O que foi, filho?
Li a mensagem num muro da internet. Roubei, como se fosse uma estrela que nos pertence. É um poema em
Li a mensagem num muro da internet. Roubei, como se fosse uma estrela que nos pertence. É um poema em forma de visita a um abrigo:
“Esses dias, por conta da ação que estamos fazendo para levar um pouco de alegria às crianças que estão no abrigo na quarentena, descobrimos que um menino que convivia com o nosso filho, na época, e maltratava ele, ainda está lá.
Assim que ele ouviu o nome do garoto, o semblante dele se entristeceu:
– O que foi, filho? Por que você tá triste assim?
– É porque ouvi o nome de fulano e ele ainda está no abrigo até hoje. Eu queria muito que ele tivesse sido adotado.
– Ué, filho! … Mas ele não te maltratava?
– Por isso mesmo. Ele é o que mais precisava ser adotado de todos, pra aprender o que é certo e errado e a amar e ser amado como eu sou. Como ele vai aprender a ser um bom menino se ninguém adota ele?
‘Caraca, garoto! … Você só tem 8 anos, mas eu tenho tanto a aprender com você! Quem dera se todas as pessoas do mundo pensassem como você, filho!’”
Para cada criança e adolescente, num abrigo, esperando a adoção, há sete pretendentes habilitados, em casa, esperando um filho bebê. Quiçá, esta crônica recite para a alma o nome de fulano e mostre a possibilidade de um filho com oito ou mais anos. Ele ainda está no abrigo até hoje.
– Eu queria muito que ele fosse adotado. Como ele vai aprender a ser um bom menino se ninguém adota ele?
Há, no Brasil, em casas de acolhimento, mais de cinco mil nomes, com mais de oito anos, esperando.
– É o que mais precisava ser adotado de todos, pra aprender o que é certo e errado e a amar e ser amado.
Há, no universo, pessoas que tem cacoete para poeta. Basta ouvir a voz da água e o crescimento das bergamotas. O formato dos cantos nasce do chão. É um trator, no inverno, passando pelas fileiras de pessegueiros, moendo os galhos do chão para as minhocas, preparando a primavera e o sobrenatural das flores.
Quem dera, os galhos da espera sejam moídos para que o sobrenatural floresça!