Escola Santa Cruz conquista medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa

O resultado final foi divulgado na sexta-feira, dia 10, onde os professores finalistas de todas as regiões do Brasil estiveram presentes em plateia virtual. Na última edição, realizada em 2019, a escola de Nova Milano já havia ficado no ranking das melhores, conquistando a medalha de prata.
O projeto vencedor concorreu na categoria Memórias Literárias, dentro do tema da Olimpíada deste ano: “O lugar onde eu vivo”. Conforme a professora Joelma, o trabalho teve início com os alunos do sexto ano ainda em março, com aulas de forma remota. Após todo o desenvolvimento, passou pelas comissões julgadoras das etapas municipal, estadual e região sul, para então disputar a final nacional.
Joelma ressalta que, levando em conta o tema proposto, buscou um diferencial na execução da tarefa. “Como a escola fica localizada em Nova Milano, Berço da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul, a cultura italiana já é bastante valorizada e conservada pela comunidade, e o meu propósito era apresentar um foco diferente, destacar como as outras etnias são aceitas e recebidas na localidade”, conta. “Com isso, os estudantes tiveram a oportunidade de conversar com a moradora Ercila Gervasoni dos Santos, 78 anos, que compartilhou suas memórias. Ela, na juventude, se apaixonou por um rapaz negro e precisou enfrentar, naquela época, diversos obstáculos e preconceito”, acrescenta.
Para o desenvolvimento do projeto foram feitas atividades sobre lembranças e memórias dos alunos, instigando o resgate da história de cada um. Ao final, os 19 estudantes da turma 602 fizeram uma produção textual, narrada em primeira pessoa, como se cada um deles estivesse vivenciando as experiências contadas por dona Ercila.
Para o processo de participação na olimpíada, a professora Joelma elaborou e encaminhou um “relato de prática”, com todos os passos desenvolvidos ao longo do projeto e, ao final, precisou anexar o texto de dois estudantes. “Os alunos evoluíram muito na escrita e na reflexão sobre o tema e foi difícil escolher, porque eles apresentaram trabalhos maravilhosos”, conta Joelma.
A professora diz que, mais do que desenvolver as habilidades de leitura e escrita, o seu objetivo foi o de trazer um novo olhar, principalmente para a valorização de todas as culturas e o resultado foi gratificante. “Este trabalho foi o único do Rio Grande do Sul a conquistar o ouro, e teve como foco o amor no combate ao preconceito racial”, ressalta.
Joelma frisou que essa é sem dúvida, uma grande conquista para Farroupilha e o estado. Ela destaca o nível da qualidade educacional que o município vive e salienta o apoio da direção e colegas da escola, além do empenho dos alunos, fundamental para a realização do feito, e de suas famílias. “Conforme finalizei o meu relato de prática: o amor, essa foi a minha âncora e seguirá sendo nosso guia neste turbulento e misterioso mar de memórias, reforço o agradecimento a todos os envolvidos, pois tudo foi construído com muito amor”, finaliza Joelma.
Com o título, a Escola Municipal Santa Cruz figura, mais uma vez, entre os destaques nacionais na área da educação, uma tradição da instituição ao longo dos anos.

Reconhecimento de professores e estudantes

A Olimpíada de Língua Portuguesa é promovida pelo Ministério da Educação. Este ano, em sua sétima edição, instigou professores e estudantes a trabalhar textos de quatro gêneros literários. Alunos do quinto e sexto ano do ensino fundamental, quarta e quinta séries, desenvolveram a poesia; sétimo e oitavo ano, sexta e oitava séries, textos no gênero memória; nono ano do ensino fundamental e primeira série do ensino médio, crônica; e, segunda e terceira séries do ensino médio, trabalharam com artigo de opinião.
O certame reconhece o trabalho dos docentes e alunos de escolas públicas de todo o Brasil. O objetivo é contribuir para a formação de professores, visando à melhoria do ensino da leitura e escrita nas escolas brasileiras. Ao desenvolver os textos, o aluno resgata histórias, aprofunda o conhecimento sobre a realidade e estreita vínculos com a comunidade.

REPORTAGEM ESPECIAL: Adriana Lins