Brincadeiras são o meio de expressão das crianças

O brincar é uma necessidade que fortalece a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Mais que um passatempo, é um processo de inserção do ser na vida

Claudia Iembo
Especial

Criança ativa é criança saudável! Quantas vezes escutamos esta frase ao mencionarmos a energia típica dos pequenos? Ela é verídica, afinal a brincadeira começa no útero materno.

A psicóloga Margarete Andreazza explica que a ausência do brincar infantil é sinal de dificuldades no desenvolvimento, às vezes caracterizando um quadro de bloqueio emocional. É preocupante e deve ser motivo de alerta aos pais para que busquem informações ou uma avaliação com especialista, alerta.

Estudos mostram que é pela brincadeira que acontece a exploração e compreensão do mundo que cerca a criança, permitindo sua expressão. É brincando que a criança demonstra seus sentimentos, ansiedades, desejos e fantasias. O brincar favorece ao desenvolvimento físico e emocional saudável, desenvolvendo a criatividade, a fantasia, a segurança, a empatia (capacidade de colocar-se no lugar do outro) e canalizando sentimentos agressivos, explica Margarete.

Se a criança brinca hoje, terá muito para ser um adulto mais bem resolvido. Caso contrário, os efeitos aparecerão. A criança limitada no seu brincar terá dificuldades em relação à criatividade, à coragem de enfrentar seus medos, de relacionar-se com o meio e consigo mesmo, enfim, poderá desenvolver um quadro patológico, diante de uma situação de crise evolutiva ou até mesmo diante simplesmente de uma frustração, ressalta a profissional.

Como descobriram os estudos do biólogo suíço Jean Piaget, cada faixa etária pede uma brincadeira diferente. Enquanto os menores fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras. Segundo a psicóloga Margarete, os vídeos, atividades e jogos de tablet, Ipod, Ipad, celular ou computador poderão ser incluídos na rotina infantil, desde que supervisionados e orientados e não substitutivos de outras brincadeiras.

A importância dos pais também é ressaltada. Os pais têm papel fundamental como estimuladores precoces dos filhos, pois são as primeiras experiências com a mãe, e, posteriormente, com o pai, que vão determinar o desenvolvimento saudável da criança. Acredito que todos os pais deveriam passar por um processo de autoconhecimento, antes da paternidade, buscando uma autoestima mais elevada, um equilíbrio emocional maior, uma grande dose de paciência e tolerância para não repetir a mesma fórmula de educação de seus pais. E aprender a lidar melhor com o fato de que, enquanto seres humanos, temos nossas limitações, portanto, nossos filhos terão as deles. Podemos e devemos buscar ajuda profissional para superar dificuldades que só depois de ter um filho é que vamos enfrentar, alerta Margarete.