Dançando em Nova York

Que filho um dia vai bater asas, a gente sabe. Se ele conseguir destaque por alguma habilidade, pode ser que este voo aconteça mais cedo do que o esperado. Que o diga os pais de Liana Colombo, a bailarina de 16 anos que amanhã completa sua primeira semana de participação no curso intensivo da American Academy of Ballet (AAB), que está acontecendo na Universidade Purchase College, em Nova York, Estados Unidos.
Liana foi selecionada pelo próprio diretor da AAB em novembro do ano passado, em uma audição realizada em Porto Alegre, na qual participaram 40 meninas de todo o estado. Essa mesma audição foi realizada em vários locais do Brasil, e em países por todo o mundo, como Japão, Itália e EUA. Ano passado foi a primeira vez que foi realizada no Rio Grande do Sul. Fomos avaliadas quanto à técnica, desenvoltura, expressão, entre outros, explicou Liana antes de viajar.
Receber a notícia da conquista da bolsa em decorrência do seu desempenho na audição pegou a bailarina de surpresa, já que, segundo ela, não estava esperando passar. Fiz a aula, dei meu melhor, mas não estava levando a sério a possibilidade de ter uma chance. Quando ele chamou meu nome fiquei paralisada, não tem como explicar a sensação. Receber uma bolsa, saber que meu trabalho foi reconhecido e ter a possibilidade de começar a estrada atrás do meu sonho é algo que pode mudar minha vida, disse.
A farroupilhense estava animada pela oportunidade de ter contato com bailarinos de diversas nacionalidades, além do aperfeiçoamento da língua inglesa. Sei que vou encontrar bons professores, novos amigos, novas experiências! Será minha primeira viagem internacional, então espero crescer como pessoa e bailarina, comentou.

A professora
Quem levou a bailarina para a audição foi a professora Giane Teixeira que, para acompanhar a aluna, decidiu participar de uma reciclagem profissional, inscrevendo-se em um treinamento com professores de várias partes do mundo, a ser realizado também em Nova York.
Aluna e professora terão, em terras estrangeiras, as noites da próxima semana para trocarem informações. Liana volta antes de Giane, que após o curso vai aproveitar para conhecer lugares que ainda não conhece por lá.
É uma verdadeira felicidade estar junto da Liana em um momento como este, absorvendo tudo de mais importante que existe para a técnica clássica e além do ballet, a oportunidade de estarmos inseridas em uma universidade americana, instituições nas quais não temos acesso, acrescenta.
Levando o nome da escola que representa, a Lizete Teixeira, a professora Giane, que também é advogada, enxerga que o ballet de Farroupilha é forte. Levo o coração da escola comigo, mostrando que somos capazes de proporcionar oportunidades aos estudantes que têm disposição e talento para a dança como profissão, enfatiza Giane.

Nova York
A professora Giane já viajou por vários países em função do ballet que tanto ama. Em Nova York esteve diversas vezes, mas há 10 anos está sem ir para lá. A reciclagem na dança despertou uma alegria única para ela. Vou buscar mais lá fora para oferecer mais às minhas alunas. O olhar de um professor é mais de pesquisa, de análise para alcançar a perfeição no movimento, com o foco no crescimento do aluno, diz, empolgada pelo reencontro com alguns professores que já conhece.
Na segunda semana de Nova York a agenda ficará por conta da cultura e claro, da dança. Quero pesquisar algumas aulas de sapateado em Manhattan e também aproveitar para assistir a musicais que nunca vi, entrega.
Giane estará em companhia de algumas amigas bailarinas e também professoras. Uma delas, Carlla Bublitz, da escola de Porto Alegre, a qual considera sua escola de formação, a Vera Bublitz.
Aos 51 anos, Giane Teixeira admite que não consegue ficar longe de sua arte porque é algo que faz parte dela. Em cada aluna sua, um pouco dela mesma.
Professora e aprendiz prestes a dividirem emoções na mais cosmopolita cidade do mundo. Resta-nos aguardar o retorno para compartilharem seu aprendizado e matar nossa sede de espetáculo.