Livro exalta legado da Fenavinho para Bento Gonçalves

Obra dos jornalistas Fabiano Mazzotti e Itacyr Giacomello foi lançada segunda-feira, 16 de junho, dentro da 20ª edição da festa

Uma foto do Parque de Eventos de 1967, até hoje chamado de Parque da Fenavinho por gerações de bento-gonçalvenses, estampa a capa de “Fenavinho – mais do que uma festa”, livro lançado segunda-feira, dia 16 de junho, na 20ª edição do evento. A imagem escolhida pelos autores da obra, os jornalistas Fabiano Mazzotti e Itacyr Giacomello, é simbólica.

Primeiro, porque representa o esforço de uma comunidade em erguer um pavilhão em tempo recorde para a primeira edição da Fenavinho, 58 anos atrás, numa área que até então era considerada rural, do município. Segundo, porque estabelece um comparativo não apenas com o atual Parque de Eventos, mas com a própria cidade.

A foto, portanto, ajuda a dimensionar o impacto da Fenavinho para Bento Gonçalves e, assim, entender o porquê de ela ser considerada mais do que uma festa. “Queremos que as pessoas compreendam que a grandeza do que se observa hoje está sustentada nos pilares do passado. Que a edição (da Fenavinho) deste ano, vai projetar a grandeza da do próximo ano”, disse Mazzotti, durante o lançamento do livro.

Mas a Fenavinho nasceu grande. Em 1967, ao mesmo tempo, ela uniu uma comunidade inteira – moradores do interior se voluntariavam para ajudar a dar forma ao parque –, projetou nacionalmente o país – principalmente com o icônico vinho encanado, atraindo a imprensa nacional –, trouxe o primeiro presidente da República a Bento – o general Humberto de Alencar Castelo Branco.

E acelerou a construção da São Vendelino, atual BR-470 – fruto da visita do presidente – e inaugurou a era das feiras, estabelecendo um novo período de desenvolvimento para a cidade, dando vitrine também a segmentos como o moveleiro. “Bento Gonçalves despontou com a Fenavinho para uma forma especial de desenvolvimento”, disse Giacomello, coordenador geral da comissão de imprensa da primeira Fenavinho.

A história da Fenavinho começa a ser contada muito antes de sua primeira edição. Os movimentos que culminaram com a realização da festa, idealizada no Colégio Aparecida em 1965 e depois levada à prefeitura por conta do tamanho que estava ganhando, começam em 1931. As pesquisas empreendidas pelos jornalistas captam momentos importantes como a Demonstração Prática de Viti-cultura, de 1934, ou o Dia da Vindima, de 1960.

Ambos os movimentos destacam a produção de uva e vinho do Município. Essas investigações chegaram aos indícios que apontam para a criação do vinho encanado. A atração que atraiu olhares de todo o Brasil a Bento Gonçalves foi inspirada num almoço oferecido pela vinícola Dreher em virtude de seus 50 anos, no qual mangueiras presas ao teto desciam para as mesas dos convivas, que podiam se servir à vontade nas mesas.

  • Muitas histórias assim estão espalhadas pelas 368 páginas da obra, que traz uma narrativa linear das 19 festas realizadas entre 1967 e 2024. Elas mostram desde como a Fenavinho influenciou para a criação dos símbolos oficiais do Município ou para a construção da emblemática pipa-pórtico, ainda em madeira, em 1975.

Também resgatam atrativos como o Oráculo de Baco, uma pipa instalada em frente ao Parque de Eventos, onde os visitantes trocavam os ingressos por uma pequena garrafa de vinho na primeira edição – e que aparece à esquerda na foto de capa do livro. Ou do boneco que deu as formas para o surgimento do Tasta Vin, em 1991, o mascote da Fenavinho, cujo nome foi escolhido por meio de um concurso envolvendo as escolas do município.

  • “Fenavinho – mais do que uma festa” apresenta um acervo fotográfico com mais de 500 imagens, algumas delas poucas vezes vistas, apresentado cada Fenavinho com suas particularidades e, ao mesmo tempo, aproximando as antigas festas das gerações que não conheceram as Fenavinho de outros tempos.

“A Fenavinho não deve jamais ser avaliada. Ela deve ser considerada no tempo no qual foi executada, porque há diferentes aspectos que influenciam em sua realização”, comentou Mazzotti. A obra também apresenta diversos QRcodes que levam para áudios e vídeos, oferecendo acessibilidade de conteúdo a deficientes visuais ou pessoas com baixa visão.

Entusiastas da memória da cidade, os autores que acabaram de lançar o livro sobre a festa já pensam numa edição revisada e ampliada da publicação. Assim que a divulgação do livro foi crescendo, novas contribuições foram chegando aos autores. “O primeiro vinho precisa ser elaborado para que ele possa ser melhorado. O primeiro livro precisa ser organizado para que depois ele possa ser melhorado em conjunto com a comunidade”, disse Mazzotti.

A obra, financiada pela Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal (Lei Rouanet) pode ser encontrada nas livrarias APP, Aquarela, Paparazzi e Dom Quixote, em Bento Gonçalves, ao preço de R$ 130,00. Ao todo, 2 mil exemplares foram confeccionados, e 800 deles serão doados para escolas, bibliotecas e outras instituições.

Serviço

  • O quê: Livro “Fenavinho – Mais do que uma festa”, dos jornalistas Fabiano Mazzotti e Itacyr Giacomello
  • Onde encontrar: nas livrarias APP, Aquarela, Paparazzi e Dom Quixote, em Bento Gonçalves,
  • Quanto: R$ 130,00