Uma farroupilhense dentro da Maria Fumaça
Dona de uma voz belíssima, a soprano Liziane Rufatto exibe seu talento dentro dos vagões da
atração Maria Fumaça, que nesta época de férias recebe visitantes de todo o país – e de fora dele
Ela corta algumas cidades da serra gaúcha, levando pelos trilhos os turistas interessados em um passeio que carrega belas tradições dos imigrantes, especialmente italianos, que fizeram estas terras prosperarem. Estamos falando da Maria Fumaça com suas atrações artísticas, programa certo para quem visita nosso pedaço do Estado. Dentro dela, uma farroupilhense exibe seu talento e encanta as pessoas com sua voz típica de canto lírico, a soprano Liziane Rufatto.
Nascida em uma família empreendedora, cujo patriarca é o senhor Antônio Rufatto, admirado pela grande maioria da cidade, tenha ou não trabalhado com ele, Liziane é a filha assumidamente influenciada pelo talento do pai, músico também. Os dois juntos, ele ao violão e ela na voz, costumavam se apresentar em eventos na região. “Nasci em um meio musical. Meu pai tocava violão e acompanhava o tenor Pastori e eu os via e ficava no cantinho da casa, cantando junto”, recorda Liziane.
Daí para as aulas de canto, iniciadas em 1998, foi um caminho natural. Assim como foi natural a escolha pelo canto lírico, já que desde criança estudava balé clássico. “Eu tinha um ouvido para a música clássica por causa do balé e de minha mãe. Meu pai completou tudo e me fez descobrir que era este o caminho que eu queria seguir”, conta Lizi, que diz se sentir muito segura em ter o aval do pai em seu trabalho.
A primeira apresentação, em um festival de talentos realizado no segundo grau, marcou uma música em sua vida: “Não chores por mim Argentina”. “Toda vez que canto, me emociono. Na última Festa da Uva fui às lágrimas no palco e isso acontece porque eu amo o que faço, a música me emociona e eu deixo fluir. O público percebe e acaba se emocionando também”, acrescenta a soprano.
O talento de Liziane a levou para dentro dos vagões da Maria Fumaça, onde faz apresentações às terças, quintas, sextas-feiras e nesta temporada de férias também aos finais de semana. “É muito gostoso o trabalho na Maria Fumaça porque o público está muito próximo e é possível sentir a emoção dele. Quando paramos na estação de Garibaldi, as pessoas vêm conversar, tirar fotos e este contato é maravilhoso”, diz.
A moça divide seu tempo entre a música e a Fonoaudiologia, com a qual trabalha há três anos no Caísme, que presta serviço ambulatorial especializado em saúde mental da cidade. “Viver de música sempre foi e ainda é muito complicado. Ainda bem que ouvi meus pais, que me aconselharam a ter outra atividade. Então a Fonoaudiologia veio em função da música. É um trabalho muito gratificante reabilitar uma pessoa. Lidar com o ser humano na área da saúde é um aprendizado enorme”, afirma.
Liziane aprende fora dos palcos e em cima deles, onde faz questão de se apresentar de forma impecável. “É um respeito ao público. Até para ficar em casa estou maquiada. Para me apresentar tenho um cuidado ainda mais especial porque faz parte da minha identidade dentro da música. Meu público faz a ligação entre o que eu canto e o que eu mostro a ele e canto lírico é glamour, é algo mais elitizado, que as pessoas aprendem a gostar quando assistem a uma apresentação ao vivo”, explica.
Foco
O foco da soprano está em ser reconhecida como artista de Farroupilha. Ela faz questão de demonstrar toda a valorização que atribui às raízes que possui. “Farroupilha é a minha origem, a minha terra. Meus pais sempre receberam muito carinho aqui e nós, os filhos, acabamos absorvendo todo este carinho. As pessoas sabem que eu sou filha do seu Antonio e da dona Eneli e isso sempre fez com que eu me sentisse valorizada, como pessoa e como artista”, conta.
Envolvida com a música há mais de 20 anos – Liziane tem 37 – ela sabe que a persistência é característica das pessoas fortes, por isso é apenas uma questão de tempo para ter seus sonhos realizados. Quem já ouviu sua voz pode atestar.
Um talento literalmente agudo somado à simpatia, mérito seu e também herança familiar, vão levar Lizi bem longe de Farroupilha. Mas ela volta, a gente sabe que ela volta… para sorte de todos que a conhecem e apreciam seu trabalho.
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