Nada do que foi será

Se você faz parte da geração “enta” (a dos com mais de quarenta) vai lembrar do hit musical de 1983

Se você faz parte da geração “enta” (a dos com mais de quarenta) vai lembrar do hit musical de 1983 “Como uma onda no mar”, de Lulu Santos. Diz a letra: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”. Tudo a ver com o momento que estamos passando, não acha?

Depois da pandemia, nosso jeito de viver vai mudar. Mesmo que o mundo de antes continue a existir, não é para ele que nós vamos voltar. “O coronavírus funciona como um acelerador de futuros e antecipa mudanças que já estavam em curso”, garantem os futuristas internacionais. Alguns colegas articulistas de jornais Brasil afora que, assim como eu, acompanharam as constantes transformações ao longo das últimas décadas, em seus textos também apostam que a covid será uma espécie de divisor de águas capaz de provocar mudanças no comportamento das pessoas.

 Alexandre Broilo, do Jornal O Farroupilha, de Farroupilha, em seu artigo “Pandemia Coronavírus: Momento de Reflexão”, destaca a exploração indiscriminada dos recursos humanos e naturais, a poluição ambiental, a mudança climática, a violência, as desigualdades sociais e o ritmo de vida alucinante: “Há quem diga que a pandemia é uma reivindicação do universo em prol da sustentabilidade da vida”. Chulipa Möller, do Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, em seu texto “Volta à normalidade”, alerta para o fato de que o mundo não será mais o mesmo: “Grande parte dos paradigmas que norteavam a vida de pessoas normais foi abruptamente alterada”. E Osvino Toillier, do Riovale Jornal, de Santa Crus do Sul, em seu artigo “Tempos de muitos medos”, prevê que nem nós seremos os mesmos: “Toda manhã, quando levanto, e assisto o novo dia amanhecer, junto as mãos e agradeço a Deus pelo milagre de renovação da vida”.

A quarentena nos ensinou que chorar alivia, mas sorrir torna a vida mais bonita. Nos fez refletir sobre o quanto somos frágeis e que precisamos sempre saber recomeçar. E nos mostrou que temos mais motivos para agradecer do que para reclamar. A exemplo do senhor que, após receber alta por coronavírus, recebeu a conta pelo uso do respirador artificial e começou a chorar. A atendente do hospital perguntou se ele estava chorando por causa do valor da conta. A resposta do idoso emocionou a todos: “Eu estou chorando por que faz 93 anos que respiro ar gratuitamente e nunca agradeci a Deus”.