O fotógrafo da triste cobertura

Cleber Franken, o fotógrafo da edição especial do Jornal O Farroupilha sobre a morte de Oscar Bertholdo, em 1991, conta sua vivência

Retratada de forma ampla pelos meios de comunicação, a morte do padre poeta ganhou destaque e muitas páginas nos jornais. O Jornal O Farroupilha contou com as fotos de Cleber Franken, um jovem de apenas 16 anos, na época, que acompanhou o desfecho do assassinato pelas lentes de sua máquina fotográfica.

Trinta anos depois, conversamos com ele para dividir conosco o que aquela experiência representou em sua vida e também para contar qual o rumo tomado nestas décadas, nas quais ele trabalhou fora do país.

“Aos 15 anos eu não tinha a noção exata da grave repercussão que a infeliz notícia iria trazer para a nossa cidade e região, eu também não conhecia o padre pessoalmente e nem sua história tão bela na comunidade de Farroupilha, mas foi um acontecimento que me marcou muito! Lembro muito bem daquele dia, do local, das pessoas, da casa onde ocorreu o assassinato, da futilidade e do desprezo pela vida que demonstraram os assassinos. Os acusados explicaram tudo como fizeram e com uma calma incrível! Fiquei chocado por ver o que o ser humano é capaz de fazer e lidar com isso com a maior naturalidade”, confessa Franken depois destas três décadas.

As fotos que ele fez para o jornal renderam-lhe convite para outro veículo em Caxias do Sul, o Folha de Hoje, e depois chegou a fazer trabalhos para a Zero Hora e Correio do Povo. “Eu tinha apenas 16 anos e com certeza foi uma das matérias que mais marcou minha pequena carreira de fotógrafo”, revela Franken que hoje, aos 46 anos, trabalha com desenvolvimento de software.

Três anos depois da morte do padre Oscar Bertholdo, Franken foi para os Estados Unidos para um intercâmbio, com o intuito de aprender inglês. Acabou ficando por lá dois anos. Em sua volta ao Brasil foi contratado pela Marcopolo, para trabalhar no setor de exportação. “Uma excelente experiência, na qual aprendi muito e comecei a viajar para o Caribe todos os meses, abrindo novos mercados para venda de nosso produto. Depois disso fui enviado para Dubai, onde fiquei responsável pelo mercado do oriente médio, por sete anos”, conta, consciente das excelentes vivências que experimentou.

Cleber Franken esteve muito perto da brutalidade que pôs fim à vida do estimado padre Oscar Bertholdo. Isso tem o potencial de marcar a lembrança para sempre, como ele mesmo contou.