Um chacoalhão chamado Carpinejar

O escritor Fabrício Carpinejar, trazido à cidade pelo grupo DNA da Alma, alertou a plateia de 1300 pessoas, na noite de 14 de maio, sobre os cuidados que devemos ter com nossos pais

Quando divulgamos que Fabrício Carpinejar tinha uma ligação com Farroupilha, como ele mesmo nos disse, restou a curiosidade. No encontro, oportunizado pelo DNA da Alma, antes da palestra do escritor, que atraiu 1300 pessoas ao Centro de Eventos Mário Bianchi, na terça-feira, dia 14 de maio, eliminamos a questão. “O que eu já deixei do meu salário na Anselmi e na Tramontina é brincadeira! Já me sinto acionista das duas empresas. Eu e minha esposa nos vestimos bem em função de Farroupilha”, respondeu, com bom humor.

Humor que apareceu durante o tempo que expôs seus pensamentos em frases carregadas de ideias simples – e por isso mesmo tão fortes – peculiares à expressão de Carpinejar, que em muitos momentos emocionou a plateia com seus conselhos sobre o tema da palestra: “Cuide de seus pais antes que seja tarde”, título de uma de suas obras.

Bem no começo da palestra, o Major Juliano Amaral, da Brigada Militar de Farroupilha, entregou um agradecimento a Carpinejar por ele ter se manifestado sobre a morte do brigadiano Fabiano Lunkes, baleado por assaltantes de banco em Porto Xavier. Carpinejar recebeu críticas por isso e as rebateu nas redes sociais.  

Depois disso, o escritor não se limitou ao espaço do palco. Desceu dele e circulou entre as pessoas. Tirou os óculos escuros com os quais apareceu ao contar sobre o irmão, com quem ficou cinco anos sem falar por causa de uma “bobagem”, causando dor aos pais. 

Brincou, falou sério. Provocou risadas, causou emoção. Fez ao vivo o que faz com sua escrita, sobre a qual não pude deixar de perguntar. O que a torna tão certeira? “O fato de errar bastante. Não ter medo de errar é a melhor forma de acertar: não ter medo de ser emotivo, da lágrima que pode vir dentro de um riso ou do riso que pode vir dentro de uma lágrima”, poetizou.
Como sempre, o grupo DNA da Alma proporciona reflexão pelos convidados que traz à cidade. Participar é sempre a garantia de crescimento pessoal. 

Estou só pelo próximo.

 

Frases marcantes de Carpinejar

“Precisamos ter humildade, não querendo ser melhor que o outro, mas sim melhor para o outro”.

“Fui levar meu pai de 80 anos ao pronto-socorro e ao preencher a ficha de entrada, me dei conta que não sabia responder nada sobre ele. Pai e mãe não são só funções, são pessoas morando nessas funções”.

 “Quantas vezes fomos perdoados pelos nossos pais? Basta eles errarem uma única vez para o filho se afastar e não perdoar”.

“Os pais precisam de nós e eles enchem a nossa vida com sinais de socorro a todo momento”.

“Se a gente pensa diferente dos nossos pais é porque eles nos deixaram pensar diferente. Por que não aceitamos que eles sejam diferentes de nós? Que ditadura dos filhos é esta?”

“Nós tratamos nossos pais como hóspedes em nossa casa depois que crescemos. Não reparamos o quanto eles sentem a nossa falta. Não saio da casa de minha mãe sem levar um pote com alguma coisa e ela sempre pede para devolver os potes. Na verdade, ela não quer os potes, ela quer que eu volte. É o eu te amo disfarçado”.

“Passamos a mensagem de não nos incomode para os nossos pais. Não perder tempo é perder pessoas. O importante é justamente perder tempo e ganhar pessoas”.

“A maior façanha para os pais é ter os filhos unidos”.

“Culpa é tudo aquilo que não aconteceu, é a prova do que não se viveu. Saudade é tudo o que aconteceu, tudo que foi vivido”.

“Temos uma fábrica de angústias dentro da gente, que converte o talvez em não, a alegria em dúvida”.

“A gente quer controlar a vida e sofre porque a vida não pode ser controlada. Vida é acaso”.

“A razão separa as famílias. Nunca vi a razão juntar ninguém. O que adianta ter razão se a gente pode ter amor?”

“Feliz dos filhos que se despedem dos pais todos os dias, ao contrário daqueles que só se despedem no caixão”.

“Apenas diga para seus pais: eu estou aqui. Porque a gente não teme a morte, a gente teme a solidão”.