiciliar até a sua morte (1642). No entanto, continuou em movimento.
Os julgamentos causam dúvidas e nem sempre são certos. Muitas vezes apenas o tempo dirá da (in)justiça da sentença:
– É ou não é heresia?! É ou não é centro?! Se move ou está parada igual a uns atletas do futebol da segunda e da quinta?!
Nesta rotação, inserem-se todos os conceitos. Inclusive a paternidade e a maternidade:
– É ou não é pai?! É ou não é mãe?!
– Quais são os limites do poder familiar?
A maternidade e a paternidade têm limites. Não desistir jamais dos filhos. Cultivar, com o mesmo empenho, as tempestades e os girassóis. Lembrar o aniversário de cada um como se fosse único. Mandar presentes, ainda que sem poder ver. Respeitar a individualidade como uma ciência. Chorar só de falar. E, se perder a ternura, reconhecer o erro ao dente, às orelhas, aos socos e girar de novo a face ao Sol.
Não existem conceitos absolutos, teses acabadas e pais perfeitos. Desconfio de quem têm certezas demais e vê o parasitismo, os erros e os acertos apenas num lugar. Desconfio de quem não tem dúvidas.
Oxalá Galileu nos ensine a olhar!
Oxalá os julgamentos sejam acertados em favor das crianças, dos adolescentes e dos pais!
Oxalá a ciência prepondere!
Oxalá se cuide bem da aldeia e do saber!
Que nenhuma religião esteja acima da outra! Que nenhuma pessoa esteja acima da outra! Que nenhum país esteja acima dos demais! Que a casa em que se reside seja respeitada em todos os seus meandros, a casa pequena de cada um e a grande casa Terra!
Que o trabalho seja bem remunerado! Que ninguém enriqueça às custas da fome e da miséria dos outros! Que os giros ao redor do Sol não sejam de opressão, mas de dignidade, inclusive para domésticas, colombinas e arlequins!
É o que eu peço nesta véspera de Carnaval.