Para lembrar aqueles que produzem o alimento que está em nossa mesa

Semana da Agricultura é comemorada de 22 a 28 de julho. Trabalhos realizados no campo estão entre as principais atividades econômicas do nosso município

Protagonista da história do homem, o agricultor é primordial no campo ou nas cidades: é ele que produz o alimento que está na mesa de cada um de nós. Chamado de homem do campo, colono, camponês, lavrador, produtor, agricultor, a evolução social e as transformações sofridas por esta categoria são consequências de uma nova situação deste trabalhador fundamental para o desenvolvimento do País.

A agricultura familiar hoje abrange 20 milhões de pessoas que podem alimentar o povo brasileiro sem explorar o consumidor e sem agredir o meio ambiente. Sua origem firma-se na união, na cooperação e na construção da melhoria da qualidade de vida das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros do campo e da cidade.

O Dia do Agricultor – instituído pelo Decreto 48.630, de 27/07/1960 – acontece na mesma data de aniversário do Ministério da Agricultura, Pecuária e  Abastecimento. A Semana da Agricultura é comemorada de 22 a 28 de julho.

Em Farroupilha não é diferente. A agricultura é uma das principais atividades econômicas do município, sendo também uma das principais heranças deixadas pelos primeiros colonizadores italianos, já que o trabalho no campo foi fundamental para a construção e estruturação da nossa cidade.

Tratando com amor o trabalho realizado no campo

Fazer o trabalho com amor. Plantar uma muda e deixar que a natureza se encarregue do resto. Esses são os dois
fatores que mais motivam o agricultor Marcelo Brustolin, de 39 anos. Casado, pai de uma menina, Amanda, de quatro anos de idade, Marcelo é natural de Farroupilha e desde a infância vive na agricultura.

Hoje ele produz uvas da variedade Isabel e Bordô, além de caqui, leite e alguns tipos de verduras. Em época de safra no verão, Marcelo acorda 6h30, trata os porcos e galinhas, ordenha as vacas, e em seguida parte para o trabalho na roça, pegando no batente até anoitecer. Já no inverno, ele pode se dar ao luxo de acordar um pouco mais tarde, mas nem por isso falta-lhe trabalho.

Embora nem sempre o produto vendido valorize o trabalho no campo, o jovem agricultor elogia a safra deste ano. A safra foi boa, dentro do esperado, principalmente em relação ao clima. Para a uva foi excelente. Com outras culturas sofremos um pouco por causa da estiagem.

Quando questionado sobre o que mais lhe marcou na vida de agricultor, Marcelo responde com orgulho. A conquista da aposentadoria do agricultor, que até então não existia. Foi uma luta muito sacrificante.

Sobre um momento negativo, Marcelo lembra a chuva de pedra que acabou com a safra há três anos, e aproveita
para fazer um pedido. O poder público poderia enxergar a agricultura com olhos de infraestrutura, nos oferecendo água, luz e estradas adequadas. Quando uma empresa se instala aqui o município oferece todas estas regalias, enquanto nós precisamos pagar.

 

Espaço cada vez maior para as mulheres

Cada vez mais o espaço para as mulheres na agricultura está crescendo e sendo ampliado, inclusive na hora de trocar opiniões e tomar decisões, algo que antigamente não acontecia. E isso é motivo de muito orgulho para a jovem agricultora Miriam Zucco Nicoletto, de 32 anos.

Casada e mãe de um filho, Miriam foi criada na atividade rural. Praticamente nasci trabalhando na roça, brinca. Ao
lado do marido, ela produz uva das variedades Isabel, Niágra Branca, Rosada e Moscato Embrapa, sendo comercializadas para a empresa Tecnovin e para consumo In Natura. Até ano passado produzíamos morango, mas com a perda do meu sogro não tivemos como continuar. Quem sabe dentro de dois ou três anos possamos
ter uma parreira de kiwi.

Ela conta que sua rotina diária em época de safra, que vai do início de fevereiro até meados de março, começa
às 5h30, quando acorda, trata os porcos e as galinhas, ordenha a vaca e em seguida vai para a roça, onde trabalha até às 18h.

Já no inverno, quando o trabalho de poda das parreiras acontece de julho a início de setembro, Miriam acorda 7h,
mas a rotina de trabalho permanece a mesma. Estou sempre me dividindo entre o trabalho na roça e as atividades
domésticas.

Ela também não esconde o apreço pela profissão. Adoro podar e colher. Não tem algo que eu mais goste no meu trabalho, gosto de tudo que faço. E também não existe algo que eu não gosto. Adoro trabalhar na agricultura, se não gostasse já teria procurado outra profissão.

Questionada sobre algum momento marcante na vida de agricultora, a jovem farroupilhense lembra com orgulho um momento difícil em que a família conseguiu dar a volta por cima. Em 1992 perdemos toda a safra por causa do granizo. Logo após a perda, conseguimos nos reerguer no ano seguinte. Plantamos morango e graças a Deus conseguimos dar a volta por cima. Hoje vejo por este exemplo que não há motivos para sair da agricultura. Sempre existem alternativas.