Estratégia para desenvolver a economia
Na liderança da Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Econômico, Trabalho e Renda, Roque Severgnini destaca
os desafios e os projetos em andamento que visam impulsionar o empreendedorismo e o crescimento de Farroupilha
Nesta edição iniciamos uma série de entrevistas com os secretários municipais da gestão 2017-2020 do prefeito Claiton Gonçalves. Começamos pela pasta de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, liderada por Cleonir Roque Severgnini. Filiado ao PSB, ele já atuou à frente da Secretaria Municipal de Obras durante um período, mas nos últimos anos esteve assessorando o deputado federal José Stédile, em Brasília. De volta ao cenário municipal, Severgnini destaca o conhecimento adquirido com essas experiências e fala sobre ações que pretende desenvolver para fomentar a economia local por meio de planejamento, parceria com entidades e empresas e atendimento aos trabalhadores farroupilhenses.
Jornal O Farroupilha – Qual a sua principal característica e por que ela foi determinante para o cargo a qual foi nomeado?
Severgnini – Sou uma pessoa que gosta de fazer as coisas por merecimento. Nunca entendi que a concessão seja o melhor caminho. O justo é galgar postos com seus méritos, com seus esforços, e preservar aquilo que você conquista, sempre pensando que isto te dá uma base boa para poder projetar o seu futuro. Além disso, eu sou muito metódico. Gosto que as coisas aconteçam. Não me identifico com esse negócio de pensar hoje para não acontecer nunca. Se é para ser assim, eu prefiro nem pensar. Se é para pensar, é para executar. Se você colocou uma ideia na sua cabeça, é preciso persegui-la e defendê-la até o fim. Caso não se consiga colocá-la em prática, que não seja por covardia.
JOF – Como avalia a sua passagem pela Secretaria de Obras e de que forma esta experiência pode servir junto à pasta de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda?
Severgnini – Naquela época em que fui secretário de obras eu assumi pela primeira vez um cargo no Executivo, embora já havia sido vereador e ocupado cargo de chefia de gabinete em Brasília. E a Secretaria de Obras é uma secretaria de execução. Na oportunidade, procurei manter todos os serviços que são corriqueiros da área, mas também, junto da minha equipe, pensei em projetos grandes. Dois deles, fundamentais, foram desenvolvidos. Pavimentamos 150 mil metros quadrados dentro do sistema de pavimentação comunitária, na qual os moradores foram os principais incentivadores com uma aparte financeira. Isso foi muito bom, porque tivemos a gratificação de trabalhar junto à comunidade. Fora também as pavimentações que aconteceram dentro do Programa de Asfaltamento Rural (PAR), das ações por meio de emendas parlamentares – eu cito aqui o deputado Stédile, um grande investidor no município de Farroupilha – e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, além de recursos municipais. E o segundo grande programa que realizamos foi a reestruturação do parque de máquinas do município. Foram investidos em torno de R$ 5 milhões na compra de maquinário.
O que diferencia de lá para cá é, obviamente, a experiência adquirida. Neste tempo foram feitos balanços e extraí o que foi positivo. Até porque a Secretaria de Desenvolvimento Econômico não é uma secretaria de execução. Ela é diferente e visa a desburocratização do sistema para as empresas que querem se instalar em Farroupilha, por exemplo. É também uma parceira direta das entidades empresariais, comerciais e de serviço para que se possa, dentro dessa parceria, buscar um entendimento público-privado para o crescimento do município. Além disso, neste ano a secretaria passa a ser responsável também no atendimento ao público na intermediação de mão de obra, com o Balcão do Trabalhador e o próprio SINE.
JOF – E como a sua vivência em Brasília, junto ao gabinete do deputado José Stédile, pode contribuir à Secretaria?
Severgnini – Estive em Brasília por quatro anos e a minha função era exatamente atender os prefeitos, vereadores e lideranças, além de ter uma relação com o Governo Federal, nos ministérios e representar o deputado. Isso nos dá uma visão bem ampla do que é possível buscar em Brasília, tanto que a gente trouxe nesse período de cinco a seis milhões de reais para Farroupilha. Isso dá uma experiência para que se possa ter os caminhos mais facilitados nos contatos e na busca de recursos. Isso tudo possibilita uma visão macro das coisas.
JOF – Já está sintonizado com a equipe de trabalho? Como ela é composta?
Severgnini – A sintonia tem sido a melhor possível. Entre os serviços que oferecemos na Secretaria está a Sala do Empreendedor, que é onde as empresas batem para se instalar, reinstalar ou renovar os alvarás no município. Neste sentido, existe um sistema desburocratizado em todos processos, para que um alvará, por exemplo, que no passado demorava 400 dias para ser emitido agora saia em até 48 horas – ou antes. Sai de forma provisória, mas permite que os itens a serem supridos possam ser efetivados durante o ano. Isso é muito importante, pois hoje não se tem mais aquele volume de terras para se doar às empresas, então temos que agir em uma outra área, que é a desburocratização do sistema para quem deseja se instalar em Farroupilha encontre um ambiente favorável e agradável. Além disso, possuímos um departamento que cuida das políticas e estratégias. Não é só prestação de serviço. Porque quem induz o desenvolvimento de uma cidade é o setor público. A partir do momento que se determina um plano diretor, para gerir o setor industrial ou residencial, o sistema viário ou um loteamento, se direciona para qual lado a cidade vai se desenvolver. Hoje temos regras claras e que servem para todos. Não há a necessidade de uma empresa vir discutir com o secretário ou com o prefeito para que ela possa se instalar. Vale ressaltar que, conforme o prefeito Claiton tem pautado, temos um departamento que também estuda convênios e universidades para se desenvolver um parque tecnológico em Farroupilha.
