Presidente da CICS Serra analisa situação das estradas que cortam a Serra Gaúcha

Que a situação das estradas no Rio Grande do Sul é caótica, não é novidade para quase ninguém. Mas especialmente na Serra Gaúcha, região que mais movimenta a economia do Estado, há muito tempo a situação passou de crítica para preocupante. Em entrevista para O Farroupilha, o presidente da CICS Serra, Edson Morello, analisou a situação atual das principais rodovias que cortam a nossa região, além de comentar as recentes obras e investimentos que elas receberam. Para Edson, estas melhorias são alternativas de momento, mas que estão longe de serem as soluções ideais.

Renato Dalzochio Jr.
Especial

Em entrevista recente para um veículo de comunicação, você disse que apoia concessões (leia-se pedágio), tanto nas rodovias estaduais, como federais, desde que sejam responsáveis, com cobranças adequadas. Explique esse seu ponto de vista.
Somos favoráveis as concessões tanto nos poderes federais quanto estaduais, nos moldes que além do preço ser compatível com o trecho, tragam melhorias consideráveis, como duplicação, viadutos, acostamentos, terceiras pistas, e não valores como os que existia entre Farroupilha e Caxias do Sul, onde a rodovia foi entregue duplicada, num trecho muito pequeno, e explorada por um valor absurdo, no meu ponto de vista um verdadeiro roubo ao contribuinte.

Você também disse que governos não conseguem administrar estradas. Por quê?
Já está mais do que provado que os governos não possuem capacidade técnica e financeira para manter as atuais rodovias e muito menos para fazer novos investimentos, que possam trazer segurança, além de condições de absorver o alto fluxo de veículos em nosso Estado e também no Brasil. E os exemplos são claros nas rodovias em outros estados e países desenvolvidos, onde as concessões são a solução para que a frota de veículos de transporte, de cargas e passageiros passam a utilizá-las com segurança e menor custo. No caso do Rio Grande do Sul a situação na minha opinião é caótica, pois temos duas empresas estatais e quase nenhum investimento, apenas tapa buracos, um custo alto e que não resolve.

Na sua opinião, quais são atualmente os principais problemas das rodovias gaúchas e quais são as complicações que a nossa região (Serra Gaúcha) acaba enfrentando por causa da infraestrutura precária?
Segurança, custo para o transporte em função das condições das rodovias, provocando danos aos veículos, e pouquíssimas alternativas de desafogo dos trechos críticos, como RSC 453, ERS-122 e BR 470.

Ainda falando das estradas que cortam a nossa região, faça um breve comentário, com a sua opinião, sobre a situação dos seguintes itens: BR 470, ERS-122, RSC 453 e Trevo da Telasul.
A BR 470, graças a federalização, já recebeu melhorias consideráveis entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa e ainda não está finalizada. Entre Bento Gonçalves e Nova Prata está sendo executado o CREMA SERRA, uma verdadeira novela, mas finalmente a obra está andando e sendo feito um excelente trabalho no piso, e principalmente na drenagem que existia em muitos pontos, mas estava escondida por pedras, entulhos e vegetação. A ERS-122 precisa muito ainda para ser considerada uma estrada, pela importância que tem por sua alta trafegabilidade, escoamento da produção para o Estado e para o restante do país. Faltam terceiras pistas, sinalização adequada, pista irregular e não podemos esquecer da famosa curva da morte, que infelizmente ceifou muitas vidas entre Farroupilha e São Vendelino. A RSC 453, da mesma forma, é extremamente perigosa, com um trânsito intenso, que liga não só Farroupilha, Caxias, Bento, mas toda uma região enorme, que se desloca todos os dias em nossa região serrana. Já deveria estar duplicada há muito tempo. Quanto ao trevo da Telasul, um gargalo absurdo, em que ficou acertado com o DNIT em Brasília e Porto Alegre que de imediato teríamos uma rótula e posteriormente um viaduto, que seria a solução final e ideal. A CICS Serra inclusive entregou ao DAER em Porto Alegre, por doação das entidades, o projeto executivo, quando ainda a rodovia era estadual, já que o órgão não possuía recursos para tanto. Quando federalizada, entregamos juntamente com o deputado Ronaldo Santini o projeto para o DNIT, mas infelizmente ainda não saiu do papel. Imaginamos que seja pelas atuais situações que ocorrem a nível governamental no Brasil. Lamentavelmente o momento político nos pune novamente.

O que o senhor achou da colocação de sinaleiras no trevo do Santa Rita (RSC 453) aqui em Farroupilha? E as melhorias que estão sendo feitas no Trevo da Tramontina?
Quanto a colocação de sinaleiras na RSC 453, penso ser uma alternativa de momento. Claro que semáforos em rodovias não é o ideal, mas por segurança, enquanto não existe condições de solução definitiva, é válido. Quanto ao trevo da Tramontina, irá sim haver uma melhora, mas também não é o ideal. Penso que seja melhor do que estava, mas a solução mesmo deveria vir de alguma outra forma.

Em ano de eleições municipais, quais são suas expectativas (falando especificamente desta questão das estradas) em relação aos candidatos ao executivo das principais cidades da nossa região? Algum deles já procurou a CICS Serra em busca de futuras parcerias?
Não! Se formos procurados, atenderemos a todos indistintamente e ouviremos suas propostas. Somos parceiros da AMESNE (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste), não temos partido e muito menos candidatos. Mas estaremos sempre as ordens para colaborar com aqueles que forem eleitos, pois o sucesso deles também será o nosso. Mas seremos sempre vigilantes, afinal, somos todos nós que pagamos seus salários e os impostos para serem empregados em nossas comunidades, bem como sempre estaremos trabalhando em conjunto para a busca das melhorias tão necessárias para o desenvolvimento e o crescimento da Serra Gaúcha, do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Para finalizar, como está a situação dos nossos aeroportos?
O Aeroporto Salgado Filho está com sua capacidade quase no limite, pois realiza voos internacionais apenas para a Argentina e Portugal. Opera com uma só pista e de forma muito restrita. Enfim, precisamos sim de um novo aeroporto de passageiros e cargas, para um futuro breve. Pensamos também que o governo do Estado deveria apoiar mais as cidades que possuem pequenos aeroportos pavimentados, como Garibaldi, Bento Gonçalves, Nova Prata e Caxias do Sul, com o intuito de alavancar a aviação executiva, contribuindo assim para que os empresários possam se locomover com mais agilidade e segurança a Porto Alegre e Caxias do Sul, e daí para o restante do país, na busca de novos negócios bem como na vinda de executivos para conhecer nossos parques industriais e assim fomentar negócios. E também facilitaria o turismo na região da Serra Gaúcha.