Mudas que criam raízes

Na Viveiros Beto, de Beto Maioli, nasceu a amizade entre ele e Pedro Gulden, o braço direito que há 32 anos foi procurar trabalho para uma temporada de safra e está lá até hoje, atestando que, de fato, as mudas crescem, criam raízes e dão frutos

A vida tem boas histórias a serem contadas. Que o digam pessoas como Pedro Gulden, o braço direito do Viveiros Beto, do conhecido Beto Maioli: aos 21 anos ele foi bater no comércio de mudas procurando um trabalho que durasse a temporada de safra, nunca mais foi embora.
“Apareceu da Linha Ely, com uma sacolinha de roupas embaixo do braço. Veio para três meses de trabalho e os três meses viraram 32 anos! O Pedro é alguém da família”, conta orgulhoso o dono do negócio. “Um foi gostando do outro, eu fui me apaixonando pelo trabalho e fiquei. Não somos mais patrão e empregado”, complementa Pedro, hoje especialista em enxertia de mudas e responsável pelo carregamento dos caminhões.

Da esquerda para direita: Henrique (neto de Beto Maioli), Zatir (filho), Beto Maioli e Pedro Gulden. Todos juntos no trabalho e na amizade


Esta relação próxima nasceu em um comércio que existe há mais de meio século e alcançou o patamar de ser um viveiro modelo, com vendas anuais de mais de 500 mil mudas frutíferas, nativas e ornamentais para todo o Brasil. Um negócio no qual estão duas gerações depois de Maioli, já que o filho Zatir e o neto Henrique estão na empresa também. “Agradeço a Deus por me dar uma das mais sagradas e bonitas profissões deste mundo, a de cuidar da natureza. Minha alegria é que o nome Viveiros Beto encontra continuação na vida deles”, afirma, mencionando não apenas os membros de sangue da família, mas Pedro e o filho dele Felipe, que também já trabalha por lá.
Na Viveiros Beto, Pedro encontrou muito mais que profissão, pois foi lá que conheceu sua esposa e fez sua família, com três enteados e mais três filhos, que se reúnem com a família de Maioli aos fins de semana para um churrasco. “O Pedro é pau pra toda obra e o filho Felipe puxou ao pai porque tem casais que vêm aqui e querem ser atendidos pelo Felipe. Nós ficamos bastante tempo juntos e quando vou à casa deles, posso sentir a harmonia no coração. Todos são como se fossem da família”, enfatiza Maioli.
Tanto reconhecimento por um funcionário nasce da admiração certamente por constatar o amor empregado na função, algo que fica claro nas palavras de Pedro. “Amo o que eu faço. Não sei fazer outra coisa! Trabalhar com a natureza, viver sempre com o verde, que não pode parar nunca, é bom demais! Muito gratificante! ”, diz o homem que conversa com as plantas e aprecia especialmente as mudas de pêssego, ameixa, pera, caqui e maçã.
Beto Maioli expressa suas opiniões com ternura e por isso vai fazendo dos clientes e funcionários, amigos. Cercado de natureza, gosta de fazer música nas horas de lazer e entrega que está com tudo pronto para gravar seu segundo CD. Foi vereador por quatro vezes e outras quatro vezes ficou como suplente. Atualmente é primeiro suplente pelo Partido Progressista. Pai de cinco filhos e avô de cinco netos, esbanja alegria. “Deus não gosta de pessoas tristes, por isso nunca transmito negatividade”, acrescenta.
Do verde, pessoas como ele e Pedro tiram o que precisam para viver. Não é à toa que a cor representa um fundamental sentimento, a esperança. Para estes homens, as boas histórias – como a amizade – são escritas com tinta verde.

REPORTAGEM: Claudia Iembo