Uma história de 38 anos

Em um mundo imediatista, de informações efêmeras, compartilhar memórias que eternizam momentos, fatos e pessoas é um privilégio.
Neste grupo, figura o veículo que guarda a história da cidade como essência de sua própria existência. Pelas páginas do Jornal O Farroupilha dividimos a vida com você desde 1981.
Boas recordações sempre têm espaço conosco. “Sinta a nossa cidade” ontem, hoje e sempre.

Sexta-feira, dia 23 de setembro de 2023. No Acampamento Farroupilha, no Largo Carlos Fetter, o empresário e diretor da TV Cidade, Glacir Gomes, e o ex-prefeito e ex-deputado Wilson Cignachi andam entre a multidão.
Para os mais jovens e contemporâneos, Glacir é a pessoa conhecida e abordada pelos cidadãos, alguns mais alegres que o normal, após o efeito de algumas caipirinhas de limão e algo mais. Mas, para os mais “ experientes”, Wilson Cignachi continua sendo a grande referência. Alíás, para quem que acompanha a história, os fortes vínculos de Farroupilha com o meio tradicionalista têm origem nos anos 80. Foi neste período que o então prefeito Wilson Cignachi trouxe para o município, o Fegart, Festival Gaúcho de Arte e Tradição. Em Farroupilha, “ gaúchas e gaúchos de todas as querências” eram centralizados para participar das finais do evento, que era realizado no Parque Cinquentenário. Naquele mesmo período,o impulsionado pela crescente expansão da indústria de Farroupilha, em especial do setor de calçado, mão de obra de diferentes cidades da fronteira e do norte do RS, com forte tradição gaúcha, veio morar em Farroupilha.

Pedro

O próprio Pedro Pedrozo, vice-prefeito eleito com Claiton Gonçalves e que se tornou prefeito após o impeachment, tem sua mudança para Farroupilha ligada a Cignachi e ao Fegart. Professor de danças em Santa Maria, foi ganhador de edições do Fegart com invernadas visitantes. O CTG Ronda Charru,a liderado por Noivar Pessin, não perdeu tempo. De olho no talento do jovem coreógrafo, fez proposta e trouxe o professor para Farroupilha. Não demorou e o Ronda Charrua sagrou-se campeão em 1991, na categoria mais desejada pelos CTGS, a Invernada Artística. O PMDB ( MDB) viu ali também um potencial puxador de votos nas eleições municipais para vereador. Depois a história seguiu, Pedrozo fez carreira no PMDB até que bateu de frente com alguns líderes, saiu da sigla, filiou-se ao PSB, partido pelo qual foi candidato a prefeito em 2008, vice de Claiton Gonçalves em 2012, depois assumindo a prefeitura. Agora é um dos pré-candidatos a prefeito em 2024.

Voltando a Cignachi e Glacir

Glacir Gomes ( TV Cidade) e Wilson Cignachi se conhecem há 38 anos. Em 1985, Farroupilha vivia o auge da expansão do setor calçadista. Grendene, Cosipla, Tremanito, Sabry, Siprana, Bortolossi entre dezenas de outras funcionando a pleno vapor e com centenas de funcionários. Cada uma com potencial de vendas para o Brasil inteiro, numa época que a compensação bancária de um cheque em algumas praças demorava de sete a 15 dias. A falta de crédito para bancar as operações e a capacidade de cobrar lojistas em praças do Brasil inteiro fizeram com que Cignachi e lideranças empresariais ligadas ao COMDES ( Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico Social) fossem em busca de novos bancos dispostos a se instalar em Farroupilha. Com esta iniciativa, Bradesco, Itaú e Bamerindus ( depois HSBC mais tarde adquirido pelo Bradesco) instalaram agências no município. O jovem Glacir Gomes, talentoso e destacado cumpridor das metas estabelecidas pelo Bradesco de Amador Aguiar, foi o responsável por abrir e inaugurar a agência Bradesco em 1985, de acordo com este registro da foto que tem 38 anos. Glacir e Wilson usavam vistosas cabeleiras, marca que apenas Cignachi, quase quatro décadas depois, ainda cultiva.

As candidaturas

Conhecido por fomentar as articulações que geram ou desarticulam candidaturas com forte potencial, Glacir desconversou sobre a possibilidade de Cignachi voltar ao cenário, sendo uma eventual opção para 2024. A aposta de Glacir, neste momento, segue sendo unir Bolivar Pasqual e Glória Menegotto para concorrerem juntos em 2024, eles que foram adversários em 2000, eleição em que Pasqual venceu, tendo Wilson Cignachi de vice.

Sempre Pasqual

Falar em Pasqual e seu potencial eleitoral sempre gera expectativas, seja entre quem está na situação ou na oposição. O ex-prefeito segue sendo um nome de forte apelo junto ao eleitor, que vê nele uma pessoa próxima e acessível e por isso, capaz de alterar qualquer cenário, caso esteja apto e disposto a concorrer.

E a atual situação/oposição ?

No atual cenário desenha-se a possibilidade do atual governo concorrer à reeleição com a chapa Feltrin e Jonas ou então Feltrin, sempre de olho nas pesquisas, se retirar para a iniciativa privada com seus múltiplos negócios e Jonas ter como vice o médico Thiago Brunet, que vai deixar o PDT na janela partidária de março/abril de 2024. O acordo tem suas origens em 2022 quando, para enfraquecer a reeleição de Fran Somensi, Brunet teve a promessa de Feltrin de não criar empecilhos para sua candidatura a deputado estadual. Ao mesmo tempo, a divisão no PDT entre bolsonaristas – entre os quais Brunet – e lulistas precipitou a aproximação do vereador com o atual governo Feltrin e Jonas, ao qual também já está alinhando o vereador Pastor Davi, eleito pela Rede Sustentabilidade e aguardando a janela partidária para trocar de sigla sem perder o mandato.
Sem Brunet e Pastor Davi, que estão mudando de lado, a oposição trabalha com os nomes de Fran Somensi, Pedro Pedrozo, Roque Severgnini e Thiago Ilha para candidaturas ao Executivo . Há também a possibilidade de Fernando Silvestrin, do PL, ser candidato a prefeito ou voltar a integrar este bloco do qual fez parte quando Claiton Gonçalves foi eleito prefeito.

Eleições municipais daqui a um ano

As eleições municipais de 2024 ocorrerão num domingo, dia 06 de outubro. Falta pouco mais de um ano. Como diz o ditado, “ muita água ainda vai rolar debaixo da ponte”. E é possível que, a exemplo da ponte Farroupilha/Nova Roma, algumas pontes sejam levadas pela força das águas devastadoras da traição ou do abandono de candidatos no meio do caminho. Até mesmo entre aqueles que se dizem fiéis padrinhos, apoiadores e parceiros. A história já mostrou que na fogueira das vaidades, para preservar o próprio nome, muitos(as) líderes não pensam em abandonar pelo caminho apoiadores ou aliados de outrora. Sempre vai haver uma boa desculpa ( narrativa) para justificar ao eleitor. Isto enquanto ele continuar acreditando no “conto de fadas” que ele mesmo banca com os impostos que paga.