“Um desastre gigante”, afirma prefeito Feltrin em reunião do Comitê de Crise de Farroupilha

Chefe do Executivo comandou reunião do grupo formado para enfrentamento das chuvas, composto por membros do Poder Público e da Sociedade Civil Organizada

Silvestre Santos
silvestre@ofarroupilha.com.br

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Ao chefiar uma reunião do Comitê de Crise para monitoramento das chuvas, o prefeito Fabiano Feltrin avaliou a situação como muito grave, no município, principalmente pelo rastro de destruição deixado pelas chuvas no interior. “Vai ser preciso investir muito na recuperação da estrutura com destinação de maquinário, manutenção – que vai demandar longo período de tempo e, o principal, avaliação e contenção das encostas para evitar novos deslizamentos e preservar a vida das pessoas”, anunciou Feltrin.

Durante o encontro, na tarde de quinta-feira, 9 de maio, secretários de diversas pastas, forças de segurança pública, empresários, membros do Ministério Público e da Associação Farroupilhense dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos, entre outros, comentaram, cada um, sobre a situação em suas áreas de atuação. A área mais afetada – “sem dúvida” – segundo o secretário Nestor José Zanonato Filho, do Urbanismo e Meio Ambiente, está nos 560 quilômetros de estradas que serpenteiam o interior de Farroupilha.

Zanonato projeta de dois a três meses para que sejam recuperadas as condições de trafegabilidade, reposição de bueiros, reconstrução de pontes e pontilhões, além da retirada da terra que caiu das encostas. “Mesmo assim, depende muito do clima. Mas a nossa priopridade segue sendo viabilizar o deslocamento das pessoas, em condições de segurança”, completou. Das estradas do interior, apenas 10% tem revestimento asfáltico e, mesmo que sejam trechos pequenos, também foram duramente impactados.

Outro secretário, Thiago Galvan, de Gestão e Governo, comentou que a prioridade da administração municipal é a preservação de vidas. “Estamos mobilizados desde o dia 30 (as fortes chuvas iniciaram segunda-feira, 29 de abril) para atender, principalmente, famílias que se encontravam em áreas de risco. Depois de colocar todas estas pessoas em segurança, começamos a atuar no restabelecimento de serviços”, explicou. A secretária de Habitação e Assistência Social, Anita Maioli Pasqual, disse que foram abrigados cerca de 90 indígenas da comunidade Kaingang na Igreja do Avivamento Churchill, e outras 22 – capacidade máxima – no Albergue Municipal.

Ainda de acordo com o secretário Thiago Galvan, o município não tem contabilizado e nem arrisca projeção sobre o montante financeiro que vai ser necessário para recuperar o que foi danificado pelas chuvas. Ele garantiu, entretanto, que “tudo vai ser colocado na ponta do lápis para buscarmos os recursos estaduais e federais necessários para estes serviços”. O levante do dinheiro está viabilizado pelo reconhecimento, pela Defesa Civil Nacional, nesta quarta, dia 8, do Estado de Calamidade Pública decretado pelo prefeito Feltrin no dia 2.

Queda de parreirais
no meio rural

A produção de hortigranjeiros e frutas, entre elas as uvas, é outro setor em que os períodos prolongados, e a intensidade, das chuvas, causaram estragos consideráveis. O secretário da Agricultura, Fernando Silvestrin, comentou que os cerca de 360 mil quilômetros quadrados do meio rural sofreram, e passados 10 dias do início dos temporais, ainda sofrem, com a queda de energia. “A rede caiu em muitos lugares. Na Linha Ely tem pelo menos 10 postes que precisam ser recolocados, só que vai ter que ser em outro lugar já que o barranco caiu”, contou.

Conforme o prefeito e seu vice, Jonas Tomazini, passado o impacto inicial a administração concentra esforços, agora, em avaliar “as reais dimensões” do problema, e já começou a fase de captação de recursos para viabilizar a reconstrução. Feltrin e Tomazini falam no mesmo tom quando pregam a necessidade de união da comunidade e que as pessoas precisam se conscientizar das dificuldades. O vice lembra que “o impacto foi grande” e que “vai demorar para que o quadro volte à normalidade”.

O maior problema, segundo ele, é o acesso aos recursos, especialmente às verbas federais. Embora existentes, há dificuldades impostas pelo regramento e a burocracia. “Além disso, para que possamos voltar ao, pelo menos perto do que era, normal, dependemos de outras regiões em questões como abastecimento, por exemplo, de combustíveis, gás, insumos hospitalares, entre outros itens.

O vice-prefeito revelou que em 10 dias foram, registradas, no município, 402 ocorrências de danos e problemas, até às 14h30min desta quinta. Destes, 115 foram de alagamentos, inundações e deslizamentos. Já a Ouvidoria, segundo o responsável, Maurício Imperatori, recebeu, no mesmo período, mais de 250 demandas, volume correspondente ao que é recebido em três meses, em períodos de normalidade.