E, uma novidade dentro da reestruruação das secretarias, é que agregamos o setor de intermediação de mão de obra. Dessa forma a Secretaria trabalha numa área ligada diretamente à indústria, a diversos empresários e setores, inclusive o rural, e também no cadastramento de profissionais e empresas para intermediar mão de obra. Nesse aspecto, em particular, queremos evoluir ainda mais, para que os departamentos de recursos humanos das empresas saibam que possuímos um banco de currículos qualificadíssimo, além de uma sala de recrutamento. Nós temos tudo. Se uma empresa quiser fazer um convênio gratuitamente com a prefeitura, estaremos dispostos a ir visitá-la.
Vale frisar que o Sebrae tem tido o município de Farroupilha, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, no Balcão do Empreendedor, como referência no Estado, que está muito além dos municípios do Brasil, inclusive.
JOF – A sua pasta é uma das que mais tem contato com às principais entidades de classe de Farroupilha (CICS, CDL, Sindilojas, Sindigêneros). Como pretende se relacionar com elas?
Severgnini – É importantíssimo estar sempre aberto ao diálogo. Todas as entidades tem um papel importantíssimo no município, pois envolvem pessoas muito qualificadas que doam um pouco do seu tempo em prol da comunidade. Temos a determinação de ter e manter o diálogo o mais próximo possível e que este diálogo possa ter um ganhador: o município de Farroupilha.
JOF – O Brasil vive uma crise econômica e política e o desemprego é um tema atual. Como lidar com isso?
Severgnini – Não podemos imaginar que o município não tenha problemas em função da economia estar em declínio a nível nacional. Mas Farroupilha diversificou muito a sua matriz de produção. No passado tivemos um segmento muito focado no calçado, aí quando se deu a crise nesta área, a cidade teve um problema sério. Hoje há diversificação na nossa economia (indústria, comércio e serviços), mais até que em outras cidades da região. Tu pega Caxias do Sul que tem um foco forte no setor metal-mecânico e que sofre mais quando se tem alguma crise. No fundo, acredito muito que a economia como um todo vai melhorar. O Brasil é grande e forte. Eu, particularmente, acredito muito no Governo Temer e no Governo Sartori. Se é o melhor presidente ou o melhor governador, aí cada um pode ter a sua opinião. Mas reafirmo que acredito neles. Até porque, caso contrário, eu não viveria com paz no desejo de fazer o município crescer.
JOF – Quais são as suas principais metas como secretário municipal?
Severgnini – O prefeito demandou para cada secretário apresentar planos de metas para curto, médio e longo prazo. Aqui, temos como meta, além de impulsionar o Balcão do Trabalhador e a concretização do pólo tecnológico, continuar atraindo empresas, desburocratizando ainda mais para que os empreendimentos que estejam no município permaneçam. econômico e com as entidades. No plano macro também estudamos a instalação de um novo distrito industrial e vamos perseguir isso.
JOF – Como se planeja executar o projeto de um novo distrito industrial?
Severgnini – Um diagnóstico que estamos fazendo é de todas as áreas públicas que o município tem, porque as áreas centrais já foram todas distribuídas. Isso foi ruim? Não, isso não foi ruim. Talvez os critérios possam ser questionados, mas não é caso. Isso foi uma fase. Agora precisamos partir para uma outra fase, e a possibilidade de se ter um novo distrito industrial é sim muito presente. Se nós vamos conseguir, não poderia afirmar isso ainda. Mas o prefeito Claiton quer e tem como foco a criação de um novo distrito industrial sem dúvida nenhuma. Queremos contribuir com o setor produtivo da cidade. Vou dar um exemplo: a gente tem na VRS-813 e na RSC-453, nas imediações das Máquinas Sazi, a necessidade uma perimetral que possa escoar os caminhões que circulam naquela região. Esta questão está bem avançada. Isso está bem avançado com profissionais que são da área de loteamento, expansão, planejamento e meio ambiente. Fora que também esta via pode servir de um corredor para empresas que não sejam necessariamente indústrias. Pode ser comércio, pode ser prestação de serviços. Se tu pegar as perimetrais norte e sul de Caxias do Sul, quem viu nascer perceberá que antes elas eram desertas e hoje elas estão todas elas margeadas por empresas basicamente de prestação de serviço ou comércio. Sse você for comprar um carro em Caxias do Sul, por exemplo, você não passará pelas perimetrais porque elas estão todas aí, inclusive as mecânicas e algumas transportadoras. É possível a gente pensar nisso, ainda mais que empresas que prestam serviços são as empresas que tem o recolhimento direto do imposto para o município.
JOF – Por fim, como define a sua relação com o prefeito Claiton Gonçalves?
Severgnini – Sempre ouvi do prefeito Claiton desejos de se pensar grande. Ele tem uma visão de futuro, mas sem perder a questão do momento, do que estamos vivendo, e de saber também que no ano que vem estaremos executando algo que foi pensado e planejado. Quando veio para Farroupilha, como médico, ele revolucionou. Tanto que tinha disputa para uma paciente ser atendida por ele. Tive com ele, nos dois primeiros anos como secretário, uma boa relação e a mantive quando saí a convite do Stédile. Em Brasília pude perceber ainda mais que o Claiton, além de ser um cidadão que tem uma empatia grande, possui também uma qualificação muito boa, o que permite que ele dialogue nos ministérios com conhecimento e capacidade. É bom ter um prefeito com condições de se impor de forma educada em relação ao seu município. E, claro, estive à frente da coordenação das suas duas campanhas eleitorais vitoriosas, então eu conheço o Claiton e ele me conhece e esse tipo de relação nos fortalece. E também por isso que tenho a certeza que serão muito bons esses quatro anos que vamos ter pela frente.