Ofício transmitido de pai para filhos
A Alarno Funilaria, localizada no bairro Santo Antônio, foi criada em 1976 por um homem que ensinou o ofício aos filhos. João Carlos Schmitz seguiu a profissão do pai e a ensinou aos filhos, hoje sócios do negócio que foi do avô

“Em um piscar de olhos a vida passou”. A frase é de uma pessoa ainda jovem, 61 anos, ao recordar os tempos de menino, quando os pais, senhor Canício e dona Marta, vindos de São Sebastião do Caí, o faziam usar o corte de cabelo que deixava um “topete na frente, entregando que era alemão”, diz sorrindo João Carlos Schmitz, da Alarno Funilaria.
Ele conta que naquele tempo foi difícil se sentir inserido na comunidade de Farroupilha, para onde veio com o pai em 1967 para sondar o mercado onde o pai pudesse desenvolver suas habilidades de funileiro, ofício que atravessa gerações na família Schmitz. “Eu me sentia diferente sendo alemão no meio dos italianos, ainda mais com aquele corte de cabelo, mas como a gente era muito inteligente, tirava notas boas no colégio, a gurizada até que respeitava. Naquele tempo não gostava de ser chamado de alemão, hoje, não ligo”, diz.
Ele e os irmãos aprenderam a lidar com chapas metálicas com o pai, quem abriu a Alarno Funilaria, em 1976. Assim como seu Schmitz cresceu vendo o pai trabalhar, seus filhos também o fizeram e hoje, Bruno, 35 anos, e Carlos, 30, são sócios do pai na empresa que o avô fundou. Ainda fazem parte do time: Silvia, esposa do seu Schmitz, e a caçula Raíssa, 22 anos, estudante de veterinária.
O funileiro ainda é avô do Bernardo, da Heloísa e da Helena.

O negócio
A Alarno, desde 1996 localizada à Rua José Fitarelli, 183, no bairro Santo Antônio, é especializada em produzir calhas, exaustores eólicos, coifas industriais e tubulações em geral, com grandes empresas de Farroupilha e cidades vizinhas como clientes há muitos anos.
“O pai era muito bom no que fazia e nós estamos dando continuidade. Ele ensinou muita coisa e falava a língua alemã com fluência, eu só entendo, mas sei cantar umas músicas”, brinca.
Meio tímido, seu Schmitz vai ficando mais à vontade quando fala do orgulho que sente pelo fato de a família estar no negócio que o pai dele iniciou com tanta habilidade – exaltada em suas palavras. “É um orgulho para nós! A mãe também sente isso, em ver que estamos cuidando daquilo que o pai começou”, diz referindo-se à dona Marta, assinante do nosso jornal há anos.
Ofícios que atravessam gerações, como acontece dentro da família Schmitz, são um testemunho de resiliência, da força de uma herança deixada pelas habilidades transmitidas, de pai para filhos.
REPORTAGEM:
CLAUDIA IEMBO
claudia@ofarroupilha.com.br