O adeus de Paulo Bellini
Mundialmente conhecido e reconhecido por ter liderado a Marcopolo no período em que ela se tornou uma gigante na fabricação

Mundialmente conhecido e reconhecido por ter liderado a Marcopolo no período em que ela se tornou uma gigante na fabricação de carrocerias de ônibus, o empresário Paulo Bellini deixou grandes amigos em Farroupilha, cidade com a qual conviveu e pode demonstrar seu jeito simples e humanitário. Entre os amigos, Adelino Colombo, Antonio Ruffato e Ivori Maggioni fizeram questão de ressaltar as qualidades do líder que faleceu aos 90 anos nesta quinta-feira, dia 15 de junho.
Adelino Colombo conviveu com Bellini desde que se conheceram nas reuniões da CIC de Caxias do Sul. Ele iniciou fabricando de forma artesanal um ônibus por mês e agora a empresa tinha capacidade instalada para produzir 80 unidades num único dia, comentou Adelino para destacar o caráter empreendedor e visionário do amigo com o qual compartilhou pescarias, almoços e eventos. Colombo revela que amigos em comum do Brasil inteiro e que receberam a notícia na manhã de quinta-feira, manifestaram sua tristeza. Ele era uma pessoa caridosa, simples, um exemplo para todos nós. Tive o prazer de recebê-lo em minha casa e na chácara muitas vezes, assim como visitá-lo em sua residência, revela Adelino ao lembrar que Bellini era também companheiro de Rotary.
A música para
aproximar as pessoas
Antonio Ruffato é outro amigo que lamenta a perda. Ele era uma pessoa de simplicidade e carisma impressionante. Durante anos era presença assídua nos encontros semanais de uma turma que jogava futebol na Sede Campestre da Sabry. Rufatto valoriza também a contribuição decisiva de Paulo Bellini na implantação do Sindicato das Indústrias de Calçados de Farroupilha quando intermediou as negociações com Jorge Sehbe, que era do Sindicato de Caxias do Sul.
Antonio lembra que foi pelas mãos de Paulo Bellini que as indústrias da região, entre as quais a Sabry, conheceram métodos japoneses de produção industrial. O Just in time, 5S e outras visões foram trazidos por Paulo que compartilhou as experiências com empresários da região. Esta informação é reforçada por Ivori Maggioni, outro grande amigo. Ele ajudava todo mundo que podia, para falar tudo o que fez, precisava falar uns 10 dias. Ele era muito popular, diz Ivori. Era um líder nato, seu diploma era a vida, era um espetáculo de pessoa, um fora de série, enfatiza Ivori Maggioni, que ao lado de Antonio Rufatto, fez dezenas de apresentações musicais para Bellini, seus amigos e grupos empresariais que visitavam a Marcopolo.O violão e a música uniam e aproximavam os clientes e os convidados, ao contrário de assuntos como política e futebol, que muitas vezes geram discussão.
Ivori Maggioni destaca também que Paulo Bellini gostava muito de esportes. Até o início dos anos 90 vinha a Farroupilha jogar futebol. Depois incorporou o gosto pelo tênis e o golfe.
Empresa vencedora
e milhares de empregos
Raul Randon, assim como Adelino Colombo, é outro ícone empresarial que manifestou sua opinião sobre Paulo Bellini. Começamos juntos, éramos amigos, trocávamos ideias. Mas o tempo passa e um dia termina, mas a imensa obra do Paulo vai ficar representada numa empresa vencedora e nos milhares de empregos e famílias que vivem dela. Paulo nunca desanimou. Enfrentava as crises e saia delas mais forte. Sempre teve confiança no Brasil e lutou para promover o desenvolvimento e o progresso para que nossos jovens vissem futuro no País onde nasceram. Foi-se um grande cidadão.
Biografia
de Bellini
Oriundo de uma família de oito irmãos, teve uma infância tranquila, suportado por seu pai, empresário, diretor da Eberle.
Já maior de idade deixou a cidade natal e foi estudar em Porto Alegre, onde se formou contador. Iniciou suas atividades em 1949 como sócio-gerente na fundação de uma fábrica de carrocerias junto com os irmãos Nicola – a Nicola & Cia, que mais tarde seria rebatizada com a marca atual, Marcopolo, nome de um dos modelos que a empresa apresentou no salão do automóvel de 1968. Passou a ocupar, em 1954, o cargo de Diretor Gerente e, em 1971, foi eleito Diretor Presidente – em 1977 passou a acumular este cargo com o de presidente do conselho de administração. Deixou o cargo para Mauro Gilberto Bellini, seu filho, tornando-se presidente emérito. Em 1992 recebeu o titulo de Administrador do Ano, prêmio concedido pela AANERGS (Associação dos Administradores da Região Nordeste do Rio Grande do Sul).
Presidiu diversas entidades de Caxias do Sul, como o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico, o Centro da Indústria Fabril, a Associação Comercial e Industrial e o Conselho Superior da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços.
Em 2004 recebeu a Medalha do Conhecimento do Governo Federal. Foi vencedor do prêmio Top Ser Humano 2009. Em 2012 lançou um livro contando suas memórias, intitulado Marcopolo: Sua viagem começa aqui. Em 21 de agosto de 2013, aos 81 anos, morreu sua esposa Maria Célia Bellini, com quem teve dois filhos: Mauro e James. Paulo faleceu em 15 de junho de 2017.