O Natal em muitas casas tem um toque dela

Uma semente plantada pela avó e pela mãe gera frutos no artesanato praticado por Cris Seibert, a professora que não teve medo de mudar seus caminhos profissionais

Dezembro chegou trazendo com ele todas as cores e luzes da festa mais esperada do ano e para que ela aconteça de forma linda e encantadora, muitos profissionais empregam horas e criatividade nos adornos que fazem do Natal ser o que é, dentro dos lares e fora deles.


Há pouco tempo conheci pessoalmente – porque eu já a seguia nas redes – a Cris Seibert. Foi na Feira do Livro, quando estava expondo sua arte. Na ocasião, falei que a procuraria para conversar e vi naquele instante a emoção que os olhos dela não puderam esconder. No bate-papo entendi um pouco do sentimento que carrega, afinal, entre tantos outros fatores, ela teve coragem de mudar de profissão para sentir mais a leveza da vida, sendo dona do seu tempo fazendo o que gosta: arte. De professora virou artesã. Coisa que passa de avó para neta.


Cristiane Brustolin Seibbert, a neta da dona Rosa, costureira, filha da dona Lourdes, exímia no crochê, aprendeu de pequena a bordar, pintar e atenta às roupinhas que a avó fazia para suas bonecas, foi crescendo com intimidade com estas artes.


Estudou Letras, casou com o Ricardo e a chegada dos filhos Sabrina e Cassiano trouxe de volta a vontade de dedicar mais tempo ao artesanato, desta vez em produções para suas próprias crianças. “Quando a Sabrina nasceu comecei a fazer bonecas de pano e mesmo lecionando, fui me dedicando”, lembra Cris, voltando 16 anos, ao nascimento da filha.


Vida seguindo, a pandemia trouxe o repensar da vida profissional e o aprendizado de novas técnicas, como o pontilhismo utilizado na pintura de mandalas de MDF, acenou com a possibilidade de novas rotas. “Costumo dizer que se a pessoa tem vontade de aprender e se dedicar a isso, a Internet abre um mundo de opções. Então decidi não voltar mais para sala de aula para ensinar Língua Portuguesa, Literatura e Inglês. Optei pelo conforto de minha casa, onde eu determino as horas do meu trabalho”, conta Cris.


Essa virada na vida profissional é o objetivo de muitas pessoas que sabem que podem ser ainda mais felizes em seus cotidianos. Cris, tendo o respaldo e apoio da família, experimentou os benefícios da coragem de agir. “Sou uma pessoa muito mais tranquila hoje e agora que me aposentei, quero viver fazendo minha arte”, diz com um sorriso de quem verdadeiramente encontrou a si mesma.


Vez ou outra ainda dá aula particular das matérias que lecionava, mas é mais fácil encontrá-la expondo suas peças em feiras e eventos de Farroupilha e Caxias do Sul. “Tive pessoas que me ajudaram no despertar da arte em mim, agradeço por isso e sigo acreditando que há espaço para todos os artesãos que compartilham com o público suas produções”, enfatiza.


Atualmente o Natal reina na produção, mas as mandalas, assim como os bonecos, nunca perdem seu espaço. “Papai Noel de porta é o que mais estou fazendo, assim como as caixas de panetone e outros itens da data, mas sempre há clientes para tudo”, entrega, ainda dizendo que passando a festa, começa a produção de Páscoa, outra ocasião interessante de vendas para ela.


A filha Sabrina ajuda a mãe nos eventos e com seus 16 anos é a responsável pelas redes sociais. “Incentivamos bastante o trabalho dela, achamos tudo muito bonito, mas confesso que não tenho paciência para aprender, como ela teve”, diz, acenando pela opção de jornalista – para orgulho da mãe formada em Letras.
“Sou mais feliz hoje e experimento uma grande satisfação quando vejo a admiração de quem compra um trabalho meu”, finaliza a mulher que continua deixando sua marca na vida das pessoas. Antes pelas palavras que ensinava, agora pelas cores e formas de seu artesanato. Tudo arte, afinal.

REPORTAGEM: Claudia Iembo