“Eu não faço as leis. Eu as estudo e as aplico”

Ele é defensor público há 22 anos e acaba de realizar o sonho de ter uma boa sede para a

Ele é defensor público há 22 anos e acaba de realizar o sonho de ter uma boa sede
para a comarca de Farroupilha. Saiba mais sobre a vida do Dr. Sidney Berger

| Claudia Iembo
| Especial

      Alguns de nós aprendemos que é preciso ter objetivos durante a vida. Traçar metas e trabalhar para alcançá-las. Há conquistas que são rápidas, outras consomem anos. Dezoito anos foi o tempo que levou para um desejo transformar-se em realidade para o defensor público Sidney Berger, o diretor regional da comarca de Farroupilha, que buscava uma sede da instituição no município. Conseguiu! Ela foi inaugurada na última quarta-feira.
     Vamos ter uma melhoria de qualidade funcional muito grande porque saímos de um espaço de 70 metros quadrados e fomos para um de 240, com uma excelente área de espera para os assistidos e para os defensores e servidores realizarem suas funções. Com o apoio do defensor público geral do estado, Dr. Nilton Arnecke, o objetivo se cumpre, complementa.
     Dr. Berger diz que entre os defensores ativos, é o quarto mais antigo no estado. Está na função desde 1994 e aos 64 anos continua atendendo um grande volume de casos, de 50 a 70 por semana.

      Cavalo encilhado
      Natural de Agudo, escolheu o Direito, mas a defensoria pública acabou acontecendo em sua vida. Saí da faculdade, abri um escritório para advogar e comecei a lecionar. Em virtude disso, aconteceu a função gratificada de assistente judiciário na comarca de Faxinal do Soturno, relembra.
      Com a Constituição de 1988, um artigo que previa que aqueles que eram assistentes judiciários passariam a ser automaticamente defensores públicos. Portanto, não optei. A constituição me deu esta oportunidade, conta o defensor público.
      A data em que tudo mudou ele guardou na memória. 30 de dezembro de 1994 fui convocado para assumir o cargo e como defensor não pode advogar, no dia seguinte eu teria que fechar meu escritório. Foi uma revolução de vida em apenas 24 horas.          Lembro-me que meu pai aconselhou-me dizendo que cavalo encilhado não passa duas vezes. Então eu o peguei e não me arrependo, afirma, sem esconder a emoção pela recordação do pai Aldo, já falecido.
     Aquela altura da vida, Dr.Berger estava casado com a professora estadual Marlisa, com quem teve os gêmeos Diego e Juliano, hoje com 36 anos.
     Atuou como defensor público em Agudo por três anos, mas achou melhor sair de lá para preservar as amizades. Eu comecei a viver conflitos insuperáveis em meus relacionamentos porque era meu trabalho defender sujeitos que assaltavam casas de amigos meus, por exemplo. Daí viemos para Farroupilha, em 1998. Ainda mantenho minhas amizades por lá, confessa.

     Profissionalismo
     A própria constituição prevê o direito de defesa às pessoas que não têm condições financeiras. Eu não faço as leis. Eu as estudo e as aplico, por isso nunca tive problema de consciência em defender tecnicamente esta ou aquela pessoa. Aprendi a separar as emoções do meu trabalho, entrega.
     Dr. Berger soma em sua trajetória muitos sucessos porque, segundo ele, é um caminho que não se tem variáveis. Lei é lei e precisa ser cumprida. Casos de execução de pensão, vagas em creches, direito à saúde, entre tantos outros, não há como não ganhar. O que acontece é que pelo volume de processos há uma morosidade na justiça, explica.

     2016
     Este ano será marcante na vida do defensor público. Depois de um grande objetivo alcançado, outro está prestes a acontecer: a aposentadoria. Vou trabalhar mais este ano e depois não sei o que vou fazer. Mas já é hora de parar. É uma carreira top, com ótimo salário, mas defensoria pública é um pronto-socorro jurídico. Você não escolhe o trabalho e lida o tempo todo com os problemas das pessoas, analisa.
      Embora sua organização o permita desfrutar o tempo com os três netos (Davi, Pietro e Cristian) e com as pescarias pelas quais se confessa apaixonado, Dr. Berger vislumbra a mudança de ritmo.
Até lá, ele vai continuar o trabalho que abraçou a vida inteira. Para sorte de quem o procura.