Maior acervo fotográfico sobre imigração alemã no sul do Brasil
Organizado durante dez anos pelo jornalista e escritor Felipe Kuhn Braun, o acervo possui imagens dos diferentes hábitos dos imigrantes, desde o surgimento da fotografia no Brasil

Depois de pouco mais de uma década de pesquisas sobre a genealogia e imigração alemã, Felipe Kuhn Braun, escritor e jornalista, conquistou no final do último mês a marca do maior acervo fotográfico de cultura alemã no sul do país. São mais de 25 mil imagens à disposição da comunidade onde parte destas fotografias foram publicadas nos cinco livros do escritor, os quatro primeiros sobre a imigração alemã e o último sobre Novo Hamburgo, terra natal de Braun.
No início do seu trabalho, Braun tinha o objetivo de resgatar o passado distante de sua família a partir das histórias e imagens de seus ancestrais, mas em oito anos de trabalho já havia conseguido 1.500 fotografias antigas. Foi a partir deste momento que surgiu a preocupação com a perda deste material e o jornalista resolveu criar um mapeamento do interior, onde faz visitas quinzenalmente.
Foram visitados por Braun mais de 15 municípios entre eles Nova Petrópolis, Feliz, Santa Maria do Herval, Morro Reuter, Picada Café, Dois Irmãos, Bom britânicoPrincípio, São Sebastião do Caí, São José do Hortêncio, Salvador do Sul, Linha Nova, São Pedro da Serra, Tupandi, Novo Hamburgo e São Leopoldo. Mais de 320 famílias foram pesquisadas por todas estas cidades.
As imagens coletadas retratam os hábitos culturais dos imigrantes alemães e seus descendentes na década de 1860 (começo da fotografia no Rio Grande do Sul) até a década de 1960, final da fotografia em preto e branco. Parte deste acervo, cerca de 2000 imagens, são arquivos parciais de fotógrafos teuto-gaúchos do final do século XIX e início do século XX, que foi reorganizado, digitalizado e reimpresso por Braun.
Nas fotos são encontradas curiosidades como as noivas de preto, os carnavais do final do século XIX e começo do século XX e as sociedades de canto e tiro ao alvo. Entre as mais antigas estão imagens do interior das escolas, igrejas, fábricas, tipografias, as fotos dos escravos, das propriedades rurais e do começo de municípios como Dois Irmãos, Linha Nova, Nova Petrópolis, Feliz, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Porto Alegre.
Segundo o escritor, seu principal objetivo é conseguir material fotográfico antigo e preservá-lo através das publicações, deixando esse acervo disponível para a comunidade. O caminho até agora não foi fácil, mas hoje vejo frutos do meu trabalho nessas regiões de colonização alemã. Isso é gratificante e me anima a seguir nessa caminhada para preservar o histórico de vida de homens e mulheres que iniciaram o caminho sobre o qual trilhamos hoje, destaca.
Braun comenta que por estar há tantos anos envolvido neste trabalho, criou laços emocionais com as famílias que visita. É um aprendizado que levarei para minha vida pessoal e profissional, em cada lugar e em cada família, uma realidade diferente e novos aprendizados. Saber lidar com as diferentes realidades, saber ouvir histórias e compreender o que posso relatar e o que devo deixar de registrar. Também aprendi as formas de chegar em cada família, a forma de reunir e preservar todo esse material para a comunidade, aprendi como chegar nesses arquivos preciosos que guardam as memórias mais antigas e mais interessantes dessas famílias e dessas comunidades e que ficaram guardados a sete chaves por tantas décadas, conta. Parte do acervo fotográfico de Braun também é encontrado em seu site: www.imigracaoalema.com e blog: www.memoriadopovoalemao.blogspot.com.